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Sidrolandia

Suspensão das exportações de frango, levaria a férias coletivas na Seara e seria desastre econômico para Sidrolândia

No caso da unidade de Sidrolândia, a China compra 45,48% da sua produção, enquanto a União Europeia, responde por 2,92%.

Flávio Paes/Região News

20 de Março de 2017 - 13:43

Caso venha se confirmar a decisão da União Europeia e da China, de suspender as importações da carne bovina e do frango produzido no Brasil, desdobramento da Operação Carne Fraca, significaria um desastre econômico e social para Sidrolândia.

A unidade local da Seara é a principal empregadora privada, com mais de 2 mil empregos diretos e uma cadeia produtiva ampla, envolvendo 150 produtores, além de prestadores de serviço agregados, especialmente na hora do transporte, o trabalho com a pega de frango. O setor agrícola, que fornece boa parte do milho usado como ração do frango, também seria fortemente impactado.

“Prefiro não antever o que aconteceria. Num primeiro momento, caso de fato as exportações sejam suspensas, provavelmente a empresa daria férias coletivas, mas se a situação se prolongar, o passo seguinte seria o fechamento, que espero, não cheguemos a tanto”, avalia o presidente do Sindicato dos trabalhadores do setor, Sérgio Bolzan. “Certamente o governo brasileiro vai agir para evitar que o pior aconteça” comenta.

Ele lembra que mesmo se não houver nenhuma suspeita sobre a qualidade do frango produzido aqui, o desgaste da marca JBS/Seara acabaria comprometendo o desempenho da unidade que integralmente é voltado às exportações.

“Em todo o País o setor emprega 1,5 milhão pessoas. Absorver uma mão de obra de baixa escolaridade, que dificilmente teria espaço em outro segmento do mercado de trabalho” finaliza.

Pelas informações divulgadas pela imprensa na manhã desta segunda-feira, a União Europeia, China e a Coreia do Sul teriam resolvido suspender as importações de carne do Brasil de todas as empresas apontadas como suspeitas de vender produtos impróprios para o consumo, recorrendo a fraudes.

No caso da unidade de Sidrolândia, a China compra 45,48% da sua produção, enquanto a União Europeia, responde por 2,92%. Só nos meses de janeiro e fevereiro, foram exportados para China 7,2 milhões de dólares, um incremento de 38,84 sobre o período do ano passado, quando foram negociados 3,3 milhões de dólares.

Reações

As reações internacionais ao escândalo da carne brasileira começaram a semana de forma mais intensa. A Coreia do Sul anunciou nesta segunda-feira que vai banir temporariamente as vendas de produtos da BRF e intensificar a fiscalização de carne de frango importada do Brasil.

Já a Comissão Europeia afirmou que pediu a seus países-membros que aumentem os controles sobre a carne vinda do Brasil e que vai se manter extra vigilante em relação aos processos de checagem dos produtos animais do Brasil. O porta-voz para saúde e segurança alimentar, Enrico Brivio, afirmou que a comissão pediu explicações e ações das autoridades brasileiras desde sexta-feira e que pode suspender empresas que estiverem envolvidas na fraude.

A China pode ir pelo mesmo caminho. Não há confirmação oficial, nem da parte brasileira, nem chinesa, mas sites especializados afirmam que o escritório de administração de qualidade, supervisão, inspeção e quarentena, responsável pelo controle sanitário no país, o AQSIQ na sigla em inglês, recomendou aos importadores que mantivessem qualquer produto que não tivesse sido inspecionado em depósitos até segunda ordem.

“A Comissão vai assegurar que quaisquer dos estabelecimentos implicados na fraude fiquem suspensos das exportações para a União Europeia”, disse um porta-voz, durante coletiva regular à imprensa, acrescentando, no entanto, que o escândalo da carne não teria impacto nas negociações em curso no momento para um acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.