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Sidrolandia

Exportadores de carnes perdem US$ 136 milhões após operação da PF, dizem associações

Valor inclui prejuízos para setores carnes bovinas, suínas e frangos. China, Chile e Egito disseram que vão reabrir os mercados, exceto para os frigoríficos investigados.

G1

26 de Março de 2017 - 18:46

As indústrias exportadoras de carne bovina, carne suína e frango perderam US$ 136 milhões após as investigações da Operação da Carne Fraca, segundo associações do setor. As revelações levaram ao fechamento de diversos mercados que compravam produtos brasileiros no exterior, segundo as associações do setor. A operação investiga um esquema de fraude na produção e comercialização de carne no Brasil.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), o valor das mercadorias impedidas de embarcar no Porto de Santos, em carne bovina, totaliza US$ 96 milhões. Já no setor de carne suína e frango, as perdas chegaram a US$ 40 milhões, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

"Os equívocos na divulgação da Operação Carne Fraca (da Polícia Federal) causaram impactos globais. Já temos 25 mercados com algum tipo de bloqueio, parcial ou total. Estamos, juntamente com o governo brasileiro em um esforço para apresentar os devidos esclarecimentos aos vários mercados que são nossos importadores, buscando restabelecer a situação das exportações", disse em nota o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra.

Neste sábado (25), China, Chile e Egito disseram que vão reabrir os mercados para as carnes do Brasil, exceto para os 21 frigoríficos investigados pela Operação Carne Fraca. Anteriormente, os países tinham anunciado a suspensão para todas as empresas brasileiras.

A União Europeia manteve a restrição para a carne brasileira dos estabelecimentos citados na Operação Carne Fraca. A União Europeia tem um peso importante nas exportações de carnes do Brasil. O valor importado pelo bloco em 2016 foi de US$ 1,75 bilhão.

O governo chinês anunciou que vai abrir o mercado para a carne exportada pelo Brasil com exceção dos 21 frigoríficos investigados. Também afirmou que proibiu a entrada de cargas liberadas por sete fiscais que estão sob investigação e que os produtos dos frigoríficos investigados que estiverem na China terão que retornar.

O presidente Michel Temer também agradeceu ao governo chinês em nota e afirmou estar confiante de que outros países seguirão o exemplo e voltarão a importar a carne brasileira.

O texto diz que a decisão de reabrir o mercado ao Brasil reconhece a "confiabilidade de nosso sistema de defesa agropecuária". "O posicionamento chinês é a confirmação de todo trabalho de esclarecimento levado a termo pelo governo brasileiro nestes últimos dias em todos os continentes", afirma a nota de Temer.

O Chile também retirou o veto para importações de carnes brasileiras, mas manteve a suspensão para frigoríficos investigados pela Operação Carne Fraca. A medida foi adotada após a viagem ao Brasil de inspetores do serviço agrícola de pecuária chileno para verificar a condição sanitária dos principais frigoríficos que exportam carnes para o Chile. Em 2016, o Chile importou US$ 441 milhões em carnes do Brasil.

O Egito também afirmou que vai retomar as importações de carnes brasileiras de estabelecimentos autorizados. As remessas estarão sujeitas a checagens no país de origem e também na chegada ao Egito. O país importou, em 2016, US$ 683 milhões em carnes do Brasil.

União Europeia

Na sexta-feira (24), a Comissão Europeia disse que a carne brasileira dos estabelecimentos citados na Operação Carne Fraca que está a caminho dos países da União Europeia será rejeitada e terá de retornar ao Brasil.

A Comissão Europeia informou também que enviará representantes para participar de reuniões e visitar unidades produtivas e avaliar se medidas restritivas serão necessárias. A organização ainda informou que fará auditorias no Brasil “assim que possível e não depois do meio de maio”.

O comissário europeu para saúde e segurança alimentar, Vytenis Andriukaitis, estará no Brasil entre segunda (27) e quarta-feira (29). Ele terá reuniões com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, com ministro da Saúde, Ricardo Barros, e com o presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa.

Restrições

Ao menos 22 países e a União Europeia anunciariam algum tipo de restrição à carne brasileira desde que a Polícia Federal realizou a operação Carne Fraca. Entre os países que anunciaram restrições, os que possuem maior peso nas exportações de carnes do Brasil são China, União Europeia e Hong Kong, considerando o valor total que cada um comprou em produtos brasileiros em 2016.

Alguns países suspenderam temporariamente a entrada da carne brasileira. Hong Kong, além de suspender a compra, ainda exigiu a retirada do produto do mercado local. Outros como Japão e África do Sul suspenderam apenas parcialmente as importações.

Carne Fraca

Considerada a maior operação da Polícia Federal, quando se fala em números, a Carne Fraca soma 309 mandados, sendo 37 de prisão. Do total, 36 suspeitos foram presos e apenas um continua foragido. Veja quem são todos os alvos.

A PF aponta um esquema de fraude na produção e comercialização de carne. Além de corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e produtores, a investigação encontrou indícios de adulteração de produtos e venda de carne vencida e estragada. Das 21 fábricas investigadas, 18 ficam no Paraná.

Há ainda a suspeita de que partidos políticos tenham sido beneficiados com o pagamento de propina.