Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Terça, 23 de Abril de 2024

Política

Sob pressão de aliados, Temer cancela agenda oficial desta quinta

Segundo jornal, dono da JBS gravou Temer dando aval para comprar silêncio de Cunha. Presidente decidiu cancelar 17 compromissos oficiais e se reuniu com núcleo político do governo.

G1

18 de Maio de 2017 - 09:12

O presidente Michel Temer decidiu cancelar todos os compromissos que constavam na agenda oficial nesta quinta-feira (18). Depois, ele recebeu ministros do núcleo político em seu gabinete no Palácio do Planalto.

A decisão de cancelar os compromissos foi tomada um dia após o colunista do jornal "O Globo" Lauro Jardim informar que os donos do frigorífico JBS, Joesley e Wesley Batista, disseram em delação à Procuradoria-Geral da República (PGR) que gravaram o presidente dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Ao chegar ao Palácio do Planalto, por volta das 8h05, o presidente tinha 18 encontros previstos na agenda. Os encontros estavam marcados para ocorrer a cada meia hora, sem intervalos nem para almoço.

Temer chegou a receber o senador Sérgio Petecão (PSD-AC). A reunião era o primeiro dos 18 compromissos e já estava prevista na quarta, antes de as primeiras informações envolvendo Temer terem sido divulgadas.

Logo após a reunião com o parlamentar, porém, os outros 17 compromissos que constavam na agenda foram cancelados.

Entre os compromissos, estavam encontros com deputados federais, estaduais, senadores, presidentes de partidos. No site do Planalto, a agenda foi substituída para “despachos internos”.

Entenda o caso

A delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do frigorífico JBS, levantou suspeitas sobre políticos e um procurador da República.

Nesta quarta, "O Globo" informou que o dono da JBS gravou Temer dando aval para comprar o silêncio de Eduardo Cunha. O presidente disse que se reuniu com o empresário Joesley Batista, mas "jamais" tentou evitar a delação de Cunha.

Os depoimentos desencadearam decisões no STF e operações da Polícia Federal.

Articuladores políticos do Planalto foram avisados que vários grupos da base aliada querem a renúncia de Temer. Presidente já afirmou a ministros que não tem disposição em renunciar e avalia fazer um pronunciamento nesta quinta.

Pronunciamento

Depois de cancelar os encontros, o presidente se reuniu com os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).

Na reunião com o núcleo político do governo, Temer discutiu sobre a possibilidade de fazer algum pronunciamento oficial, como informou a colunista do G1 Andréia Sadi.

O Salão Leste do Palácio, local onde normalmente são realizadas as entrevistas à imprensa, está preparado desde a noite de quarta.

A segurança do Planalto também foi reforçada. Na parte externa, grades foram colocadas cercando o prédio para evitar a ação de manifestantes.

Na parte interna, seguranças e integrantes do Batalhão da Guarda Presidencial, do Exército, também circulam pelo prédio a fim de limitar a circulação dos jornalistas.

O primeiro pronunciamento de Temer sobre o caso foi dado por meio de nota divulgada na noite desta quarta pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência.

No texto, a assessoria do Planalto afirmou que Temer "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar".

Pressão de aliados

A reunião do presidente com o núcleo político do Planalto ocorre em meio à pressão de vários grupos aliados do governo.

De acordo com o colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti, articuladores políticos do governo foram avisados no fim da noite desta quarta que vários grupos de parlamentares que integram o núcleo duro da base aliada querem a renúncia de Temer.

Em uma reunião com conselheiros políticos, na noite desta quarta, o presidente já disse que não tem disposição em renunciar.

Segundo o colunista, o Planalto foi avisado que, se Temer não der sinalização rápida de solução para a crise política, através da renúncia, haverá forte movimento nesse sentido pelos próprios aliados, o que deixaria a situação do presidente insustentável.