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Economia

Dólar cai mais de 3% após fechar na maior alta em 18 anos

Na véspera, a moeda norte-americana subiu 8,15%, a R$ 3,3890 na venda.

G1

19 de Maio de 2017 - 09:57

O dólar abriu o dia em queda nesta sexta-feira (19), após fechar na maior alta diária em 18 anos na véspera, diante do pânico dos mercados em relação a denúncias envolvendo o presidente Michel Temer. O movimento é de correção e também sente os efeitos da forte intervenção do Banco Central.

Às 11h09 a moeda norte-americana operava em queda de 3,26%, cotada a R$ 3,3011 na venda, após fechar a R$ 3,2782 na sessão anterior. Veja a cotação.

Para Alexandre Wolwacz, da L&S Investimentos, o recuo observado hoje no início dos negócios é natural e não tem relação com o conteúdo do aúdio da conversa entre Temer e Joesley Batista, dono da JBS, divulgado na noite anterior.

"Ontem o dólar se afastou muito do preço médio dos últimos 30 dias. Quando isso acontece, é normal essa correção. O mercado ainda não teve tempo para digerir os áudios", disse ao G1.

Segundo ele, a moeda deve buscar um patamar em torno de R$ 3,22 nos próximos dias. "Mas isso [o movimento de ajuste] fica completamente anulado se o dólar romper a faixa dos R$ 3,41", completou.

"A questão importante será quando, e não como, o estado atual de incerteza política aguda será resolvida", afirmou o economista-chefe do Banco UBS, Tony Volpon, em relatório.

Intervenção do BC

O BC manteve a oferta de até 8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de moedas, para rolagem do vencimento de junho. Mas também anunciou que fará leilões diários de swaps cambiais até o próximo dia 23, ofertando até 40 mil novos contratos em cada atuação que decidir. 

Além do BC, o Tesouro Nacional também anunciou intervenção em razão da volatilidade no mercado e fará leilões nesta sessão, também até o dia 23, de compra e venda de títulos.

Crise política

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou abertura de investigação contra Temer depois que Joesley Batista, dono da JBS, gravou um diálogo em que o presidente parece dar aval para a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Na conversa gravada, Joesley confessou ter pagado propina a um procurador da República para ter acesso antecipado a investigações que o envolvia, reclamou de nomeações para cargos importantes no governo, defendeu queda mais acentuada da Selic e disse que "zerou" as pendências com o ex-deputado Eduardo Cunha.

Mesmo diante do escândalo, Temer se recusou a renunciar. Ele negou que tenha tentado comprar o silêncio de Cunha e declarou ao blog de Gerson Camarrotti que sairá da crise "mais rápido do que se pensa."

"A questão importante será quando, e não como, o estado atual de incerteza política aguda será resolvida", afirmou o economista-chefe do Banco UBS, Tony Volpon, em relatório.

Véspera

Na véspera, o dólar subiu 8,15% e fechou a R$ 3,3890 na venda. Na máxima do dia, a moeda foi a R$ 3,44, segundo a Reuters, com o mercado reagindo à forte turbulência política iniciada na noite de quarta-feira (17), quando o jornal "O Globo" publicou notícia de que o dono da empresa JBS gravou o presidente da república, Michel Temer, dando aval para comprar silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.