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Sidrolandia

Veto à carne brasileira pelos EUA pode ser resposta a "pressão", diz secretário

Luís Eduardo Rangel, secretário do Ministério da Agricultura, diz que suspensão de importações não foi comum. EUA dizem ter obtido resultados negativos em testes de qualidade da carne.

G1

23 de Junho de 2017 - 10:53

O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Luís Eduardo Rangel, disse nesta sexta-feira (23) ao G1 que acredita que a suspensão das importações de carne bovina fresca brasileira anunciada pelos Estados Unidos foi motivada por "excesso de zelo" como resposta a pressões políticas e comerciais.

"Temos que entender que os americanos estão sofrendo pressão por ser um mercado importante. Existe uma pressão muito grande de sinais políticos aos consumidores. Eu acredito que venha a ser um excesso de zelo do governo americano em resposta a essa pressão", disse Rangel.

Ele afirmou que ainda é cedo para falar de qualquer ação brasileira na Organização Mundial de Comércio (OMC) para questionar a decisão e que primeiro o Brasil fará os ajustes pedidos pelo governo norte-americano.

Se confirmada que a decisão está relacionada a pressão comercial, o governo Brasileiro sentará com representantes dos EUA para negociar.

Os Estados Unidos eram um mercado novo para a carne bovina in natura brasileira. O Brasil só conseguiu autorização para exportar o produto para o país no fim de julho do ano passado, após 17 anos de negociações.

A suspensão atinge apenas carne bovia fresca do Brasil. Na noite de quinta (22), o ministro da Agricultuira, Blairo Maggi, declarou que deve viajar aos EUA para tentar restabelecer as exportações, conforme informou o Blog do João Borges.

Não há risco à saúde

O secretário destacou que os problemas relatados pelos Estados Unidos na carne brasileira não oferecem risco à saúde, em caso de consumo do produto. Segundo ele, os problemas noticiados referem-se apenas à parte de preparo e limpeza da carne.

"Não oferece nenhum risco sanitário. Nossa primeira análise, com os fundamentos apresentados, é de que não acreditamos que a suspensão foi por questões sanitárias e sim de qualidade", afirmou.

Segundo Rangel, os Estados Unidos relataram problemas como abcessos decorrentes de vacina contra febre aftosa, coágulos e fragmentos de ossos nas mercadorias analisadas.

Na quinta (22), o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, anunciou que a suspensão ocorreu após o país obter resultados negativos em testes de qualidade da carne brasileira que entra no país.

Em comunicado, o Departamento de Agricultura americano informou que está testando 100% da carne brasileira que entra nos EUA. Nesses testes, 11% dos produtos de carne fresca brasileira importados foram rejeitados.

"Esse resultado está substancialmente acima do que a taxa de rejeição de 1% das entregas vinda do resto do mundo", disse o departamento de agricultura americano, em comunicado.

Efeito carne fraca

Rangel disse ainda que a reação do governo americano pode ter relação com a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que investiga esquema de corrupção envolvendo frigoríficos e fiscais sanitários do Ministério da Agricultura, além da venda de carne estragada.

Segundo ele, a operação colocou a carne brasileira em evidência.

"Ela [a carne brasileira] está mais em evidência. É um mercado muito agressivo, no mundo inteiro. Não existe vácuo. Qualquer saída de um player é muito comemorada pelos seus concorrentes. E os episódios da Carne Fraca colocaram em evidência a carne brasileira", afirmou.