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Economia

Colheita do milho safrinha confirma grande produção e preço baixo é preocupação

A saída, para não levar prejuízo é segurar a produção, recorrendo a receita obtida com a venda de soja para pagar os custos da lavoura

Flávio Paes/Região News

16 de Julho de 2017 - 20:43

Com menos de 15% da colheita do milho safrinha concluída, ao invés de euforia com o incremento de 10% na produtividade que deve elevar em 22% a produção final (superior a 1 milhão de toneladas), o produtor sidrolandense está preocupado com os preços do grão, que hoje estão 46% mais baixos em relação aos preços praticados neste mesmo período do ano passado.

A saída, para não levar prejuízo é segurar a produção, recorrendo à receita obtida com a venda de soja para pagar os custos da lavoura na expectativa de que a partir de novembro, com a queda da oferta, os preços voltem a ficar competitivos.

Em julho de 2016, o milho era negociado a R$ 30,00, nos últimos dias houve uma ligeira reação, que elevou a cotação de R$ 14,00 para R$ 16,00. No início do plantio, o preço era animador (em torno de R$ 40,00), isto levou muitos produtores a investir pesado em tecnologia.

Resultado, o custo de produção oscilou entre 78 e 85 sacas por hectare, sem embutir custos com armazenagem, frete e tributação. A produtividade média no município deve ficar em torno de 95/hectare, acima das 87 sacas previstas pelo IBGE.

Na opinião do presidente do Sindicato Rural, Rogério Menezes, a tendência é que os armazéns e as próprias propriedades (com o uso de silo bag) fiquem carregados com a produção de milho, porque os preços não cobrem os custos, principalmente para quem produziu menos de 100 sacas por hectare.

Foto: Reginaldo Mello/Região News

Colheita do milho safrinha confirma grande produção e preço baixo é preocupação

“Por este preço atual é impossível vender. Teremos muito barulho, grande movimento e pouco dinheiro no bolso”, resume o produtor Dário Straub, que espera colher 125 sacas por hectare, mais para isto, seu custo por hectare foi equivalente a 70 sacas. “Tivemos que gastar em média R$ 200,00, por hectare na aplicação”. 

Histórico de produção

2011 - 82 mil hectares – R$ 255 mil toneladas

2012 - 110 mil hectares - 426 mil toneladas

2013 - 135 mil hectares - 591,3 mil toneladas

2014 - 148 mil hectares – 799 mil toneladas

2015 - 160 mil hectares - 912 mil toneladas (estimativa IBGE)

2016 - 160 mil hectares - 816 mil toneladas

2017 - 176 mil hectares - 1 milhão de toneladas (Produtividade de 95 sacas por hectares)

Cenário estadual

A segunda safra de milho de Mato Grosso do Sul, também chamada de safrinha ou safra de inverno, deve registrar este ano a maior produção da história do estado, 9,274 milhões de toneladas. A previsão é do décimo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).  Se confirmada essa estimativa da empresa pública federal, a produção da safrinha 2017 vai superar a marca atingida em 2014, quando os agricultores sul-mato-grossenses colheram 9,108 milhões de toneladas do cereal.

Frente à temporada de 2016, quando as plantas foram castigadas pelo clima, sofrendo com o excesso de chuva, com estiagem e por fim, com geadas, provocando uma quebra de 34% na produção, que atingiu somente 6,125 milhões de toneladas, a “safrinha” deste ano deve representar um salto de 51,4% na produção.

No levantamento, a Conab atribui esse crescimento na produção do cereal no estado ao incremento de 5,1% na área cultivada, frente ao ciclo anterior, de 1,665 milhão de hectares para 1,749 milhão de hectares, e de 44,1% na produtividade média, de 3.679 quilos por hectare (61,3 sacas por hectare) para 5.300 quilos por hectare (88,3 sacas por hectare).

“Essa alta produtividade decorre das condições climáticas ideais desde o inicio do plantio da cultura até a presente data, contrastando com a seca severa ocorrida no ano passado. Essa produtividade, atrelada ao aumento de área plantada condicionará uma produção recorde para essa safra”, pontua a companhia no levantamento.

A Conab ressalta ainda que com a baixa comercialização da safra de soja (59% vendida até o momento, conforme a companhia, contra 80% neste mesmo período do ciclo passado), e a expectativa de uma produção histórica de milho, a preocupação é “generalizada” com relação ao armazenamento do cereal.

“Somente a produção de milho é similar à capacidade de armazenamento estática do estado e, neste contexto, o silo-bolsa surge como alternativa ao armazenamento temporário do produto” ressalta a companhia, completando que aproximadamente 5% das áreas cultivadas já foram colhidas. 

Maracaju lidera o ranking de produção entre os municípios, com previsão de colher 1.350 milhão de toneladas em 250 mil hectares, seguido de Sidrolândia, com mais de 1 milhão de tonelada em 176 mil hectares.

Dourados, embora com uma área plantada maior de (200 mil hectares), mais com produtividade menor (71 sacas ante a média sidrolandense de 95), espera colher 900 mil toneladas.