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Esporte

Dor no adeus: Bolt sente cãibras e sai de cena sem cruzar a linha final no 4x100m

Quarteto britânico leva estádio ao delírio com ouro; EUA e Japão completam pódio. Jamaicano fica no chão com as mãos no rosto em sua despedida

Globo Esporte

13 de Agosto de 2017 - 19:02

O sonho era o adeus com brilho dourado. Mas acabou em drama. Uma dor tirou Usain Bolt do rumo e impediu que a despedida do maior nome da história das provas de velocidade fosse com uma medalha no peito. Ele mancou, tentou prosseguir, mas as cãibras eram fortes demais para manter-se de pé. Nas arquibancadas, os gritos de incredulidade pelo infortúnio do astro deram rapidamente lugar ao êxtase. Com 37s47, melhor marca do mundo no ano, a Grã-Bretanha era campeã do revezamento 4x100m masculino no Mundial de Londres. Estados Unidos (37s52) e Japão (38s04) completaram o pódio.

- É muito difícil. Todos queríamos ganhar por Bolt, ganhar qualquer medalha. Tudo estava bem, ele não tinha nenhuma queixa, tivemos uma boa química no aquecimento, tudo estava bem. Mas eu tive a oportunidade de correr com uma lenda, estava na minha lista de desejos. Bolt se machucar não é impossível, ele é humano, não é biônico - lamentou o barreirista Omar McLeod, que abriu o revezamento para a Jamaica, em entrevista ao SporTV.

Com a eliminação no 4x100m, Bolt deixa Londres com uma medalha – ele foi bronze nos 100m, atrás de Justin Gatlin e do também americano Christian Coleman. Em Mundiais, a história do Raio tem 14 pódios, tendo subido no lugar mais alto 11 vezes. Foi na edição de Berlim, na estreia na prova mais nobre do atletismo neste evento, que selou o ainda vigente recorde mundial da distância, 9s58. Em Olimpíadas são oito ouros, incluindo um pioneiro tricampeonato nos 100m e 200m. Marcas que fazem da dor deste sábado apenas um "detalhe".

Com uma transição de gerações encaminhada, Bolt disputou pela manhã as eliminatórias da prova pela primeira vez na vida e teve como companheiros três jovens que nunca haviam corrido num grande palco. Os meninos seguraram bem a pressão, e o Raio garantiu a vitória na bateria e o terceiro tempo no geral, atrás de EUA e Grã-Bretanha.

Para a disputa por medalhas, a Jamaica ganhou o importante reforço de Yohan Blake, poupado na 1ª fase, e de Omar McLeod, campeão olímpico e mundial dos 110m com barreiras. No caminho para a pista, Bolt andou sorrindo. Brincou com um voluntário como se fosse um pugilista, depois cutucou a mascote Hero. A apresentação da equipe caribenha teve direito a dancinha. Quando o quarteto americano entrou, o público vaiou Gatlin.

Tudo corria bem até a passagem de bastão de Blake para Bolt. O Raio recebeu na terceira posição, com margem suficiente para arrancar e levar a sonhada medalha. Mas, no meio do caminho, travou. Tentou forçar, mas começou a mancar e levou à mão na coxa, reação automática de quem sentiu uma fisgada muscular. Enquanto os rivais o ultrapassaram, um a um, Bolt deu uma cambalhota, como se quisesse terminar a prova de qualquer maneira. Tentou seguir mancando, mas não conseguiu. Deitou-se com as mãos no rosto virado para a pista.

A chegada apertada reservou alguns segundos de suspense até o telão fazer o público explodir em vivas. Por um instante a lesão de Bolt foi esquecida. O ouro surpreendentemente era da Grã-Bretanha com direito a liderança do ranking mundial. Os Estados Unidos ficariam com a prata, e o Japão com o bronze. A Bolt, caberia um lugar eterno no coração dos fãs.

EUA sobram no feminino; Brasil é setimo

Reforçados pela campeã mundial dos 100, Tori Bowie, os Estados Unidos foram ainda mais velozes do que na eliminatória. O quarteto, que contou ainda com Aalliyah Brown, Allyson Felix e Morolake Akinosun, completou a troca de bastões com sucesso e cobriu a volta completa na pista em 41s82. A marca é a melhor do mundo no ano.

A Grã-Bretanha levou a prata com 42s12 e levantou o público, enquanto a Jamaica completou o pódio com 42s19, melhor marca do mundo no ano. O Brasil, que passou à final com o sétimo tempo geral, despediu-se exatamente nesta posição. O quarteto formado por Franciela Krasucki, Ana Cláudia Lemos, Vitória Rosa e Rosângela Santos cravou 42s63, melhor marca do quarteto do país no ano.

- Vi o bicho pegando já na primeira perna. A Fran segurou bem, a Ana veio...A gente precisa trabalhar mais, Jamaica e EUA são muito além da gente. Foi o que a Ana falou, quando elas conseguirem voltar ao melhor delas, sem lesão, vamos brigar. Saio satisfeita. Tive uma final inesperada nos 100m e queria chegar a essa final com as meninas – disse Rosângela, em entrevista ao SporTV.