Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Sexta, 29 de Março de 2024

Sidrolandia

Juiz decide que provas foram "plantadas" em caminhonete de empresário morto por PRF

Defesa do PRF alegou legítima defesa, pois o acusado teria visto a vítima pegar algo parecido com uma arma e, por isso, teria atirado.

G1 MS

16 de Agosto de 2017 - 08:25

O juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Carlos Alberto Garcete de Almeida, decidiu que os objetos encontrados no interior da caminhonete do empresário Adriano Correia do Nascimento, morto em uma briga de trânsito em Campo Grande, no dia 31 de dezembro de 2016, foram “provas plantadas” e não estavam lá no momento da perícia.

Segundo Garcete, o caso trata de conduta criminosa que já está sendo apurada em inquérito policial distinto. Foram encontrados garrafas plásticas de "Catuaba Duelo" e "Jurubeba Duelo", além de dois maçarico-flambadores.

O advogado René Siufi, que defende o Policial Rodoviária Federal (PRF) Ricardo Hyum Su Moon, afirmou que ainda tem dúvidas sobre a ausença dos flambadores no veículo no momento da perícia e prefere aguardar a sentença de pronúncia e a conclusão do inquérito policial.

O delegado da Corregedoria-Geral da Polícia Civil, Sérgio Luiz Duarte, afirmou que o inquérito indicou que os flambadores foram plantados. Segundo o presidente do inquérito, foram ouvidas cerca de 30 pessoas e está na fase de diligência para descobrir quem cometeu o possível crime de prova processual.

O coordenador-Geral adjunto da Coordenadoria Geral de Perícias, José de Anchieta Souza Silva, disse ao G1 que a instituição apoia a versão da perita de que os flambadores não estavam na caminhonete no momento da perícia.

O Ministério Público Estadual (MP-MS) pediu o prosseguimento do processo, tendo em vista que a divergência entre a defesa e a perita é fato alheio ao crime objeto da ação. O assistente de acusação pediu a devolução da caminhonete conduzida pela vítima e o MP foi contra.

Na decisão, Garcete ressalta que o importante para a ação penal sobre a morte do empresário é saber se havia ou não os flambadores no veículo no momento dos fatos.

O magistrado então determinou que o processo deve retomar o curso natural com publicação de decisão pelo magistrado em data próxima se Ricardo Su Moon será levado a júri ou não.

Sobre o pedido de devolução do veículo, o juiz negou com base nos fundamentos já apresentados em decisão passada e de que o automóvel deve ser mantido como está, “com todas as perfurações dos projéteis para que, se for preciso, estar apto a qualquer tipo de perícia suplementar”.

Briga

O agente da PRF disse que seguia pela avenida Ernesto Geisel a caminho da rodoviária, onde pegaria um ônibus para Corumbá para assumir o posto de serviço. Quando a caminhonete conduzida pelo empresário saiu da rua Pimenta Bueno e entrou bruscamente na avenida, invadindo parte da pista em que seguia o carro do policial.

Agnaldo Espinosa da Silva, amigo do empresário, quebrou um braço e passou por cirurgia na Santa Casa. Um adolescente que também estava na caminhonete foi atingido por dois tiros na perna e continua internado. O motorista Adriano foi atingido por três tiros no tórax, perdeu o controle da direção do veículo e atingiu um poste. O empresário morreu no local, ainda dentro do carro.

O policial alega legítima defesa na ação criminal.