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Fraudes, educação física e a responsabilidade do Estado

Cristiano Parente

23 de Agosto de 2017 - 09:16

Recentemente, a imprensa divulgou uma investigação em curso da Polícia Federal (PF) para desarticular e prender uma quadrilha suspeita de inserir dados de atletas “fantasmas” nos sistemas do Ministério do Esporte para desviar recursos do programa Bolsa Atleta. O esquema envolvia a criação de nomes de atletas que não existiam no sistema. Somente em 2012, o grupo conseguiu forjar a criação de 25 atletas, movimentando quase R$ 1 milhão.

Enquanto as investigações da PF avançam, um resultado já é facilmente observado: o de que não se deve deixar o esporte na mão do Estado nem esperar incentivo do governo, como bolsas, para fins esportivos.

Não é função do governo, e ele não tem a menor capacidade de fazer o esporte dar certo. Isso só vai funcionar quando for gerido profissionalmente por especialistas em negócios do esporte.

Esporte é business. Como tal, deve ser tratado e gerido como empresa, para dar lucro, pagar salários e não bolsas. Ao Estado cabe a responsabilidade de injetar dinheiro na educação, na saúde e na segurança. E mal consegue fazer isso decentemente.

É preciso ressaltar que, ainda que houvesse verba para investir no esporte, seriam necessários milhões para descobrir três ou quatro atletas profissionais.

O Estado não deveria fazer aporte de recursos em esporte. Tem é que se preocupar em otimizar a economia nas áreas essenciais, enxugar o número de políticos e funcionários públicos e deixar que as empresas cuidem do restante. Aí sim, com gestores especializados, mecânica e logística de trabalho mais rápida, além de busca de efetividade para gerar lucro, teremos esporte eficiente, com atletas recebendo bons salários, empresas investindo, etc.

Dentro da educação escolar, existe espaço para a educação física, que não deveria ser tratada como um momento de lazer, mas como uma aula séria, como acontece nas demais disciplinas, onde se aprende sobre corpo, movimento, exercício, etc. Essa aula deve ser teórica, com alguns momentos práticos de experimentação nos laboratórios de movimentos (quadras, salas, espaços), com o objetivo maior de mostrar às crianças a infinidade de movimentos possíveis e de quão importantes eles são para a saúde.

Com esse modelo de aula, crianças e jovens teriam em mãos o "cardápio" de possibilidades de práticas de atividade física, de modo que possam escolher a sua preferida. Nesse sentido, a educação física então não só pode como deve fazer parte da educação geral e, por consequência, estar inserida no rol de obrigações do Estado.

*Cristiano Parente é professor e coach de educação física, eleito em 2014 o melhor personal trainer do mundo em concurso internacional promovido pela Life Fitness. É CEO da Koatch Academia e do World Top Trainers Certification, primeira certificação mundial para a atividade de educador físico.