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Política

Maia: aliados não podem "ficar levando facada nas costas" de ministros e do PMDB

Presidente da Câmara deu declaração ao comentar movimento do PMDB para atrair dissidentes do PSB. Segundo Maia, há "revolta muito grande" na bancada do DEM; PMDB não quis comentar.

G1

21 de Setembro de 2017 - 08:02

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avaliou nesta quarta-feira (20) que os aliados do governo do presidente Michel Temer não podem "ficar levando facada nas costas" de ministros e do PMDB (veja no vídeo acima).

Rodrigo Maia deu a declaração ao comentar um movimento do PMDB para atrair dissidentes do PSB, entre os quais o senador Fernando Bezerra Coelho (PE). Segundo o presidente da Câmara, há uma "revolta muito grande" na bancada do DEM com a articulação do governo.

"Se nós somos aliados, nós temos de ser aliados. A gente não pode ficar levando facada nas costas do PMDB, principalmente dos ministros do palácio e do presidente nacional do PMDB."

Procurada pelo G1, a assessoria do senador Romero Jucá, presidente nacional do PMDB, informou que ele não comentará o assunto.

Maia está no exercício da Presidência da República e deu a declaração após participar de um evento na embaixada do Chile, em Brasília.

Na mesma entrevista, ele afirmou que a nova denúncia da Procuradoria Geral da República contra Temer deverá ser votada pela Câmara em outubro.

'Revolta'

Pouco depois de dar a declaração, Maia se dirigiu à Câmara para acompanhar a votação da reforma política.

Ao comentar novamente o assunto, explicou que há uma "revolta" dentro da bancada do DEM com o movimento do governo.

"Há um encaminhamento do PMDB, que foi desmentido depois da visita do presidente Michel Temer à casa da deputada Teresa Cristina [líder do PSB na Câmara], logo no processo da primeira denúncia, e que o presidente fez questão de jantar na presidência da Câmara comigo e falar que não havia nenhum interesse do PMDB nos parlamentares do PSB e, nas últimas semanas, o que a gente tem visto é o contrário, inclusive com a participação do ministro Moreira Franco e do ministro Eliseu Padilha na filiação do senador Fernando Coelho", afirmou Maia.

O presidente da Câmara disse ainda que, em razão do comportamento de ministros do governo, o DEM, embora seja da base aliada, pode se sentir livre para votar sem seguir a orientação do Planalto.

"Se é assim que eles querem tratar um aliado, eu não sei o que é ser adversário. Então, que isso fique registrado para que depois, quando a bancada do Democratas tiver em alguma votação uma posição divergente daquilo que o governo espera, que o governo entenda que há uma revolta muito grande dentro da nossa bancada, não virou rebelião ainda, mas é uma revolta muito grande."

Mensagem a Temer

Segundo Rodrigo Maia, ele enviou uma mensagem nesta quarta a Temer lembrando de um jantar que os dois tiveram para discutir o episódio envolvendo o PSB.

"Eu mandei uma mensagem hoje lembrando a ele do jantar que nós tivemos depois que ele foi à casa da deputada Tereza Cristina. Ele foi à minha residência dizer que nada daquilo era verdade, o presidente do PMDB ligou para o presidente do DEM para dizer que eles dizer que eles não tinham nenhum interesse nos parlamentares do PSB, e o que nós estamos vendo é outra coisa", afirmou.

PMDB tenta 'reduzir' crescimento do DEM

Ainda na entrevista, Rodrigo Maia pediu ao PMDB que "pare de tentar reduzir o crescimento" do DEM na Câmara.

Para ele, ministros com gabinete no Palácio do Planalto estão "respaldando" a operação para enfraquecer o DEM. "Estou falando da ação do presidente do PMDB com alguns ministros do palácio", enfatizou.

"Isso tem deixado o partido muito incomodado e a gente espera que o PMDB, entendendo tudo o que o DEM fez pelo governo até agora, tenha respeito e tire o pé da nossa porta."

Mesmo com agendas "áridas e difíceis", acrescentou Rodrigo Maia, o DEM tem votado unido a favor do governo.

"Nós queremos do partido do presidente e do próprio presidente saber qual é a verdade posição do PMDB e do governo em relação ao Democratas. Tem parecido um tratamento de adversário, eu espero que não vire uma relação entre inimigos."