Esporte
Santos negocia acordo para tentar quitar dívida de R$ 75 milhões
O clube está próximo de fechar acordo para o pagamento da dívida de cerca de R$ 75 milhões com a Doyen, grupo de investimento com sede em Malta.
FolhaPress
23 de Setembro de 2017 - 07:52
Eliminado da Copa Libertadores e com chances remotas de ser campeão brasileiro, o Santos tenta encerrar um problema financeiro.
O clube está próximo de fechar acordo para o pagamento da
dívida de cerca de R$ 75 milhões com a Doyen, grupo de investimento com sede em
Malta, que emprestou dinheiro para o Santos contratar Leandro Damião em 2013.
O acerto encerraria também processo em que a empresa solicita que o Santos
entregue uma cópia do contrato de venda do meia-atacante Geuvânio para o
Tianjin Quanjian, da China, em janeiro do ano passado, por 11 milhões de euros
(R$ 41,2 milhões em valores atuais).
A empresa teria direito a 35% do valor. Decisão judicial em 19 de dezembro de
2016 determinava que o clube cedesse o contrato e a multa pelo não cumprimento
era de R$ 300 mil por dia útil.
O Santos não cumpriu a determinação e a multa se tornou impagável. Em 197 dias
úteis desde então, o valor estaria em R$ 59 milhões.
"Não sei se já houve acordo. Estamos conversando. Não posso dizer ainda se
está perto ou longe. Vamos aguardar mais um pouco. Estamos conversando",
disse o presidente Modesto Roma Júnior à reportagem na terça (19).
A proposta inicial santista foi pagar metade do valor da dívida (cerca de R$
37,5 milhões) em parcelas anuais durante o período de dez anos.
Um representante da Doyen disse à reportagem que as conversas
"andaram" e que o acordo, embora não tenha sido fechado, está
próximo. O Santos contratou um escritório de advocacia para tocar as negociações
com o credor.
A pendência com a Doyen é uma das heranças da administração do presidente
Odilio Rodrigues Filho. Aliados de Modesto Roma Júnior esperam que o acerto
possa ser usado pelo atual mandatário na campanha pela reeleição à presidência
do clube, em dezembro deste ano.
Se não conseguir virada no Brasileiro, a equipe terminará o ano sem títulos.
Eliminar o esqueleto no armário que representa a dívida com a Doyen
fortaleceria um discurso de responsabilidade financeira da diretoria atual.
O plano inicial era apressar o acerto para anunciá-lo logo após a classificação
para a semifinal da Libertadores, mas a derrota em casa para o Barcelona (EQU),
na última quarta (20) frustrou os planos dos cartolas.
PARTICIPAÇÃO
A Doyen também tinha 20% de Gabriel (negociado com a Internazionale-ITA), 50%
de Felipe Anderson (vendido para a Lazio-ITA). Do elenco atual, além de Lucas
Lima, o grupo tem participação em 20% dos direitos econômicos de Daniel Guedes
(ainda no Santos). Nas categorias de base, a empresa também tem participação em
outros atletas.
Em dezembro de 2013, a empresa emprestou R$ 42 milhões para o Santos comprar
Leandro Damião do Internacional. Ele atuou pelo clube paulista apenas em 2014 e
fez 11 gols em 44 jogos.
Quando o Santos ficou sem caixa para contratações e problemas financeiros
naquele período, o fundo foi utilizado como uma das principais fontes de
recursos para ajudar no futebol.
Durante o litígio, o Santos -que também abriu processo contra a Doyen- buscou
outras formas de encerrar o débito. Tentou driblar a presença de Nelio Lucas,
CEO da empresa, que mora em Portugal, e pediu para negociar com diretores do
fundo de investimento em Malta. A solicitação não foi atendida.
Criada em 2011, a Doyen Sports é o braço esportivo de fundo hedge (que coleta
dinheiro de diferentes pessoas ou empresas e faz investimentos diversificados)
chamado Grupo Doyen.
Desde a fundação até 2016, a empresa investiu 170 milhões de euros (R$ 636
milhões em valores atuais) no esporte, principalmente na porcentagens em
jogadores de futebol, algo que foi proibido pela Fifa em 2015. Segundo site da
empresa,esta oferece "especialização no mercado de transferências e ajuda
a executivos, diretores e técnicos para que obtenham o talento que
precisam".
A Doyen também atua em marketing esportivo e gestão de carreira. Em 2012,
passou a administrar a imagem de Neymar na Àsia, Angola, Rússia, México,
Turquia, Reino Unido e Estados Unidos.