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Policial

Defesa diz que tortura motivou confissões e pede que Nando seja absolvido

Ainda conforme o defensor, a prova oral colhida nos autos não demonstra qualquer envolvimento do réu Luiz Alves no fato descrito na denúncia.

Correio do Estado

17 de Novembro de 2017 - 15:49

O defensor público Ronald Calixto Nunes, responsável pela defesa de Luiz Alves Martins Filho, 50 anos, o "Nando", pediu na Justiça que ele seja absolvido de forma sumária - ou seja, antes mesmo de ir a julgamento.

Em manifestação publicada ontem, a defesa alega que acusado só assinou confissão dada à polícia sobre ter matado uma das vítimas porque sofreu agressões. A defesa sustentou que só agora Nando teve coragem de negar os crimes.

"Ao ser ouvido em juízo, o acusado negou veementemente ter qualquer participação com o fato narrado na denúncia, esclarecendo que o verdadeiro autor desse crime, bem assim, de outros homicídios pelos quais foi denunciado, seria uma pessoa de nome “Vasco”.

Ainda, esclareceu que não confessou o crime em sede de inquérito sendo que as declarações constantes, não foram de sua autoria, tendo apenas assinado referido depoimento por conta das agressões sofridas na delegacia de polícia naquela oportunidade", argumenta o defensor.

O caso a que Nunes se refere é a morte de Daniel de Oliveira Barros, 28 anos. segundo denúncia do Ministério Público Estadual, ele era usuário de drogas, que costumava furtar moradores do bairro Danúbio Azul e foi morto por Nando e o comparsa Claudinei Augusto Orneles Fernandes, em março de 2014, com dois disparos de arma de fogo.

Ainda conforme o defensor, a prova oral colhida nos autos não demonstra qualquer envolvimento do réu Luiz Alves no fato descrito na denúncia. Claudinei também teria negado envolvimento com o crime, e não soube apontar quem seria o verdadeiro autor.

"Nesseponto, importante destacar que Claudinei também negou haver confessado envolvimento no fato na fase de inquérito, afirmando que somente assinou o depoimento  por conta de agressões praticadas por policiais durante as investigações", afirma o advogado.

Nunes argumenta ainda que não foram trazidas ao processo, provas testemunhais concretas, e que na época em que Nando foi interrogado, foram lhes apresentados vários crimes ocorrido há mais de um ano, "sendo no mínimo questionável, anteas circunstâncias que envolveram seu suposto depoimento, que, passadotanto tempo, fosse possível ao réu ter confessado tantos crimes, narrando suadinâmica de forma tão detalhada, inclusive apontando cada um dos coautoresque o teria acompanhado em cada crime", contesta o defensor. A manifestação ainda será analisada pela Justiça.

JÚRI POPULAR

Nando responde por, pelo menos, outros 14 homicídios. Assassino frio, macabro, mas que se considerava um “justiceiro”. Ele não pode ser considerado um serial killer “comum”, não seguia um “modus operandi”, como, por exemplo, uma assinatura. Segundo a polícia, o "matador" também não tinha um “motivo” específico para os crimes. Matava pelos mais variados motivos e, principalmente, "porque gostava de matar".

O Ministério Público Estadual pediu a pronúncia dele, além de Jean Marlon Dias Domingues e Talita Regina de Souza, cunhada da vítima,q ue também são réus em processos referentes ao caso.

Nas alegações finais, procedimento que antecede ao julgamento, o promotor de justiça Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos pede pelo deferimento da pronúncia contra o trio que matou o garoto e depois o enterrou em um cemitério clandestino no Jardim Veraneio. Apesar de ser investigado pelos homicídios em série, Nando responde processos específicos para cada um deles.

Embora durante depoimento Nando e Jean tenham negado participação neste caso, as provas colhidas ao longo das investigações policiais e instrução do processo foram suficientes para sustentar a acusação. Ainda conforme o Ministério Público, Nando ajudou Talita a matar o cunhado como forma de retribuir a ajuda que recebia dela para conseguir encontros homoafetivos.

Consta na denúncia que Lessandro teria flagrado Talita traindo o irmão dele - com quem ela se relacionava - com um traficante rival no Danúbio Azul.

O garoto não aceitou a situação e ameaçou delatar a infidelidade da cunhada ao irmão, já que todos moravam sob o mesmo teto naquele bairro. Como forma de punir o garoto, Talita decidiu matá-lo em agosto do ano passado, com apoio de Nando e Jean. 

VÌTIMAS

Por enquanto, foram confirmadas como vítimas além de Lessandro, Jhennifer Lima da Silva, 13 anos, um homem identificado apenas como Alemão, Flávio Soares Correia, 25 anos, Bruno Santos da Silva, o Bruninho, 18 anos, Alex da Silva Santos, 18 anos, Eduardo Dias Limas, 15 anos, Aline Farias da Silva, 22 anos, Jhennifer Luana Lopes, 16 anos, Valdelei Almeida Junior, 20 anos, vítima de tentativa de homicídio, Daniel de Oliveira Barros, 28 anos, Aparecida Adriana da Costa, 33 anos, Daniel Gomes de Souza, 17 anos, um homem identificado como Café e uma mulher conhecida como Ana.