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Um Brasil gigante preciso de uma indústria gigante” por Sérgio Longen

Sérgio Longen é empresário do setor de alimentos e presidente da Fiems – Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul

Sérgio Longen

03 de Julho de 2013 - 13:32

O monitoramento do Radar Industrial da Fiems aponta que o setor industrial de Mato Grosso do Sul criou, de janeiro a maio deste ano, 8.557 novos postos formais de emprego, consolidando-se, como o maior gerador de vagas no Estado. E neste mesmo período a receita de exportação de industrializados já alcançou o volume de US$ 1,36 bilhão, o que representa aumento de 21,7% na comparação com os 5 primeiros meses do ano passado.

A nossa indústria continua apresentando desempenho bem acima da média nacional, notadamente nos segmentos que potencializam nossa pauta de exportações, como papel/celulose, extrativo mineral, complexo carne, açúcar/etanol, além de alimentos e bebidas. Ainda assim, há um espaço considerável para crescer e avançar para novos mercados.

E, muitas vezes, as medidas que podem dar suporte a este salto dependem de decisões dos Governos, em todos os seus níveis, que vão bem além das Reformas Tributária, Política e, até mesmo, no âmbito da Justiça do Trabalho.

Temos atuado em conjunto com algumas Prefeituras para implantar o PDR (Programa de Desenvolvimento Regional) que, entre outras ações, propõe a implantação do sistema eletrônico de renovação de Alvará de Funcionamento de empreendimentos de forma a agilizar e dinamizar a economia, ampliação do horário de atendimento das Prefeituras para período integral, além de propor uma política de concessão de benefícios fiscais pelo Governo do Estado (ICMS) e Prefeituras (ISS).

Podem parecer medidas menores, mas que no conjunto geram um cenário bem favorável à gestão. E quando ampliamos o olhar, para além das necessidades da nossa indústria, identificamos uma série de outras demandas que acabam influenciando no atendimento dos anseios das pessoas, no seu dia-a-dia. Muitas delas estão na base das manifestações ordeiras realizadas pelo país afora. O que sobra para excesso nos orçamentos do Poder Público, falta na saúde, na educação, no transporte, na cidadania e no apoio daqueles que efetivamente são capazes de produzir empregos e melhores salários.

O momento é de ação de gestão. A sociedade deixou evidente que quer saber onde estão sendo alocados os recursos oriundos das receitas. É fato que existem Prefeituras com excesso de pessoas, de cargos comissionados e com horas extras sendo pagas acima dos salários. Além de outras distorções.

O Brasil está nas ruas exigindo novas soluções, assim como a indústria há tempos adverte para a urgência de um modelo de desenvolvimento que privilegie a competitividade, a produtividade, a inovação, com base no controle da inflação e nas políticas de sustentabilidade da macroeconomia e das suas implicações regionais. O ambiente que traduz o inconformismo da população com a classe política é o mesmo em que estamos inseridos.

Este não é o momento para convocar um plebiscito para saber quem vai pagar as novas campanhas eleitorais, mas talvez para discutir os modelos da gestão pública e de como podem efetivamente atender a população em sua totalidade.

O empresário que luta contra o excesso de impostos, dificuldades de crédito, que não tem acesso às novas tecnologias, que não consegue trabalhar um plano adequado de logística devido à precariedade de todos os modais, que se debate em meio aos sinuosos caminhos do labirinto da burocracia é a imagem do trabalhador que está nas ruas a exigir o que é melhor para ele e sua família. Somos todos sacrificados por um modelo de gestão pública e política ineficientes nas suas bases e comprovadamente injusto no seu alcance e amplitude.

As pessoas que uniram-se nas ruas, exigindo o fim das práticas que influenciam diretamente na má qualidade dos serviços públicos, estão dentro das nossas universidades, das nossas escolas, das nossas fábricas, são trabalhadores do comércio da indústria, na cidade e no campo. Como nós, empresários, contribuem para a construção de um país melhor, mais fraterno e que ofereça dignidade para todos.

Somos, afinal, elos de uma grande aliança, de uma liga, que é capaz de ajudar a criar um destino grandioso para todos. Afinal, um Brasil gigante precisa de uma indústria também gigante.

(*) Sérgio Longen é empresário do setor de alimentos e presidente da Fiems – Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul