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Coronavírus

Brasil tem 77% das mortes de gestantes e puérperas por Covid-19 registradas no mundo, diz estudo

Maior parte das mortes aconteceram durante o puerpério, ou seja, até 42 dias depois do nascimento do bebê.

G1

14 de Julho de 2020 - 14:52

Um estudo publicado no periódico médico International Journal of Gynecology and Obstetrics na quinta-feira (9) aponta que 124 mulheres gestantes ou que estavam no período do puerpério morreram de Covid-19 no Brasil. Esse número representa 77% das mortes registradas no mundiais. Ou seja, morreram mais mulheres grávidas ou no pós-parto no Brasil do que em todos os outros países somados.

O dado revela uma taxa de mortalidade de 12,7% na população obstétrica brasileira, número superior às taxas mundiais relatadas até o momento. A maior parte das mortes aconteceram durante o puerpério, ou seja, até 42 dias depois do nascimento do bebê, e não na gestação, alerta a publicação.

O estudo foi feito por um grupo de enfermeiras e obstetras brasileiras ligadas à Unesp, UFSCAR, IMIP e UFSC. Elas analisaram dados de um sistema de monitoramento do Ministério da Saúde, o SIVEP-Gripe (Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe).

Para as pesquisadoras, o risco aumentado pode estar relacionado à imunodeficiência relativa associada a adaptações fisiológicas maternas.

Fatores como o atendimento pré-natal de baixa qualidade, falta de recursos para cuidados críticos e de emergência, disparidades raciais no acesso aos serviços de maternidade, violência obstétrica e as barreiras adicionais colocadas pela pandemia para o acesso aos cuidados de saúde também são citados como motivos para a alta taxa de mortalidade no Brasil.

O estudo ressalta que 22,6% das mulheres que morreram não foram admitidas na UTI e apenas 64% possuíam ventilação invasiva. Além disso, não foi oferecido nenhum suporte ventilatório a 14,6% de todos os casos fatais.

Esses dados sugerem que pacientes obstétricos podem enfrentar barreiras para acessar ventiladores e terapia intensiva, indica a publicação, que também ressalta a escassez de profissionais de saúde e falta de recursos de terapia intensiva nos serviços de maternidade brasileiros.