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Economia

Com área plantada 22,72% maior; IBGE projeta crescimento de 16% na produção de milho

Muitos agricultores conseguiram vender antecipadamente a produção por R$ 21,00. Hoje o preço caiu para R$ 18,00 ou até menos, R$ 16,00 para entrega em julho.

Flávio Paes/Região News

22 de Abril de 2013 - 08:00

Reunidos semana passada no Sindicato Rural, os técnicos do IBGE, empresas de planejamento agrícola e do Banco do Brasil, elevaram as estimativas de produção do milho safrinha em Sidrolândia. Se em fevereiro, inicio do plantio, a projeção era de que fosse mantida a área plantada de 2012 (110 mil hectares), os levantamentos de campo mostram o cultivo de 135 mil hectares, provavelmente a maior área plantada desta cultura no município.

Confirmada a previsão de uma produtividade média de 80 sacas por hectare, serão colhidas 648 mil toneladas do grão, 16% maior que do ano passado, quando foram obtidas 554,4 mil toneladas. Este incremento na área do milho safrinha (que corresponde a 93% da área de soja plantada a partir de outubro e colhida até fevereiro) foi motivado pelo cenário de preços extremamente favorável que prenunciava no final do passado, quando a saca do grão chegou a ser cotada a R$ 25,00.

Muitos agricultores conseguiram vender antecipadamente a produção por R$ 21,00. Hoje o preço caiu para R$ 18,00 ou até menos, R$ 16,00 para entrega em julho. O preço mínimo oferecido pelo Governo federal é de R$ 13,08. Aquela projeção inicial de cotação rentável empurrou por outro lado, os custos de produção, que subiram de R$ 1.195,00 para R$ 1.651,00 por hectares, reflexo do aumento de 43% no preço das preços e de 25% no dos fertilizantes.

Com a previsão de uma nova colheita recorde de milho no Brasil e a perspectiva de recuperação da produção mundo afora, o mercado doméstico dá sinais de que pode não ser capaz de "digerir" toda a oferta esperada. Como resultado, as cotações da commodity apontam para baixo, um movimento que preocupa os produtores e alimenta a aposta do governo em um alívio na inflação.

O milho é a principal matéria-prima da ração usada na criação de aves e suínos, o grão foi o principal responsável pela alta nos preços dessas proteínas em 2012. Quem mostra preocupação com um possível cenário de preços em queda é o produtor Clayton Straub que manteve os 1.500 hectares cultivados ano passado na Fazenda São Sebastião, com esperança de obter 90 sacas por hectare.

Ele veio de uma safra de soja em que obteve uma produtividade de 43 sacas por hectare, quando contava ter 55 e 60 sacas. Na Fazenda Estrela, propriedade que fica na região do Piqui, a área plantada aumentou de 1.700 para 2.100 hectares, com projeção de 95 sacas de produtividade por hectare. Boa parte desta produção por hectare foi vendida antecipadamente por R$ 21,00 a saca. O produtor terá disponível para comercializar o excedente das 95 sacas de produtividade.

Queda

Depois da supervalorização no ano passado, o preço do milho deve ter queda em 2013. No ano passado, a saca do grão chegou a custar R$ 29,00 em Mato Grosso do Sul e neste ano já é encontrada por uma média de R$ 18,00. No mesmo período do ano passado a saca estava em R$ 25,50.

A explicação para a diminuição no preço pago ao produtor pela incerteza sobre a safra dos Estados Unidos e das condições do clima no Estado. Em 2012, os Estados Unidos tiveram uma quebra de 100 milhões de toneladas, maior diminuição em 41 anos, causada pela seca. A analista de mercado Tânia Tozzi, avalia que este é o momento do produtor ficar atento às informações do consumo interno e externo.

“O momento é incerto para o produtor, mas se analisarmos friamente a tendência é de queda”, avalia. A expectativa é de que a produção de milho seja boa este ano nos Estados Unidos, já que com um inverno mais rigoroso há a garantia de plantio melhor. “Nevou muito e o solo americano tem absorção hídrica muito grande”, comentou.

Tânia diz que é preciso acompanhar a situação para saber se haverá estiagem no hemisfério Norte e que o risco de geada em junho ameaça a produção sul-mato-grossense de milho safrinha. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Mato Grosso do Sul colheu uma safra de 6,1 milhões de toneladas e a previsão é de este ano ela seja de 5,8 milhões, índice 4,3% menor que no ano passado.