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Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Terça, 9 de Dezembro de 2025

ECONOMIA

Em ano de tarifaço dos EUA, Mato Grosso do Sul deve ter recorde de exportações

Em 11 meses, saldo da balança comercial superou 2024, receitas com exportações já são quase iguais às do ano passado.

Correio do Estado

09 de Dezembro de 2025 - 07:54

Em ano de tarifaço dos EUA, Mato Grosso do Sul deve ter recorde de exportações
De janeiro a novembro, a venda de produtos originários de Mato Grosso do Sul para outros países alcançou US$ 9,8 bilhões - Foto: Gerson Oliveira

A um mês de encerrar o ano, o estado de Mato Grosso do Sul praticamente igualou, em receita, as exportações de 2024. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

No acumulado do ano, de janeiro a novembro, a venda de produtos originários de Mato Grosso do Sul para outros países alcançou US$ 9,8 bilhões. Faltam US$ 200 milhões para igualar o volume do ano passado e US$ 700 milhões para igualar 2023, ano em que as exportações do Estado foram recordes: US$ 10,5 bilhões.

A julgar pela média de US$ 890 milhões em vendas externas, é possível que no fim do ano haja um recorde de faturamento com exportações de Mato Grosso do Sul. Independentemente do resultado, o ano mostra que o tarifaço da gestão de Donald Trump, nos Estados Unidos, prejudicou bem menos do que se esperava as vendas externas de MS.

No que diz respeito às importações e ao saldo da balança comercial, os 11 meses até agora estão similares aos 12 meses de 2024. Enquanto neste ano as importações totalizaram US$ 2,4 bilhões, no ano passado elas somaram US$ 2,8 bilhões.

O saldo da balança, a diferença de receita entre as importações e exportações, já superou 2024. O saldo deste ano é de US$ 7,4 bilhões, enquanto em todo o ano passado foi de US$ 7,2 bilhões.

O bom saldo das exportações deste ano tem três explicações: a primeira é a queda nas importações do gás boliviano. Neste ano, nos primeiros 11 meses, a Petrobras comprou US$ 737 milhões em gás da Bolívia. Nos 12 meses do ano passado, as compras de gás natural da Bolívia totalizaram US$ 1,2 bilhão (41% das exportações na época).

O ganho de escala da celulose, após a inauguração da planta processadora da Suzano em Ribas do Rio Pardo, e a disparada nas exportações de carne bovina são outros dois fatores que ajudam a explicar o bom desempenho das exportações neste ano em Mato Grosso do Sul.

De janeiro a novembro, as vendas externas de celulose já totalizaram US$ 2,8 bilhões e superaram os US$ 2,7 bilhões exportados no ano passado, mesmo ainda faltando um mês para terminar.

As exportações de carne bovina aumentaram 51,1% no comparativo com todo o ano de 2024, com a venda de US$ 1,7 bilhão a outros países. São US$ 516 milhões a mais que os US$ 1,2 bilhão comercializados nos 12 meses do ano passado.

As vendas de carne bovina aumentaram mesmo com o tarifaço da gestão Donald Trump, que começou a valer em abril, com taxa de 10%, e foi reajustada em mais 40% em agosto. As tarifas foram retiradas em 21 de novembro, e o resultado pode ter reflexo apenas em dezembro.

Novembro

Um dos exemplos do bom momento para as vendas externas de carne bovina aparece quando os dados do mês de novembro são vistos isoladamente. A carne bovina ultrapassou a celulose – a soja já havia sido ultrapassada no mês anterior – e tornou-se o produto mais vendido de Mato Grosso do Sul no mês.

Ao todo, 29% das exportações de Mato Grosso do Sul foram de carne bovina no mês passado, receita de US$ 216,7 milhões. Já a celulose representou 24,5% das vendas, com receita de US$ 182,7 milhões.

As vendas de soja tiveram receita de US$ 101,6 milhões no mês passado, 13,6% de participação. É o terceiro produto mais vendido do Estado.

Destinos

No mês passado, a China seguiu como o maior parceiro comercial do Estado, destino de 38,2% das exportações. O gigante asiático comprou US$ 284,8 milhões em produtos de MS. Países Baixos (5,8%), Turquia (4%) e Estados Unidos (3,9%), nesta ordem, foram os outros parceiros do Estado no mês passado.

No acumulado do ano, a China tem uma participação maior nas exportações: 45% (US$ 4,4 bilhões). Apesar do tarifaço, os Estados Unidos seguem como o segundo maior parceiro comercial de Mato Grosso do Sul, por terem comprado US$ 477 milhões em produtos (4,8% das vendas).

Ainda assim, o volume comprado pelos norte-americanos é 22,5% menor que no ano passado (US$ 138 milhões a menos).