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Geral

Conheça tecnologias para a segurança da aviação sob mau tempo

O clima é uma variável presente na aviação, mas o setor é dotado de grande aparato para evitar acidentes que coloquem a segurança dos passageiros e da tripulação em risco.

dourados agora

02 de Dezembro de 2017 - 10:27

Imagine que você está prestes a viajar de avião. No local de partida, dia ensolarado. A aeronave decola, e o voo está aparentemente normal. Uma hora depois, fortes raios precedem a chuva, que começa a cair bruscamente.

O avião cruza com um ambiente de muita nebulosidade, com correntes de vento e gelo, o que causa turbulência e gera desconforto. A aeronave balança muito e você teme pela sua segurança e dos outros passageiros.

A situação pode até ocorrer, mas o piloto e diretor-executivo da Embry-Riddle Aeronautical University, para a América Central e do Sul, Fábio Campos, tranquiliza quem tem medo de tempestades durante os voos.

"Condições meteorológicas, sozinhas, impõem um risco pequeno aos voos comerciais. As aeronaves são seguras e preparadas para enfrentar diferentes situações climáticas.

A ideia de que um avião pode cair unicamente devido a um raio, por exemplo, não passa de mito", afirma. Ele complementa dizendo que a tripulação é preparada para enfrentar tais situações, podendo desviar ou alterar o destino quando esse tipo de interferência ameaça a operação dos voos.

Diversas são as condições climáticas que podem interferir nos voos. O clima é uma variável presente na aviação, mas o setor é dotado de grande aparato para evitar acidentes que coloquem a segurança dos passageiros e da tripulação em risco.

A previsibilidade faz com que situações inesperadas praticamente não ocorram, assim como contribui para que as companhias aéreas só cancelem ou desviem voos em último caso, segundo especialistas em aviação.

Monitoramento permanente

A começar pelo fato de todos os voos serem monitorados com acompanhamento em tempo real do posicionamento da aeronave, altitude, velocidade e rota estimada. A meteorologia nos aeroportos operados pelas aéreas também é observada 24 horas por dia.

As companhias se baseiam em boletins meteorológicos emitidos pela Aeronáutica e, em alguns casos, possuem contratos com empresas específicas para envio de alertas de fatores climáticos adversos, assim como para consultas e previsões semanais.

Sistemas de segurança

As aeronaves também são equipadas com diversos sistemas de segurança. O principal deles é o radar meteorológico, que emite alertas de mau tempo, precipitação e turbulências.

"É como um radar normal, que emite ondas e envia sinais para o piloto indicando condições de meteorologia pesadas que possam causar algum desconforto.

Se percebe uma situação desse tipo, ele imediatamente pode fazer uma solicitação para desviar da rota. Isso é normal no Brasil, sobretudo de dezembro a março, período em que ocorrem muitas chuvas no país", explica o consultor técnico da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), que também já trabalhou como piloto, Raul de Souza.

Outros sistemas presentes nos aviões são alertas de tesouras de vento (deslocamentos de ar em alta velocidade), alertas de proximidade com o solo, sistemas anti-ice, responsáveis por evitar a formação de gelo na estrutura da aeronave, sensores de temperatura, descarregadores de energia estática, mais conhecidos como para-raios, redundância de ignição nos motores, para garantir o funcionamento em chuva extrema, película que repele água nos para-brisas, além dos limpadores tradicionais, antenas de GPS (posicionamento) e de rádio navegação (comunicação com o solo).

Briefing meteorológico

Sempre que um avião decola, a tripulação recebe um briefing meteorológico da rota, baseado em informações do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo).

Os técnicos das companhias fazem prognóstico climático da chegada e da saída da aeronave, com detalhes como altura das nuvens, posição dos ventos e visibilidade de chegada.

Quando alguma alteração acontece, o controle de tráfego aéreo informa a tripulação em tempo real sobre possíveis desvios de rota.

Operação por instrumentos

Uma das alterações é a baixa visibilidade no momento do pouso da aeronave, que obriga a aproximação por instrumentos.

No Brasil, os aeroportos são classificados em diferentes categorias, dependendo dos Sistemas de Pouso por Instrumentos (ILS, na sigla em inglês) instalados neles.

Os equipamentos vão permitir pousos com maior ou menor visibilidade, de acordo com a tecnologia de cada um.

As companhias aéreas também precisam dos sistemas para poderem pousar em condições meteorológicas desfavoráveis.

Atualmente, algumas aeronaves da Latam, como o Boeing 767 e 777, e da Avianca, como o Airbus A319 e A320, possuem essa permissão, de acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).