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Assuma seus próprios erros

Por que as pessoas têm tanta resistência em admitir seus erros e assumir as consequências de seus atos?

Wilson Aquino

24 de Julho de 2019 - 17:02

Dia desses presenciei uma lamentável discussão de trânsito entre dois homens. Um deles, irresponsavelmente adentrou a uma via preferencial sem a devida precaução de parar e observar, e acabou por ser atingido por outro veículo que vinha na avenida (preferencial) em relativa velocidade. Para minha surpresa e certamente dos demais presentes, o infrator saiu do automóvel exaltado, esbravejante e procurando, de toda forma, responsabilizar o outro pelo acidente.

Ele gritava e xingava! E só não partiu para vias de fato porque o outro homem, certamente consciente de seus direitos, se limitava a dizer apenas: "vamos aguardar a perícia para fazer o devido julgamento".

A autoridade de trânsito logo chegou e julgou com facilidade o caso, certamente levando em conta que contra fatos não existem argumentos. O cidadão exaltado invadiu a preferencial e acabou sendo responsabilizado pelos danos dos dois veículos.

Esse episódio me remeteu a uma análise mais profunda desse comportamento humano em que muitos resistem até às últimas consequências em admitir seus próprios erros. Existem casos extremos de pessoas que "morrem" dizendo que pau é pedra, sem que ninguém consiga convencê-lo do contrário.

Por que as pessoas têm tanta resistência em admitir seus erros e assumir as consequências de seus atos?

Infelizmente esse não é um defeito inerente a um ou outro indivíduo. A natureza do ser humano é assim, carregada de orgulho, soberba, arrogância, prepotência, desonestidade, maldade e tantas outras más qualidades, que se não forem bem trabalhadas desde cedo, com uma boa educação e exemplos dentro do próprio lar, especialmente vindas do pai e da mãe, dificilmente serão controladas e isoladas quando o indivíduo atingir juventude e maturidade.

Vemos isso no dia a dia, no cotidiano das ruas, no trabalho e até mesmo dentro dos próprios lares. Em todos os lugares ocorrem a mesma coisa: a busca constante de desculpas para justificar falhas, quando seria muito mais simples e bonito ouvir a pessoa admitir com sinceridade e humildade, os erros e pecados cometidos.

Um amigo perdeu recentemente a esposa, os filhos, o emprego e o respeito próprio por conta da bebida. Entretanto, mesmo assim, ele não admite que é um alcoólatra e que precisa de ajuda.

Um outro conhecido era um recordista de demissão profissional por conta de seu jeito grosseiro de tratar as pessoas. Depois de um paciencioso e perseverante trabalho da esposa ele começou a admitir seu "defeito" e passou a trabalhar isso para quebra da rotina de demissões.

No início das Escrituras Sagradas (Gênesis) encontrei Adão também tentando se justificar diante de Deus sua desobediência de não comer do fruto da Árvore do Conhecimento. Diante do Senhor ele diz:

- A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi.

Então, o Senhor se dirige a Eva e Lhe pergunta: - Por que fizeste isto?

E Eva responde:

- A serpente (Satanás) me enganou e eu comi.

Ou seja, nenhum dos dois, mesmo diante de Deus, teve a humildade e  a coragem de baixar a cabeça, com pesar, e admitir que errou, sem procurar se justificar.

Não é fácil ao homem adquirir bons princípios, morais e espirituais. Mas é plenamente possível, desde que queira.

Aliás, absolutamente "tudo" é possível ao homem, desde que realmente trabalhe e se esforce à altura do que cada conquista exige. Ser bondoso, justo, honesto, sincero, sábio... exige esforço constante e vigilância permanente de nossos atos e ações praticadas no dia a dia. E essas conquistas são mais saborosas, confiáveis e duradouras quando amparadas e alicerçadas nos ensinamentos de Deus.