Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Sexta, 19 de Abril de 2024

Esporte

Arthur Nory voa na barra fixa, crava série e fatura o ouro no Mundial de Ginástica

Medalhista olímpico do solo faz grande apresentação para fechar competição em Stuttgart com o título mundial

Globo Esporte

13 de Outubro de 2019 - 18:19

Arthur Nory explode em alegria ao cravar a saída. O medalhista olímpico do solo sabia que a série da barra fixa tinha sido próxima da perfeição e que estava perto seu primeiro pódio em um Mundial de ginástica artística. E a medalha inédita foi de ouro, levando o ginasta de 26 anos aos prantos. Nory voou em acrobacias de grande dificuldade para arrancar o título em Stuttgart com uma nota 14,900 pontos, deixando para trás o croata Tin Srbic (14,666) e o russo Artur Dalaloyan (14,533).

- Foi incrível, não sei o que dizer. Só tenho a agradecer ao meu treinador e à minha equipe multidisciplinar. Só quem está comigo todo dia sabe o peso que foi conquistar esse título mundial. Fui quarto do mundo em 2015 e comecei a trabalhar bastante para evoluir. Isso é um trabalho a longo prazo, e o foco maior é Tóquio 2020 - disse o campeão do mundo.

Bronze no solo da Olimpíada do Rio, Nory conquistou uma medalha em seu principal aparelho. Ele já havia sido quarto colocado no Mundial de Glasgow, em 2015, mas em um cenário totalmente diferente do de Stuttgart. Nory era azarão, com nota de dificuldade pelo menos meio ponto atrás dos medalhistas na Escócia. Na Alemanha, o brasileiro apresentou a série mais difícil, alinhada a uma precisão incrível. Uma receita de ouro.

Arthur Nory deixou para trás concorrentes de peso. Tin Srbic, prata neste domingo, foi campeão mundial em 2017. O americano Sam Mikulak foi vice no ano passado. O holandês Epke Zonderland, campeão olímpico de 2012 e maior nome da prova, nem pegou final depois de falhar na classificatória.

O título foi um prêmio à dedicação de um ginasta que em maio descobriu ter um problema sem cura no joelho. A condromalácia é um desgaste crônico da cartilagem do joelho que o fez diminuir a carga de impacto no solo e no salto. Por outro lado, a lesão fez também Nory focar ainda mais na barra fixa. Foi assim que ele foi evoluindo a cada série no ano. Primeiro no Pan de Lima, quando ficou com a prata atrás apenas do companheiro de treino Francisco Barretto, que teve um dia iluminado. Depois no Mundial de Stuttgart, com uma série precisa na classificatória justo depois de duas falhas da equipe do Brasil no aparelho. Nory cresceu em execução até chegar bem perto da perfeição justamente na final do Mundial.

Arthur Nory entra para um seleto hall de brasileiros campeões mundiais, se juntando a Daiane dos Santos, Diego Hypolito e Arthur Zanetti - Jade Barbosa e Daniele Hypolito também têm medalhas em Mundiais, mas não foram campeãs. O título de Nory também mantém o Brasil no quadro de medalhas do Mundial de ginástica artística - Zanetti foi prata em 2018.

- Parece que é um filme que eu vi passando a semana inteira. Sempre sonhei em vir aqui dar entrevista como campeão do mundo. O caminho não foi fácil. Treinei muito, suportei dores no ombro, levei broncas do meu técnico (risos) e hoje estou aqui - comentou Arthur Nory.

A final da barra fixa

Campeão mundial de 2017, o croata Tin Srbic abriu a final com uma série quase cravada para tirar 14,666 pontos. Líder da classificatória e favorito, Tang Chia-hung, de Taiwan, falhou justamente no seu ponto forte: a execução. Com uma queda, ficou com 12,766 pontos e sem chance de pódio. O chinês Lin Chaopan, que entrou para a final com a maior nota de dificuldade (6,5), errou e teve apenas 6,2 de dificuldade e 14,033 pontos. O russo Artur Dalaloyan estava cravando a série até a saída, quando deu um passo largo e acabou com 14,533 pontos.

Era chegada a vez de Nory. O brasileiro se concentrou e foi preciso. A cada voo na barra fixa, Nory arrancava aplausos da arquibancada. E foi assim, sem erros até a saída cravada. A explosão de alegria ao fim da série já indicava que a medalha estava próxima. A nota 14,900 pontos o colocava bem perto até do título.

O japonês Daiki Hashimoto veio na sequência e só conseguiu 14,233 pontos. Àquela altura a medalha de Nory estava garantida. Restava saber qual o degrau do pódio que ele ocuparia. O australiano Tyson Bull, azarão da prova, sofreu uma queda e ficou com 13,200 pontos. O americano Sam Mikulak, prata no Mundial de 2018, tentou dificultar sua série, mas acabou pecando na execução, ficando com 14,066 pontos.

Dobradinha russa

Na primeira final do dia, os russos mais uma vez fizeram uma dobradinha. Nikita Nagornyy e Artur Dalaloyan repetiram no salto o pódio do individual geral. Nagornyy foi um pouco mais preciso e ficou com o ouro com média 14,966 pontos, apenas 0,033 melhor que Dalaloyan. O bronze ficou para o ucraniano Oleg Verniaiev, com média 14,749, repetindo sua colocação da Rio 2016.

Novo campeão das paralelas

Os favoritos nas barras paralelas pararam na classificatória, deixando a final do aparelho aberta e acirrada. A diferença entre o campeão e o quinto colocado foi de apenas um décimo. Melhor para o britânico Joe Fraser, com apenas 20 anos se sagrou o novo campeão das paralelas conseguindo 15,000 pontos na final. A prata foi para o turco Ahmet Onder, com 14,983 pontos. O japonês Kazuma Kaya completou o pódio com 14,933 pontos, vencendo o chinês Xiao Ruoteng no critério de desempate (maior nota de execução).