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Saúde

Coronavírus no Brasil: tire dúvidas sobre risco de contaminação e sintomas

Brasil tem um paciente diagnosticado com a infecção; outros vinte estão sob investigação, de acordo com o Ministério da Saúde.

VEJA

26 de Fevereiro de 2020 - 13:42

Coronavírus no Brasil: tire dúvidas sobre risco de contaminação e sintomas

Nesta quarta-feira, 26, o país teve a confirmação do primeiro paciente com diagnóstico positivo do novo coronavírus no Brasil. Trata-se de um homem com 61 anos, que viajou pela região da Lombardia, na Itália. Atualmente, existem no país outros vinte casos sob investigação. Veja abaixo algumas das principais dúvidas sobre como proceder com a chegada do vírus no país.

Quais os sintomas da doença?
Os mais prevalentes são febre baixa, tosse e falta de ar. Alguns pacientes apresentam coriza e diarreia. Casos graves podem evoluir para pneumonia, síndrome respiratória aguda grave e insuficiência renal. Ressalte-se, contudo, que são ocorrências comuns a diversas enfermidades — daí a importância de sempre procurar orientação médica.

O que devo fazer se tiver os sintomas da doença? Quais autoridades devo avisar?
O paciente que apresentar os sintomas e que tenha visitado uma das áreas de surto ou entrado em contato com pessoas recém-chegadas deve procurar o pronto-socorro. Em grandes centros de saúde ocorre o que é chamado de fast-track (uma via rápida em inglês). Nele, as pessoas que apresentam esses sintomas recebem atendimento prioritário e uma máscara de proteção. Cabe ao centro de saúde avisar as autoridades sanitárias responsáveis.

O fato de ser verão reduz o risco de contaminação?
Sim, os vírus respiratórios têm maior taxa de transmissão com tempo seco e no frio. Principalmente porque há maiores aglomerações de pessoas em ambientes fechados, sem ventilação natural. Como o Brasil passa por um verão com alta umidade, a propagação do vírus pode ser menor do que em outros países do hemisfério norte.

O Brasil está preparado para lidar com um surto do novo coronavírus?
Acredita-se que sim. Já ocorreram outras epidemias de doenças respiratórias no país, caso do H1N1, e foi possível responder à altura. Outro ponto favorável foi o tempo que levou para o vírus chegar até o país, houve prazo para, por exemplo, criar uma legislação específica para as ações que devem ser tomadas a cerca da doença. Os próximos passos neste primeiro momento da infecção serão cruciais, principalmente para identificar e isolar os primeiros doentes.

O único paciente com o diagnóstico positivo no país foi liberado para casa, onde deve manter o isolamento. Como deve ser o procedimento quando há um caso na família?
O paciente deve ficar em um ambiente que não seja compartilhado, um quarto, por-exemplo. Também deve evitar transitar muito por áreas comuns, caso da cozinha. Caso o faça, deve usar máscara. A internação só é indicada para pacientes graves, com quadros de risco. Com o aumento dos diagnósticos positivos, se ocorrer, fica inviável isolar todas as pessoas em um hospital. O isolamento em casa feito de forma correta é de extrema importância.

Como se prevenir do contágio do vírus? Álcool em gel funciona?
Neste momento, já é indicado evitar aglomerações. A melhor medida é lavar as mãos constantemente (com intervalos entre duas e três horas). Caso tenha frequentado ambientes com grande fluxo de pessoas — como metrôs, ônibus e trens — a orientação é fazer a higiene das mãos imediatamente. Caso não haja uma pia com água e sabão disponíveis, o álcool em gel pode ajudar. Uma vez com as mãos limpas, não há problema em tocar o rosto, do contrário, deve-se evitar.

Máscaras faciais devem ser usadas ou é exagero?
As máscaras devem ser usadas por quem está doente. Para os pacientes saudáveis é duvidoso se trará alguma mudança no risco de infecção. Para os infectados, a orientação geral é trocar o item a cada duas horas, isso porque o tecido de proteção é umedecido conforme o usuário respira e dessa forma perde a eficácia.

A partir de qual idade existe maior risco de morte?
A letalidade do vírus ocorre com maior frequência entre pacientes idosos e portadores de doenças crônicas. A taxa geral de mortalidade é de 2,3%, exceto no grupo de risco, onde é um pouco mais alta (14% entre pessoas com mais de 80 anos, por exemplo).

Fonte: Celso Granato, infectologista e diretor clínico do laboratório Fleury e Organização Mundial da Saúde (OMS).