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Política

Primo de Mandetta, prefeito diz que discurso de Bolsonaro gera incerteza na população

Marcos Trad lembra que taxa de isolamento caiu depois da fala do presidente

Correio do Estado

09 de Abril de 2020 - 13:21

O prefeito de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), voltou a criticar a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contrárias às medidas de isolamento para combater a disseminação do coronavírus. Para o chefe do Executivo da Capital, toda vez que o presidente fala, mais gente circula, e fica mais propícia a contaminação.

“Essa epidemia aqui dentro de Campo Grande teve duas fazes: uma antes do discurso do presidente (em 24 de março) e outra depois do discurso”, frisou o prefeito na manhã desta quinta-feira (9). “Antes do discurso, 80% estava dentro de casa, éramos o primeiro do ranking. Depois do discurso (a taxa de isolamento) começou a cair, dia dia”, acrescentou.

O prefeito da Capital, que é primo do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), mantém alinhamento com as orientações do ministério. Por causa da divergência de recomendações entre Mandetta e Bolsonaro, nas últimas duas semanas o ministro e o presidente entraram em rota de colisão, e na última segunda-feira, a demissão de Mandetta foi cogitada. “Cheguei a limpar minhas gavetas”, disse o ministro na ocasião.

Trad diz que votou em Bolsonaro, mas que a postura do presidente está levando incerteza à população. “Toda vez que ele vai ao microfone gera uma polêmica muito grande e incerteza na população. O líder da nação tem que trazer paz, harmonia. Se a opinião dele é minoritária ele não pode existir dizendo ‘eu tenho a caneta’, ‘minha caneta tem tinta’. Isso não é maneira de se governar”, opinou.

Bolsonaro falou sobre o uso de sua caneta no domingo (5), véspera do dia em que a demissão de Mandetta foi cogitada.

SUBNOTIFICAÇÃO

Marcos Trad (PSD) também cogitou a hipótese de subnotificação dos casos de coronavírus em Campo Grande. Na quarta-feira, Campo Grande tinha 48  casos confirmados da Covid-19. “Esses números muitas vezes são ilusórios, porque não tem exame para ser feito. Está se fazendo exame só em quem está com os sintomas”, disse.