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Sidrolândia

Covid-19: Sem renda, músicos sidrolandenses tentam driblar a crise em lives e prestação de serviço

Com as agendas canceladas e os barzinhos fechados, as soluções variam desde lives até a busca por outros empregos.

Crislaine Jara/Região News

20 de Maio de 2020 - 16:12

Covid-19: Sem renda, músicos sidrolandenses tentam driblar a crise em lives e prestação de serviço

Em meio a quarentena para evitar a disseminação do novo coronavírus em Sidrolândia, alguns músicos têm buscado alternativas para ganhar dinheiro e evitar que as contas se acumulem. Com as agendas canceladas e os barzinhos fechados, as soluções variam desde lives até a busca por outros empregos.

Alguns estabelecimentos decidiram usar as redes sociais para que os músicos possam fazer apresentações ao vivo, sem que os internautas tenham que sair de casa. A maioria está trabalhando com deliverys.

Atuando na música há 11 anos, Ademar Espindola relata a surpresa por precisar suspender os eventos e a dificuldade de retomar outra atividade. “Tinha chegado de viagem numa segunda-feira, no decorrer da semana foram adiando as datas, tinha eventos fechados até agosto, fiquei sem trabalho do dia pra noite. Até tentei voltar a trabalhar com outra coisa, porém como estou trabalhando com música desde 2009 e por conta de muitos comércios estarem sofrendo com a pandemia, não consegui”, afirma.

Para o RN, ele conta que está contando com a ajuda de amigos e familiares para enfrentar as dificuldades. “Tenho recebido ajuda de uns amigos e familiares e também estou rifando um vilão”.

Ademar afirma que quem vive da música ainda sofre certos preconceitos. “Infelizmente para muitos nossa profissão ainda é malvista, porem ninguém vive sem música. Creio que nossa classe é uma das mais prejudicadas neste momento. Observando aqui, somos uns 3 ou quatro que vivem apenas da música, os demais têm seu trabalho registrado, tentei conversar com alguns representantes para que tivesse uma medida para nós, mas não obtive respostas”.

Já a dupla Zauride e Cristiano, está se mantendo com o emprego fixo na cidade e através de parceria com estabelecimento em lives. Zauride atualmente trabalha na JBS e Cristiano no Controle de Vetores. Segundo Cristiano, a forma encontrada é diminuir gastos e economizar. “Agora o jeito é diminuir as contas e ir empurrando com a barriga, economizar por um lado e outro”.

Já Zauride afirma que a renda gerada com a música está bastante prejudicada. “Pegou todo mundo de surpresa, para quem vive da música é muito difícil, acredito que os músicos deveriam ter mais apoio”.

Para Meire Soares, a situação é caótica, sem interesse das autoridades ou da população em contribuir. Vivendo do trabalho informal, ela relata dificuldades para atuar na cidade. “Muitos de nós temos na música o nosso sustento, é o nosso trabalho, a maioria de maneira informal, ou seja, dependemos dos bares, restaurantes, casas de show, abertos para realizarmos nossas apresentações. Com esses espaços fechados, não há mercado de trabalho para nós e isso gera outras consequências”, afirma.

Meire ainda comenta sobre o tempo dedicado na preparação das apresentações. “Os profissionais liberais da música estão enfrentando uma situação caótica; se não estão passando dificuldades mais complicadas, estão acumulando dívidas. Não há qualquer interesse por parte das autoridades e nem mesmo da população em contribuir, ao menos com alimentação, a quem sempre se preocupou em separar várias horas da semana para entretenimento dos mesmos, além dos estudos, dos investimentos (muitas vezes financeiro), para entregar apresentações com qualidade, isso inclui também as lives que temos feito”.

“A dificuldade financeira é nítida, dolorosa, mas inevitável”, é desta forma que o cantor Jean Dias define a fase de quarentena.

Dias ainda comenta que “o momento é inesperado e inusitado, ainda não temos uma noção exata do quão difícil será o que está por vir”. O cantor tem contado com o auxilio do Governo Federal para suprir as contas. “Estou tentando manter a calma, com o auxilio, ajuda de alguns amigos, vou mantendo minhas necessidades básicas, vou indo, mas tá complicado”, afirma.

Jean que tem na música sua fonte de renda, acredita que assim as apresentações, assim como em Campo Grande, pudessem ser liberadas. “Cheguei a propor a um vereador que nos ajudasse para liberar aqui na cidade, tem uma pequena quantidade em Sidrolândia que vive exclusivamente da música assim como eu”. Ele ainda diz que agora é esperar a pandemia passar. “Não está fácil para ninguém, precisamos acreditar que isso vai passar logo”.

*Matéria atualizada para acréscimo de informações.