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Mato Grosso do Sul

Mensagens revelam plano para expandir esquema de corrupção para Corumbá e mais cidades

Correio do Estado

28 de Outubro de 2025 - 08:24

Mensagens revelam plano para expandir esquema de corrupção para Corumbá e mais cidades
Operação Fake Cloud foi desencadeada na semana passada - Divulgação

Conversas interceptadas pelo Grupo Especializado de Combate à Corrupção (GECOC) mostram investigados combinando fraudes em licitações e planejando replicar o modelo em novos municípios; um dos alvos foi nomeado secretário de governo em Corumbá, confirmando que a execução do plano estava em pleno vapor.

Conversas detalhadas em mensagens de WhatsApp, obtidas pelos promotores do Gecoc, que expunham um plano de expansão de suposto esquema de corrupção para outras quatro cidades de Mato Grosso do Sul, foram a prova-chave que levou a Justiça a decretar a prisão de três homens e determinar buscas contra outros três na “Operação Fake Cloud”.

A investigação do Gecoc, ligado ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) revelou que os integrantes da suposta organização criminosa, já investigados na Operação Turn Off, de 2023, e Parasita, de 2022, não só atuava em Itaporã, mas já tinha um plano concreto para implantar as fraudes em Corguinho, Aquidauana, Anastácio e, principalmente, Corumbá.

As mensagens extraídas dos celulares mostram que mesmo com as duas operações anteriores, os integrantes do grupo continuavam a operar fraudes em licitações e, supostamente, pagamento de propina a agentes públicos, com o passar dos anos.

Contra Lucas Coutinho há procedimentos investigatórios que vão de falsidade ideológica ao usar certidões falsas para participar de licitações em 2015 a até fraude em licitações de uniformes no mesmo ano.

De acordo com o relatório do Gecoc, a seriedade do plano foi confirmada quando um dos principais investigados, Nilson dos Santos Pedroso, foi nomeado para o cargo de Secretário de Governo em Corumbá.

Detalhado no WhatsApp

A investigação, que culminou na decisão do juiz Evandro Endo, da Vara de Itaporã, teve origem em provas colhidas na “Operação Parasita”, uma ação anterior do GECOC. Ao analisar os celulares apreendidos, os promotores encontraram um vasto registro de conversas que, segundo a decisão judicial, continham “minuciosamente as empreitadas criminosas”.

As mensagens mostravam os investigados combinando como fraudar Dispensas de Licitação na Prefeitura de Itaporã, um esquema que já teria desviado pelo menos R$ 159.828,00 dos cofres públicos desde 2022.

O que mais alarmou os investigadores, no entanto, foi descobrir que o grupo não estava satisfeito em operar apenas em Itaporã.

“Em mensagens de celular, é possível extrair que LUCAS COUTINHO e GEORGE WILLIAN, iniciariam tratativas acerca da implantação do esquema criminoso nos Municípios de Corguinho, Aquidauana, Anastácio e Corumbá”, destaca o magistrado na decisão que decretou as prisões.

Expansão dos planos

Para o juiz, o plano de expansão deixou de ser apenas uma conversa e poderia estar a caminho de se concretizar. A investigação do GECOC confirmou que, em 10 de janeiro de 2025, Nilson dos Santos Pedroso foi oficialmente nomeado para o cargo de Secretário Adjunto na Secretaria Municipal de Governo de Corumbá. Em 26 de junho, ele foi promovido para o cargo de titular da pasta.

Para a Justiça, essa nomeação foi a prova definitiva de que o grupo estava se infiltrando em outras administrações para replicar o modelo de corrupção. A “atualidade da atuação criminosa”, segundo o juiz, gerou o “temor de que, soltos, possam retardar ou atrapalhar a investigação”, justificando a necessidade das prisões preventivas para “garantir a ordem pública”.

Foram decretadas as prisões de Lucas de Andrade Coutinho, Nilson dos Santos Pedroso e George Willian de Oliveira. Mandados de busca e apreensão também foram expedidos contra eles e contra Paulo Henrique de Souza, Gabriel Cordeiro Spontoni e Miguel dos Santos Andrade.