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Policial

A cada dia 4 pessoas perdem a vida de forma violenta em MS, aponta IBGE

A faixa etária com maior número de vítimas é de 20 a 24 anos

Campo Grande News

27 de Novembro de 2016 - 21:38

Por dia, quatro pessoas tiveram mortes violentas em Mato Grosso do Sul em 2015. Foram 1.488 óbitos por acidentes de trânsito, afogamentos, suicídios, homicídios, dentre outras causas consideradas não-naturais - 9,6% do total de 15.216 mortes registradas no Estado no ano passado -, de acordo com as estatística de registros civis, divulgadas nesta semana pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A faixa etária com maior número de vítimas é de 20 a 24 anos. No ano passado, entretanto, 351 adolescentes e jovens que tinham entre 15 e 24 anos morreram de forma violenta - quase um por dia.

Suicídios - Falar sobre o assunto ainda é tabu, mas nos últimos dez dias, a quantidade de casos e a circunstâncias das ocorrências chamaram a atenção para os suicídios. A tristeza profunda que fez com que um padre, uma designer de interiores, um comerciante e um estudante acabassem com própria vida não escolheu idade.

No dia 18 deste mês, o padre Rosalino de Jesus Santos, 34 anos, foi encontrado morto na casa onde ele morava em Corumbá - a 417 km de Campo Grande -, que pertencia a Igreja Católica. Ele tinha depressão desde 2013, segundo familiares e amigos.

No mesmo dia, a designer de interiores, Tatiane Brandão, 36, tirou a própria vida com um tiro no peito, em Campo Grande. Ela também tinha depressão.

No dia 21, o Julio Cesar Dellasari, 61 , foi encontrado morto na loja de móveis dele, no Jardim São Lourenço - leste da Capital. Ele deixou uma carta de despedida pedindo perdão para a família e dizendo que "não tinha outra saída". O empresário era alcoólatra, depressivo e estava endividado.

Na quinta-feira (24), Lucas Cavalcante da Silva Louveiro, 19 anos, se jogou do viaduto da avenida Salgado Filho sobre a Ernesto Geisel. Ele cursava o 4º semestre de Odontologia e, segundo a família, não tinha histórico de depressão. No dia 3 de setembro, entretanto, ele postou no Facebook mensagem sobre estar a beira de um "abismo".

Homicídios - Os assassinatos representam boa parte do total de morte violentas. No ano passado, foram 598 homicídios dolosos (quando há a intenção de matar), latrocínios e lesões corporais seguidas de morte em Mato Grosso do Sul - média de um a cada 14 horas, conforme o 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

A Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), contabilizou na Capital 113 homicídios dolosos - um a cada três dias. A média não aumentou e nem diminuiu neste ano, quando 465 foram assassinadas no Estado e 112 em Campo Grande.

Algumas dos assassinatos cometidos por Luiz Alves Martins Filho, o “Nando”, 49 anos, vão entrar para as estatística de mortes violentas em 2015. Considerado um serial killer pela Polícia Civil, o homem preso no dia 10 de novembro teria matado ao menos 13 pessoas, de 2012 até agora.

Ele agia no Danúbio Azul - bairro onde morava, no nordeste de Campo Grande - e enterrava os corpos em seu "cemitério particular" no Jardim Veraneio, uma área nos fundos da Uniderp Agrárias.

Queda - As mortes de jovens entre 15 e 24 anos por causas violentas (acidentes de trânsito, afogamentos, suicídios, homicídios, quedas acidentais) tiveram redução nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste na comparação entre 2005 e 2015, mas tiveram alta expressiva em estados do Norte e Nordeste.

Segundo o estudo, as quedas mais significativas ocorreram no Rio de Janeiro, no Distrito Federal, em São Paulo, no Paraná e em Mato Grosso do Sul.
No Estado, a queda no número de homens que morreram de forma violenta neste intervalo foi de 22,8% e de mulheres, de 1,9%.

O pesquisador do IBGE Fernando Albuquerque explica que os processos de industrialização e urbanização recentes no Norte e Nordeste fez aumentar os acidentes de trânsito, principalmente com motos, e os homicídios. “A Lei Seca e a fiscalização mais intensa vêm diminuindo muito o número de acidentes no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, por exemplo”, explicou às Agência Brasil.