Policial
Corretores de grupo de MS suspeito de aplicar golpe milionário continuam a incentivar investidores
Áudio enviado a clientes fala em "tranquilizar todo mundo" e que dinheiro vai ser liberado. Integrantes do esquema foram presos durante operação Ouro de Ofir e tiveram bens apreendidos.
G1 MS
22 de Novembro de 2017 - 17:51
Mesmo após a Polícia Federal deflagrar a operação Ouro de Ofir, na terça-feira (21), prender integrantes do esquema e apreender objetos de luxo, na tentativa de desarticular uma suposta quadrilha que aplicou golpe milionário em cerca de 25 mil pessoas pelo país, corretores continuam a incentivar os investidores.
Um áudio conseguido pela PF mostra um homem que se identifica como Crispin tentando mostrar que a situação está tranquila e que o dinheiro prometido será repassado a quem assinou contrato com a empresa na promessa de receber valores muito maiores em troca.
"Boa tarde, grupo de futuros milionários do Brasil. Estamos aqui mais uma vez. Eu, Crispin, para falar com vocês. Tranquiliza-los. E dizer que estamos juntos. Estamos aí. Agora é só aguardar essa liberação aí. Ele está abrindo as contas. Tem um tempo, vai lá e abre mais, de acordo com os contratos que vão sendo feitos. O dinheiro vai ficar bloqueado. Quando tiver todas as contas pontas, tudo pronto, ele vai lá e manda liberar tudo de uma vez só", diz a gravação.
A Polícia Federal informou nesta quarta-feira (22), por meio de nota enviada à imprensa, que os três alvos de prisão temporária, sob custódia na sede da superintendência, permanecem no prédio, em Campo Grande. A PF comunicou ainda que está analisando todo material apreendido, inclusive os contratos firmados entre clientes e suspeitos investigados.
O esquema
O grupo atuava como instituição financeira clandestina, coptando valores normalmente acima de R$ 1 mil de investidores, com a promessa de recebimentos milionários. Os investidores eram induzidos a depositar quantias para ter uma lucratividade de mais de 1.000%.
De acordo com a PF , o grupo dizia ao investidor alvo haver uma mina de ouro já explorada e que os valores referentes às comissões de venda estavam sendo repratiados, vendidos e até mesmo doados a terceiros.
O grupo também prometia quantias milionárias com liberação de uma antiga Letra do Tesouro Nacional LTN. Tudo isso mediante pagamento prévio.
Conforme a PF, os alvos da operação Ouro de Ofir, faziam contrato com o investidor. Papéis estes que não possuem lastro ou objeto jurídico plausível: os nomes eram Operação SAP e Aumetal. Também eram falsificados documentos de instituições públicas federais na tentativa de oferecer credibilidade ao que era repassado às vítimas
Entre os suspeitos de integrar o grupo estão advogados, consultores e servidores da Justiça.
Líderes
Segundo o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Cléo Mazzotti, há pelo menos dez anos os suspeitos vinham aplicando esse tipo de golpe, mas que nos últimos dois a metodologia foi aprimorada. Ele explica que o grupo tinha quatro divisões: os líderes, chamados de paymasters; os escriturários, que ficavam encarregados de recrutares os corretores, e estes, que por sua vez procuravam as vítimas, em redes sociais, grupos de wattsapp e até em em igrejas. São centenas de corretores em todo o país. Nos acreditamos que alguns sabiam que era um golpe, outros não. Isso vamos verificar em uma outra fase da investigação.
De acordo com Mazzotti, nesta etapa da investigação, que já dura pelo menos seis meses, o trabalho foi centrado nos líderes da quadrilha, os três paymasters, que foram presos com mandados de prisão temporária em Campo Grande. Na ação, deflagrada nesta terça-feira foram apreendidos mais de R$ 1 milhão em dinheiro, carros de luxo, 200 quilos de pedras preciosas e armas de fogo.
Além de Campo Grande foram cumpridos mandados de busca e apreensão também em Goiás e no Distrito Federal. Um pessoas está foragida e quatro foram levadas com condução coercitiva para prestarem depoimento.
Fachada
O delegado disse que para dar uma fachada de credibilidade ao golpe a quadrilha utilizava vários artifícios. Um dos membros, por exemplo, apresentava uma carteira de juiz federal arbitral e o outro se identificava como cônsul de Guiné Bissau. Não existe essa função de juiz federal arbitral. O juiz arbitral é função particular, que atua em conciliações. E o membro do grupo se apresentava somente como juiz federal. A mesma coisa é com o que se apresentava como cônsul, que é uma função honorária. Eles usavam isso para dar status, dar mais credibilidade ao golpe.
Nome da operação
Segundo a PF, Ouro de Ofir é baseado em uma cidade mitológica da qual seria proveniente um ouro de maior qualidade e beleza. Tal cidade nunca foi localizada e nem o metal precioso dela oriundo.




