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Policial

Facção criminosa pressiona e Agepen transfere 32 presidiários da Máxima

Um exemplo disso foi a expulsão de 32 internos que estavam em convívio mútuo com rivais no Pavilhão 6.

Correio do Estado

16 de Dezembro de 2016 - 09:27

O domínio das facções criminosas no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, localizado no Complexo Penitenciário do Jardim Noroeste, cresce de forma preocupante. Não bastasse a guerra entre rivais, que já é responsável por pelo menos sete das 19 mortes ocorridas na unidade só este ano, os grupos desafiam o Estado e ditam suas próprias regras dentro do regime.

Em tom ameaçador, presos forçam a escala de agentes, escolhem quem fica ou não nas celas e são responsáveis até mesmo por definir quem merece atendimento médico ou não, tudo de forma ilegal, na base da troca.

Um exemplo disso foi a expulsão de 32 internos que estavam em convívio mútuo com rivais no Pavilhão 6. O Primeiro Comando da Capital (PCC) ameaçou matar os desafetos do Comando Vermelho (CV) e ordenou que eles deixassem o pavilhão, sob pena de execução.  Ontem, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário transferiu presos da Máxima para outra unidade. A repartição evitou informar o número de transferidos e a penitenciária de destino.

Na quarta-feira, os 32 ameaçados foram transferidos para o Pavilhão de Número 3, mas iniciaram motim alegando que a ala não era segura e que a qualquer momento poderia ser invadida. Eles temiam ser assassinados durante nova rebelião. Não coube outra solução ao Estado a não ser “agir com prudência” e ceder, promovendo transferência.

O ato reflete a complexidade da atuação dos grupos que de, forma subjetiva, têm poder para julgar quem fica ou quem morre, e traz à tona outros cenários. De acordo com o Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária (Sinsap), na base da ameça, os internos escolhem qual servidor deve trabalhar e onde. “O servidor, que já trabalha em condições precárias e em número menor, não pode se expor. Assim, é prudente que entrem no jogo para evitar represálias”, explicou André Luiz Garcia Santiago, presidente do Sinsap.