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Policial

MS era apenas "agenda" de suspeito de chefiar organização criminosa

A “Operação Castra” foi desencadeada na última sexta-feira (4), no Paraná, São Paulo e MS.

Campo Grande News

07 de Novembro de 2016 - 13:00

Integrante do MST (Movimento Sem Terra) e apontado pela polícia como o cabeça de uma organização criminosa, Antônio de Miranda, o “Bugre”, não está mais em Mato Grosso do Sul. Segundo a delegada Anna Karyne Turbay Palodetto, da 15 Subdivisão de Cascavel (PR), o Estado não está envolvido nas investigações e apareceu apenas como o destino de uma das viagens do suspeito.

A “Operação Castra” foi desencadeada na última sexta-feira (4), no Paraná, São Paulo e MS. No total oito membros do MST foram presos por diversos crimes como organização criminosa suspeita de furto e dano qualificado, roubo, invasão de propriedade, incêndio criminoso, cárcere privado, lesão corporal, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e permitido e constrangimento ilegal.

De acordo com a delegada, “Bugre”- dirigente nacional do movimento, com forte liderança no Paraná - estava em Sidrolândia, pois viaja muito por conta de sua forte atuação no movimento. “As investigações seguem, mas até o momento ele está foragido”, revela.

Investigação - A investigação começou em março de 2016. A Polícia Civil se deparou com uma situação de incêndio criminoso num viveiro de mudas. A delegada Anna Karyne lembra ainda do episódio da invasão da Fazenda Dona Hilda, em Quedas do Iguaçu, quando empregados da propriedade disseram, em depoimento à polícia, terem sido mantidos em cárcere privado por horas e sob a mira de armas de fogo de grosso calibre.

O dono da terra relatou que após a invasão cerca de 1.300 cabeças de gado sumiram. Ainda segundo o fazendeiro, a invasão gerou um prejuízo estimado em R$ 5 milhões no total de danos à propriedade.

“Descobrimos que parte deste gado foi roubado pelos investigados e revendidos. Conseguimos recuperar alguns animais. Em uma destas negociações, os bois foram comprados por R$ 140 mil”, disse Anna. “Temos relatos de extorsão praticada pelos alvos da operação. Eles chegavam a cobrar até R$ 30 mil do fazendeiro para que ele pudesse colher a lavoura de soja”, completou.

Em abril, houve um confronto entre policiais militares e integrantes do MST, que resultou na morte de dois sem-terra. O movimento acusou a PM de fazer uma emboscada, o que foi descartado após investigação da PC e da Polícia Federal. “Durante a nossa investigação, ficou comprovado que integrantes do MST andavam armados e que a PM não fez nenhuma emboscada. O que se percebeu é um grupo extremamente organizado, mas que realizavam diversos crimes”, disse o delegado titular da 15 Subdivisão, Adriano Chohfi.

Segundo a polícia, a ação do MST atingia até mesmo os próprios assentados. Havia, conforme depoimentos colhidos pela polícia, à exigência de pagamentos referente à água, luz e acampamento, no valor de R$ 23. A água, entretanto, seria proveniente de um poço artesiano e a conta referente à energia não seria pago à Copel.

Documentos dos integrantes também seriam recolhidos pelos “administradores” e inclusive a cobrança de uma taxa no caso de necessidade de algum assentado ter se se ausentar do assentamento por um tempo superior a dez dias, que é o estabelecido por eles. No caso do descumprimento de alguma regra, punições eram impostas.

Segundo a polícia, o nome “Castra” da operação é porque significa acampamento em latim, locais onde a maioria dos integrantes desta organização criminosa residem.