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Policial

Padre e coroinha faziam sexo em motéis à tarde, diz polícia em MS

Encontros começaram em novembro. Adolescente de 16 anos está grávida. Líder religioso usava carro da igreja para buscar menina, diz delegada.

G1 MS

16 de Outubro de 2015 - 16:29

O padre Jocerlei José Tavares, 44 anos, e a coroinha de 16 anos, que está grávida dele, se encontravam desde o fim de novembro em motéis de Campo Grande, segundo investigações da Polícia Civil. O líder religioso foi afastado das funções pela Arquidiocese de Campo Grande.

Na época do afastamento, o site entrou em contato com o padre. Por mensagem de texto, ele não quis comentar o caso e pediu para a reportagem falar com a Arquidiocese. Nesta sexta-feira, a equipe voltou a fazer contato com Jocerlei, mas ele não atendeu às ligações e não respondeu às mensagens.

A delegada Daniella Kades, adjunta da Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente (DEPCA) disse ao G1, nesta sexta-feira (16), que os encontros sexuais eram durante a tarde, período em que a adolescente falava para a família que estava na igreja. O padre buscava a garota com o carro da igreja e os dois seguiam para o motel.

"A menor falou que o relacionamento amoroso com o padre foi de consentimento de ambos, ela consentiu com todas as relações que eles tiveram, que foram cerca de quatro vezes, que os encontros ocorreram sempre no período vespertino e se deram em motéis. Agora os fatos também foram confirmados pelo padre em depoimento", explicou a delegada.

Em depoimento à polícia, o padre confessou o sexo e também disse que a relação tinha o consentimento das duas partes, por isso, não há crime até o momento, segundo a delegada, já que a garota tem mais de 14 anos e negou ter sido forçada a se encontrar com o padre.

Motel

Os motéis onde o padre e a garota se encontraram poderão ser responsabilizados e ter as atividades suspensas, segundo a delegada, já que não impediram a entrada da adolescente no local.

“Ficou verificado que a pessoa responsável pela entrada desses estabelecimentos não solicitaram o documento de identidade da menor, tanto que ela adentrou no local juntamente com o padre, então será instaurado procedimento apartado para verificar a não observância de dispositivo legal que exige a exibição de documento para evitar que menor entre nesse tipo de estabelecimento”, explicou.

Estupro

O caso foi denunciado à Polícia Civil como estupro pela família da garota no dia 25 de setembro e o inquérito instaurado pela DEPCA cinco dias depois para apurar a denúncia. Até o momento, foram ouvidos a coroinha, mãe e a irmã da adolescente e o padre e, por enquanto, não foi constatado crime, segundo a polícia.

"Ela informou que os relacionamentos sexuais tiveram início depois dela completar 16 anos de idade, caso em que não há nenhuma caracterização criminosa. Mesmo assim instauramos inquérito nessa hipótese. E sendo verificado que, de fato, os relacionamentos tiveram início apenas após essa idade, não haverá nenhuma configuração criminosa e o inquérito será enviado ao Ministério Público solicitando arquivamento", esclareceu a delegada.

Investigação

A polícia vai ouvir ainda duas tias da garota, apontadas pela mãe como testemunhas de que o padre poderia ter coagido a adolescente a manter relações sexuais com ele. A delegada diz que também aguarda laudos do Instituto de Criminalística que vai apurar o conteúdo das mensagens que o padre trocava com a menina.

"Caso isso se verifique, através dos depoimentos, das mensagens e de uma possível segunda oitiva da vítima, aí sim poderá ser mudada a tipificação penal, caso reste configurado que a vítima, de fato, foi coagida ao ato [sexo]", ressaltou a delegada.

Afastamento

A Arquidiocese de Campo Grande anunciou, no dia 29 de setembro, o afastamento do padre, que exercia funções na paróquia Santa Rita de Cássia, por suspeita de envolvimento amoroso com adolescente, que está grávida. O comunicado de afastamento foi assinado pelo arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa.

Segundo a publicação, o padre vai oferecer assistência à adolescente e ao bebê. Ainda conforme o comunicado, ele era membro da Província Nossa Senhora Conquistadora dos Padres e Irmãos Palotinos de Santa Maria (RS) e até então exercia funções de vigário paroquial da Paróquia Santa Rica de Cássia, na capital de Mato Grosso do Sul, ecônomo da Arquidiocese e secretário executivo do regional oeste 1 da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).