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Policial

Polícia Civil investiga se cunhado teria ocultado corpo de jovem em MS

Cunhado de Marielly Barbosa trabalha na região onde corpo foi encontrado. Os dois presos no caso negam envolvimento na morte da jovem.

G1 MS

18 de Julho de 2011 - 16:35

A Polícia Civil investiga se o gerente administrativo Hugleice da Silva, 26 anos, cunhado de Marielly Barbosa Rodrigues, de 19 anos, teria ocultado o cadáver após o aborto malsucedido que levou à morte da jovem.

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (18), o delegado Fabiano Nagata informou que a polícia tem informações que ligam Silva ao local onde o corpo de Marielly foi encontrado, mas até o momento, nada foi comprovado.

Marielly desapareceu de Campo Grande no dia 21 de maio e foi encontrada morta no dia 11 de junho em um canavial em Sidrolândia, distante 70 quilômetros da capital.

Na última sexta-feira (15), Silva confessou à polícia que sabia que Marielly estava grávida e que levou a jovem para fazer um aborto em Sidrolândia, com o enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes, de 40 anos. O gerente reiterou no depoimento que não seria o pai da criança que a cunhada esperava e disse que não sabe o que aconteceu com ela após deixá-la na casa do enfermeiro.

Segundo informações do inquérito policial, a propriedade rural onde foi encontrado corpo da jovem fica localizada na mesma região da usina de cana-de-açúcar que a empresa em que Silva trabalha presta serviço.

Nagata informou que a caminhonete que Silva utilizou para levar Marielly até a casa do enfermeiro deverá passar por perícia. A polícia investiga ainda a participação de outras pessoas no crime.

Hugleice da Silva e Jodimar Gomes prestaram diversos depoimentos à polícia e também passaram por acareação. Segundo informações do delegado, apesar da confissão do cunhado, o enfermeiro nega que tenha participação no crime e afirma que nunca viu Marielly.

A polícia informou que os dois foram indiciados e devem responder por participação no crime de aborto qualificado seguido de morte. Eles estão presos temporariamente desde a última semana. Ainda segundo o delegado, se condenados, a pena é de dois a dez anos de reclusão.

Investigação

As investigações estão sendo feitas pela Delegacia Especializada de Homicídios (DEH). O inquérito não foi finalizado e a polícia afirma que há algumas perguntas ainda sem respostas, como quem seria o pai da criança que Marielly estava esperando e quem teria contratado o aborto.

Envolvimento da família

O delegado Fabiano Nagata informou que até o momento não há indícios de que a família esteja envolvida ou que sabia da participação de Hugleice no crime.

“Não podemos dizer com uma certeza de 100% que a família não sabia de nada, mas até o momento não há indícios de que foram coniventes ou estejam envolvidos no crime”, explica o delegado.

Para entender o caso

21 de maio - Marielly sai de casa e, segundo a mãe, disse que iria tratar de um “assunto”.

28 de maio - Uma semana após o desaparecimento, familiares e amigos da jovem realizam uma manifestação no centro de Campo Grande para chamar a atenção para o caso.

11 de junho – Polícia encontra um corpo de uma mulher em um canavial no município de Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande. Surgem indícios de que o corpo poderia ser de Marielly, mas a polícia não confirma.

15 de junho – A polícia confirma, oficialmente, que o corpo encontrado no canavial era mesmo de Marielly Barbosa Rodrigues. A comprovação foi feita por meio das impressões digitais, segundo o titular da Delegacia de Homicídios, Fabiano Nagata. Ela estava sem as roupas íntimas e usava um vestido colorido e sandálias vermelhas.

17 de junho - O Instituto Médico e Odontológico Legal (Imol) de Campo Grande confirma que a jovem encontrada morta em canavial estava gravida. O exame de sangue que comprova a gravidez foi entregue pela própria família da jovem ao delegado Fabiano Nagata.

17 de junho – O Corpo de Marielly é sepultada no município de Alto Taquari, no Mato Grosso, onde seus familiares residem.

21 de junho – Surgem indícios de que Marielly Barbosa Rodrigues teria morrido em consequência de hemorragia aguda. O exame do legista não encontrou indícios de marcas de violência. Ganha força a tese de um aborto malsucedido.

 

29 de junho - A Polícia apreende instrumentos cirúrgicos e diversos medicamentos na residência de um enfermeiro, localizada em Sidrolândia. O delegado Fabiano Nagata informou ao G1 que vai investigar se o profissional está envolvido na morte da estudante.

10 de julho - A família Marielly retorna ao estado, após permanecer por quase um mês em Alto Taquari, em Mato Grosso, onde ela foi sepultada.

12 de julho - Pedida a prisão temporária de duas pessoas suspeitas de envolvimento na morte de Marielly: Jodimar Ximenes Gomes, suspeito de realizar o aborto e do cunhado da jovem, Hugleice da Silva.

12 de julho - A juíza da 1ª Vara de Sidrolândia, Sílvia Eliane Tedardi da Silva, decreta a prisão temporária do enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes e Hugleice da Silva, cunhado de Marielly Barbosa Rodrigues.

13 de julho - Jodimar Ximenes Gomes, 40 anos, se entrega na delegacia de Sidrolândia e nega envolvimento na morte de Marielly Barbosa Rodrigues.

13 de julho - Advogado do cunhado, José Roberto Rodrigues da Silva, afirma que Hugleice da Silva é inocente e que o cliente nunca teve contato com Jodimar.

14 de julho - Cunhado de Marielly, Hugleice da Silva entrega-se à polícia.

15 de julho - A promotora Paula Volpe, do Ministério Público Estadual em Sidrolândia afirma que que tem indícios suficientes que comprovam o envolvimento dos dois suspeitos detidos na morte de Marielly Barbosa Rodrigues.

15 de julho - Em depoimento, Hugleice da Silva muda a versão e confessa para o delegado Fabiano Nagata que levou a cunhada, Marielly, para fazer um aborto na cidade de Sidrolândia, com o enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes, de 40 anos.