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Política

Alvo da Lava Jato, Renan sofre resistência no PMDB para liderar a bancada

Senador, que vai deixar presidência do Senado em fevereiro, tem o nome cotado para assumir a liderança do partido ou a Comissão de Constituição e Justiça.

G1

05 de Janeiro de 2017 - 08:02

O futuro do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), após o fim de seu mandato à frente da Casa, em fevereiro, ainda está indefinido. A probabilidade maior é a de que Renan ocupe a liderança do PMDB na Casa – função que já desempenhou outras duas vezes – mas dentro da bancada há resistência ao nome dele, principalmente por conta dos processos do senador na Justiça e os inquéritos de que é alvo na Lava Jato.

Peemedebistas ouvidos pelo G1 dizem que o fato de ele ser investigado pode desestabilizar e constranger o partido caso assuma a liderança da bancada.

Em dezembro, o STF tornou Renan réu pelo crime de peculato (desvio de dinheiro público). Em seguida, o ministro Marco Aurélio chegou a determinar o afastamento do peemedebista do comando do Senado. Renan não cumpriu a ordem, que foi derrubada pelo plenário da Suprema Corte. Renan também é alvo de 8 inquéritos na Lava Jato.

“Do ponto de vista legal [Renan assumir a liderança do PMDB] é um absoluto constrangimento. Eu não sou inimigo do Renan, sou amigo dele, mas é um problema”, afirmou o senador Roberto Requião (PMDB-PR).

Outro peemedebista, que não quis se identificar, diz que “não há consenso” na bancada para que Renan seja o líder do partido.

“A restrição a Renan decorre do fato de ele ser réu no Supremo. Fora isso, Renan reúne todas as qualidades. É articulado e tem experiência. Mas há uma interrogação em relação ao futuro dele e isso está prevalecendo”, declarou.

Já Eduardo Braga (PMDB-AM), cujo nome também é ventilado para a liderança do partido, afirma – sem citar o nome de Renan – que a liderança do PMDB precisa ser renovada.

“O PMDB precisa ter uma renovação nos seus quadros no Senado. O partido está precisando abrir espaços para caras novas para o país”, disse o senador, que nega estar em “campanha” para liderar a sigla no Senado.

Mesmo com as denúncias na Lava Jato e com as disputas de poder que protagonizou com o Judiciário e o Ministério Público nos últimos meses do ano, há uma parte da bancada peemedebista que defende o nome de Renan para a liderança do partido.

É o caso de João Alberto (MA), fiel aliado de Renan, que acredita que o senador alagoano seria um “grande líder” do partido na Casa.

"Se ele [Renan] for o líder, é excelente. Não tem nome melhor do que o de Renan. É um peemedebista preocupado com o partido e é o melhor para unir a bancada", opinou.

O G1 procurou a assessoria de Renan para comentar o assunto, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

Outros nomes

Renan Calheiros e Eduardo Braga não são os únicos senadores cotados para assumir o comando da bancada peemedebista em substituição a Eunício Oliveira (CE), que deve ser candidato a novo presidente da Casa.

Diferentemente de Braga, Raimundo Lira (PB) afirma publicamente que tem intenção de liderar a bancada em 2017, mas também nega estar “campanha”.

“Fui indicado por alguns companheiros senadores. É uma pretensão que eu tenho, mas não vou dividir a bancada por causa disso”, afirmou Lira, que ganhou destaque ao conduzir os trabalhos da comissão do impeachment de Dilma Rousseff no Senado.

Três senadores do PMDB ouvidos pelo G1 afirmam que também foram procurados por Waldemir Moka (MS) em busca de apoio para que ele possa desempenhar a função de líder da sigla neste ano.

A liderança do PMDB é uma das funções mais importantes na Casa, uma vez que o partido tem a maior bancada (19 integrantes) e é o principal partido na base de sustentação do governo Michel Temer.

O líder da legenda tem a tarefa de defender os interesses do partido na Casa, garantir votos e presenças em sessões no plenário. Além disso, o líder deve reunir a bancada periodicamente para fortalecer a unidade do partido. Cabe a quem ocupa o posto também indicar nomes da legenda para comissões.

Também tem direito a indicar uma equipe robusta de servidores comissionados. O atual líder, Eunício Oliveira, tem cerca de 30 funcionários comissionados à disposição para assessorá-lo na condução da bancada.

CCJ do Senado

Aliados de Renan afirmam que ele ainda não definiu se pleiteia a liderança do PMDB ou se assume a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), uma das mais importantes do Senado.

É pelo colegiado que passam todas as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) e projetos polêmicos, como o que endurece as punições para autoridades que cometem abuso no exercício da função.

O texto, protocolado e defendido por Renan, é mais um ingrediente na queda de braço que o senador alagoano tem travado com magistrados e com representantes do Ministério Público. A CCJ também tem a função de sabatinar e aprovar a indicação de ministros para o STF.

“Acho que Renan teria menos dificuldades com a bancada se assumisse a CCJ e deixasse a liderança do PMDB para um senador sem problemas com a Justiça”, opinou um peemedebista.