Política
Delcidio pode pedir licença de 120 dias e teria ameaçado entregar colegas se for cassado, diz a Folha
Ao retornar ao Senado, Delcídio fará corpo a corpo com os demais colegas, argumentando que é inocente e pedindo amparo.
Redação
22 de Fevereiro de 2016 - 08:37
Conforme matéria divulgada nesta segunda-feira (22) pelo jornal Folha do São Paulo, o senador Delcidio do Amaral, que volta ao cargo após uma temporada preso, vai tirar uma licença de até 120 dias e teria avisado aos aliados s que não admitirá ter o mandato cassado, um de seus maiores temores. "Se me cassarem, levo metade do Senado comigo", afirmou a interlocutores quando ainda estava preso. A frase foi entendida como uma ameaça de que está decidido a entregar seus pares caso lhe tirem a cadeira de parlamentar;
Ao retornar ao Senado, Delcídio fará corpo a corpo com os demais colegas, argumentando que é inocente e pedindo amparo. Deve bater às portas de integrantes de partidos aliados e da oposição, com quem sempre manteve diálogo. Poucos, no entanto, devem ser os que darão apoio público ao petista. Uma das maiores preocupações do senador é ter o mandato cassado porque, com isso, ele perderia o chamado foro privilegiado e seu caso iria para a primeira instância.
Lá seria analisado pelo juiz Sérgio Moro, do Paraná, que tem sido célere em suas decisões envolvendo réus da Operação Lava Jato. Em 1º de dezembro, dias após a prisão do senador, o Senado recebeu representação feita por dois partidos, Rede Sustentabilidade e PPS, que pedem a cassação de Delcídio sob acusação de quebra de decoro parlamentar.
O processo foi aberto no Conselho de Ética da Casa, sob relatoria do senador Ataídes Oliveira (PSDBTO). Na semana passada, a defesa de Delcídio pediu a substituição do relator, alegando que o tucano não pode permanecer na relatoria do caso por falta de isenção do PSDB. O pedido ainda será analisado.
Correligionários do petista veem a licença como uma alternativa para, em um primeiro momento, evitar mais desgaste ao próprio senador e ao PT, uma vez que não precisariam conviver cotidianamente com um colega em regime de prisão domiciliar.
Quando estava preso, o petista foi colocado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), em uma licença especial e manteve o salário de R$ 33,7 mil e demais benefícios do cargo. Solto, o senador tem a opção de uma licença por questões médicas ou por motivos pessoais (neste caso, ele não receberia salário). Ao final desse prazo, caso ele não retorne, o suplente é chamado para assumir o mandato. Outro motivo de constrangimento é a presidência da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, ocupada anteriormente por Delcídio. O PT não quer vê-lo de volta ao posto.
O líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou que a substituição de Delcídio pela senadora Gleisi Hoffmann (PR) na CAE já foi, inclusive, publicada no "Diário Oficial".
Boa parte dos petistas vê a troca como ponto pacífico, por não acreditar que o colega tenha condições morais e força política para comprar briga pela permanência. O STF decidiu prender Delcídio baseado em gravação feita por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Na conversa, um plano de fuga e uma mesada de R$ 50 mil foram propostos por Delcídio em troca de Cerveró não fazer delação premiada. O ex-diretor, no entanto, acabou assinando acordo de delação.




