Política
Nova geração de políticos ganha força e busca espaço no Congresso
Segundo ele, como há uma escassez de lideranças, os políticos bons têm ganhado mais visibilidade.
R7
05 de Maio de 2014 - 14:47
Eles não têm padrinhos políticos ou parentes famosos, mas conseguiram seu espaço no Congresso Nacional. Dos cem nomes da lista de parlamentares mais influentes do ano passado, 18 são deputados ou senadores que estão no primeiro ou segundo mandato no Congresso e boa parte deles não chegou nem aos 50 anos ainda.
Integrantes da classe média, os integrantes dessa nova geração, como Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Manuela D'Àvila (PCdoB-RS) costumam atuar meio acadêmico ou como profissionais liberais antes de se candidatar ao parlamento e, não raro, decidiram entrar na política por convicção ou ideologia.
De acordo com o analista político que coordena o levantamento do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), Antonio de Queiroz, a nova geração se destaca por méritos próprios em vez de se esconrar em influências de padrinhos políticos. Segundo ele, como há uma escassez de lideranças, os políticos bons têm ganhado mais visibilidade.
Para se projetar hoje, tem que ter uma série de qualidades. No passado, era preciso apenas uma ajudinha do pai político ou da família tradicional. A relação de parentesco já se exauriu, já não basta mais. Tanto que quem tem relação de parentesco com algum político do passado tenta se distanciar dela.
Professor
Um dos representantes da nova geração de politicos é o deputado Alessandro Molon (PT-RJ). Ele tomou posse em 2011 na Câmara e não tem nenhum político famoso na família. Bacharel e mestre em História, Molon também é advogado e já atuou como professor universitário.
Aos 42 anos, ele é reconhecido pela capacidade de propor leis e está na lista dos 100 parlamentares considerados os Cabeças do Congresso Nacional em 2013, elaborada pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar).
A lista é organizada com base na posição que o parlamentar ocupa no Congresso, em seus posicionamentos em debates importantes, e em como ele é visto pela sociedade incluindo os colegas e a imprensa.
No caso de Molon, a habilidade de formulador é a que mais chama a atenção e, por meio dela, o deputado ganha cada vez mais visibilidade.
O petista recebeu a responsabilidade de relatar o texto do Marco Civil da Internet. O projeto tramitava há três anos na Casa e não tinha o consenso nem na base aliada do governo, que apostava neles desde o ano passado para responder às denúncias de espionagem feita pelo governo dos Estados Unidos. O texto foi aprovado em março deste ano, sob forte empenho do deputado.
De acordo com o analista político que coordena o levantamento do Diap, Antonio de Queiroz, além de ser um bom formulador, Molon também se destaca como debatedor. Segundo o especialista, essa duas habilidades garantem visibilidade ao deputado.
Ele tem a capacidade de transformar as ideias debatidas em um produto e de pautar o debate, na medida em que ele apresenta uma formulação que vai ser discutida pelo plenário. Além disso, teve grande exposição como relator de uma matéria importante, então teve condições de expor suas habilidades.
De acordo com os critérios do Diap, o formulador é o parlamentar que se dedica à elaboração de textos e, por isso, é um dos perfis mais produtivos.
Destaque feminino
Da lista dos 100 Cabeças do Congresso de 2013, somente nove são mulheres. Entre elas, a deputada Manuela Dávila (PCdoB-RS) é mais nova na Câmara. Em seu segundo mandato, a parlamentar já foi líder de sua bancada na Casa e relatou o texto aprovado do Estatuto da Juventude que estava tramitando havia nove anos no Congresso.
Integrante da nova geração de políticos, a deputada tem 32 anos, é formada em jornalismo e milita desde os 15 anos no movimento estudantil. Aos 23 anos, Manuela foi eleita a mais nova vereadora de Porto Alegre e, em 2007, tomou posse na Câmara Federal.
Na lista do Diap, Manuela é reconhecida como boa articuladora com excelente trânsito nas diversas correntes políticas e facilidade de interpretar o pensamento da maioria, o que cria condições para formação de um consenso e de acordo para votações.
O especialista do Diap avalia que, no início do mandato, a deputada era vista como uma boa debatedora. Agora, além de trazer os assunto para discussão, ela consegue conciliar insteresses divergentes.
A Manuela era vista como debatedora, trazia para o centro do debate questões de gênero e temas dos movimentos sociais de um modo geral. Depois, ela assumiu um papel importante de articulação e se credencia como alguém capaz de criar convergência em torno das matérias.
O senador mais novo
Da lista dos 100 Cabeças do Congresso, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) é o representante da nova geração do Senado. Ele tomou posse em 2011, aos 38 anos, como o senador mais novo da Casa, e já prepara sua candidatura ao Palácio do Planalto para este ano.
Randolfe é formado em história e em direito e tem mestrado em políticas públicas. Mesmo com o mandato no Senado, ele continua dando aulas de Direito Constitucional em uma universidade de Macapá (AP).
Único representante de seu partido no Senado, ele assume o papel de líder e se destacou pela atuação em CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito). Na lista dos 100 parlamentares mais influentes, o senador é reconhecido pela sua habilidade como debatedor.
O especialista Antonio de Queiroz avalia que Randolfe se destaca porque, como debatedor, não tem medo de se expor e de opinar mesmo sobre temas polêmicos.
O debatedor é um parlamentar que traz os temas para o centro da discussão. Em geral, é um parlamentar extrovertido, que não tem medo de se expor e que tem capacidade de repercutir determinados temas no plenário e na imprensa. Acaba tendo muita visibilidade porque opina.
Na CPI do Cachoeira, o senador era voz ativa como representante da oposição e fez duras críticas ao relatório final, acusando os parlamentares de terem ficado com medo de avançar nas investigações
Como presidente da CPI do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), ele liderou o grupo de investigação e apoiou o projeto de lei resultante dos trabalhos que acabou modificando a legislação sobre direitos autorais.
Randolfe conseguiu tanto destaque em seu primeiro mandato que foi escolhido pelo PSOL para disputar as eleições como candidato à presidência da República, substituindo Plínio Arruda representante da antiga geração de políticos.




