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Região

Ong prevê nova captura de antas na área urbana de Campo Grande

Em três anos foram registrados cerca de 250 avistamentos.

Correio do Estado

19 de Outubro de 2023 - 14:30

Ong prevê nova captura de antas na área urbana de Campo Grande

Com cerca de 250 relatos de avistamento em três anos, a presença de antas é cada vez mais comum na área urbana de Campo Grande. E por conta disso, o Projeto Antas Urbanas, da Ong Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira, pretende capturar algumas delas na próxima semana para estudar seu estado de saúde e para instalação de colar para que sejam acompanhadas via satélite.

A campanha de captura, a terceira desde 2021, está prevista para ocorrer entre os dias 22 e 29 no Parque Matas do Segredo, na região norte de Campo Grande. Nesse período, duas armadilhas, construídas em 2022, serão ativadas para capturar os animais. Uma vez capturados, os animais serão equipados com colares de rastreamento via satélite e terão amostras biológicas coletadas para estudar o estado de saúde das antas na cidade

Com os dados coletados espera-se desenvolver e implementar estratégias locais para a conservação da anta, espécie ameaçada de extinção no Cerrado, de acordo com a Lista Vermelha do Instituto Chico Medes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

“O Projeto Antas Urbanas começou porque víamos notícias na imprensa e recebíamos relatos sobre avistamento de antas em Campo Grande. Os locais em que estes avistamentos ocorriam, em alguns casos em regiões centrais da Capital, foi o que mais nos chamou a atenção”, afirma a  coordenadora da INCAB-IPÊ, Patrícia Medici.

Desde o início do Projeto Antas Urbanas, a Ong já recebeu cerca de 250 relatos de avistamentos na cidade. Apesar disso, nada se sabe sobre a ecologia e saúde desses animais, de acordo com Patrícia Medici.

O Projeto Antas Urbanas foi estabelecido em 2021 e para selecionar as áreas de estudo foram levantadas informações sobre as principais regiões de avistamentos, por meio de dados na Polícia Militar Ambiental (PMA) e veículos de comunicação.

Cinco regiões foram selecionadas para monitoramento: Chácara dos Poderes, Parque do Prosa, Matas do Segredo, Eletrosul e São Julião. Nas primeiras campanhas do Projeto, duas antas foram capturadas. A primeira foi um macho adulto de aproximadamente oito anos, capturado com um dardo anestésico no Parque dos Poderes, em julho do ano passado.

O segundo foi um macho jovem, capturado com armadilha de caixa na Mata dos Segredos, em janeiro de 2023. Ambos receberam exame físico geral, microchip de identificação, colar para monitoramento remoto e tiveram seus materiais biológicos coletados.

O Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) é uma organização brasileira sem fins lucrativos, fundada em 1992, que trabalha para conservar a biodiversidade do país por meio da ciência, educação e negócios sustentáveis.

Sediado em Nazaré Paulista, São Paulo, o IPÊ também mantém um centro educacional, a ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade. Presente nos biomas Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal, o IPÊ realiza cerca de 30 projetos por ano, envolvendo pesquisa científica sobre espécies da fauna silvestre, educação ambiental, conservação e proteção de habitat, envolvimento comunitário, conservação da paisagem e apoio para o delineamento e implementação de políticas públicas.

A INCAB  tem o maior banco de dados do mundo sobre a espécie, o maior mamífero terrestre da América do Sul, chegando a pesar entre 180 e 300 quilos. As antas são vitais para a biodiversidade por ser uma importante dispersora de sementes, por isso recebe o título de jardineira da floresta.

Além disso, por ocupar extensas áreas, é uma espécie guarda-chuva. Então, garantir sua conservação também influencia na existência de outras espécies que compartilham o mesmo habitat, de acordo com Patricia.

Apesar de sua importância, está ameaçada de extinção no Cerrado, de acordo com a Lista Vermelha do Instituto Chico Medes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) por causa da a destruição do habitat, colisões veiculares, contaminação por agrotóxicos e caça.

A expansão dos centros urbanos também é uma ameaça devido à fragmentação e perda de habitat e porque pode ocorrer a transmissão de doenças que acometem animais domésticos.