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Sidrolândia

Transexual residente na Aldeia Tereré é personagem de documentário sobre indígenas LGBT

Cabeleireira Ariela Rodrigues, 22 anos, residente na Aldeia Tereré em Sidrolândia, é uma das personagens do documentário "Sempre Existimos"

Flávio Paes/Região News

16 de Junho de 2021 - 09:16

Transexual residente na Aldeia Tereré é personagem de documentário sobre indígenas LGBT
Cabeleireira Ariela Rodrigues, 22 anos residente na Aldeia Tereré em Sidrolândia. Foto: Reprodução

Transexual, que aos 15 anos assumiu sua condição de trans, a cabeleireira Ariela Rodrigues, 22 anos, residente na Aldeia Tereré em Sidrolândia, é uma das personagens do documentário "Sempre Existimos", de Tanaíra Sobrinho Terena que traz vivências de integrantes da comunidade LGBT em aldeias de Mato Grosso do Sul. “Aqui na aldeia eu sou a única. Mas eu não sou sozinha, existem outras", relata a cabeleira que garante não ter enfrentado dificuldades de aceitação na comunidade da sua opção sexual.

Na minha aldeia até que foi tranquilo. Eu tive que conquistar o respeito e amizade das pessoas, foi difícil por eu ser a única. Eu tenho que observar onde eu vou reparar com quem estou falando, é complexo. Mas graças a Deus, eu não tenho problema nenhum, onde eu vou sou muito bem-vinda”.

Mesmo assim faz um “trabalho didático” com as pessoas da sua convivência sobre a questão da transsexualidade, Ariela se assumiu aos 15 e ao longo da adolescência começou a se descobrir mulher transexual. “No começo foi difícil para as pessoas, mas hoje eu sinto que elas entendem, me respeitam muito”, reforça. E ainda detalha que há um caminho pela frente de dar mais visibilidade para esse tipo de pauta.

“Se eu estou aqui hoje dando uma entrevista, é porque muitas pessoas ainda precisam. Estar assim na linha de frente não é fácil, mas eu quis muito estar aqui, quero representar também meu povo e quero ajudar as pessoas. E quero dizer também que ninguém deveria ter medo de se assumir, a gente só quer o bem e respeito”, expressa.

Com a experiência do documentário, as portas se abriram não apenas para que as pessoas conheçam a conhecer trans indígenas, como também para Ariela conhecer o mundo artístico. Ela expressa o desejo de querer trabalhar mais com arte, em um futuro. “Mas nunca vou me esquecer de onde eu vim. Eu sou indígena terena, onde eu for quero levar o nome do povo, tenho muito orgulho de quem eu sou”, exalta.

Transexual residente na Aldeia Tereré é personagem de documentário sobre indígenas LGBT

A diretora e roteirista Tanaíra Sobrinho explica no próprio documentário que o objetivo é tornar público essa discussão de gênero e sexualidade entre povos tradicionais. “Tanto no movimento indígena, quanto no não indígena, isso não é tão discutido. É trazer a realidade indígena para a pauta”, explica.

Além de Ariela, também foram entrevistados Samanta Oliveira Terena e o universitário Eriki Paiva, que relata sobre a vivência do homem homossexual indígena. O documentário está disponível no Youtube e foi realizado com recursos da Lei Aldir Blanc. *Com informações Campo Grande News.