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Sidrolandia

Abrasem reúne produtores de Dourados e região para orientar sobre o manejo nas lavouras de milho Bt

Cerca de 50 pessoas prestigiaram palestra realizada ontem, dia 26 de setembro, no Hotel Bahamas

Assessoria

28 de Setembro de 2013 - 07:30

Cerca de 50 agricultores de Dourados (MS) e região prestigiaram na noite de ontem, quinta-feira, dia 26 de setembro, a palestra “Manejo Integrado da Tecnologia Bt”, promovida pela Abrasem (Associação Brasileira de Sementes e Mudas) no Hotel Bahamas.

O encontro, o sexto de uma série que será promovida em todo o país, integra a campanha nacional de conscientização iniciada em julho pela entidade. O Estado de Mato Grosso do Sul contará ainda com uma segunda palestra sobre o assunto, a ser realizada na cidade de Chapadão do Sul na primeira quinzena de outubro.

O objetivo, segundo os organizadores, é orientar os produtores sobre as boas práticas de manejo da resistência de insetos nas lavouras de milho Bt, o milho geneticamente modificado resistente a pragas, que possibilita a racionalização do uso de defensivos, bem como a proteção do potencial de rendimento da lavoura.

Na palestra, que foi seguida de coquetel para todos os presentes, o consultor José Magid Waquil, PhD em entomologia, falou de forma bastante didática aos produtores sobre a importância do manejo da resistência de insetos para evitar o processo de seleção de insetos-praga resistentes às toxinas produzidas pelas plantas geneticamente modificadas e preservar a eficiência e o potencial da tecnologia Bt, evitando prejuízos à lavoura.

Na opinião de Waquil, a campanha de conscientização dos produtores é de extrema importância. “O otimismo é uma característica inerente ao produtor rural, faz parte de sua natureza. Com isso, existe um sentimento de que a indústria sempre conseguirá se superar e criar novas tecnologias que solucionem os problemas. Mas o agricultor precisa entender que a capacidade da ciência não é infinita e que ele precisa fazer a parte dele” define. O consultor comenta que os agricultores de Dourados se mostraram interessados em aprender e em executar as medidas preventivas.

Antes de chegar ao Mato Grosso do Sul, terceiro maior produtor de milho do país, a campanha nacional da Abrasem já havia orientado agricultores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Nos próximos meses, serão realizados encontros nos Estados de Mato Grosso e Goiás. Além das palestras, a campanha conta com anúncios nos veículos de comunicação especializados no setor e distribuição de material explicativo.

O site do projeto, que pode ser acessado no endereço www.boaspraticasogm.com.br, é outra importante ferramenta da ação, trazendo todas as informações necessárias para o produtor, incluindo dados técnicos, além de artigos e a programação de palestras.

Coordenada pela Associação Paulista dos Produtores de Sementes (APPS), a campanha é resultado de um grupo de trabalho da Abrasem, com a participação de técnicos das empresas produtoras de sementes, e conta com o apoio da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Sobre o milho Bt

O milho Bt é obtido por meio da transformação genética de plantas de milho com genes da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), fazendo com que a planta produza proteínas tóxicas para algumas espécies de insetos. A tecnologia, criada em 1997 nos Estados Unidos, espalhou-se rapidamente devido a sua eficiência e há pouco mais de cinco anos é utilizada no Brasil, representando atualmente cerca de 80% das sementes de milho comercializadas no país.

Os especialistas no assunto explicam que, mesmo com a produção contínua das toxinas ao longo do ciclo, as plantas Bt podem não controlar todas as pragas existentes, pois na população dessas podem existir indivíduos naturalmente resistentes. Daí a importância do manejo da resistência de insetos (MRI).

José Américo Pierre Rodrigues, superintendente executivo da Abrasem, explica que investindo simultaneamente no plantio de refúgio (plantio de áreas de milho não Bt adjacentes à plantação de milho Bt) e em outras práticas como a dessecação antecipada seguida de inseticida, controle de plantas daninhas, tratamento de sementes, monitoramento seguido de inseticida e rotação de culturas, o produtor conseguirá garantir a longevidade da tecnologia.

Os pesquisadores consideram que a melhor maneira de evitar o desenvolvimento de populações de insetos resistentes ao milho Bt é combinar lavouras de milho Bt com áreas plantadas com híbridos sem a tecnologia Bt. Dessa forma, os poucos possíveis insetos resistentes que sobreviverem na lavoura Bt irão cruzar com insetos suscetíveis presentes na lavoura de milho não Bt. Algumas possibilidades de "desenho" da lavoura, utilizando refúgio, estão disponíveis no site da campanha.

Na opinião do consultor José Magid Waquil, contratado para comandar as palestras, a campanha de conscientização é de grande importância para a preservação de uma tecnologia de grande valia para a agricultura nacional.  “O produtor precisa entender que a capacidade da ciência não é infinita e que ele precisa fazer a parte dele”, resume.

Waquil acrescenta que a receptividade nos encontros tem sido excelente. “Os agricultores têm se mostrado interessados em aprender e em executar as medidas preventivas. Acreditamos que no Mato Grosso do Sul, Estado de grande importância para a produção de milho no país, o interesse também será grande, o que será fundamental para o sucesso do projeto”, afirma.

Cássio Camargo, diretor executivo da APPS, ressalta a preocupação com a manutenção da tecnologia. Ele explica que, além de exigir uma quantidade muito menor de pulverizações, o milho Bt tem maior produtividade, tornando-se muito mais rentável. Mas salienta: “Precisamos preservar a qualidade dessa tecnologia, que é muito valiosa para a agricultura nacional”, diz.

As boas práticas de manejo da resistência de insetos:

1 - Adoção de áreas de refúgio – O plantio e a manutenção das áreas de refúgio representam o principal componente do plano de Manejo Integrado da Resistência (MIR) das culturas Bt. O objetivo do refúgio é manter uma população de insetos-praga-alvo da tecnologia Bt sem exposição à proteína Bt.

2 - Dessecação antecipada seguida de inseticida – As culturas antecessoras, assim como as plantas daninhas e voluntárias presentes no ambiente, podem hospedar as principais pragas que atacam a cultura do milho na fase inicial, influenciando a espécie predominante e a pressão inicial das pragas. Assim, no sistema de plantio direto, a pressão de pragas na fase inicial da cultura pode ser maior quando comparada ao sistema de plantio convencional.

3 - Controle de plantas daninhas – Algumas plantas daninhas podem hospedar insetos-praga das culturas subsequentes, permitindo que uma quantidade significativa sobreviva nas áreas de cultivo no período da entressafra. Além disso, ervas daninhas podem ser fontes de lagartas em ínstares mais avançados, as quais apresentam maior dificuldade de controle pela tecnologia Bt.

4 - Tratamento de sementes – O Tratamento de Sementes (TS) é uma prática que visa o controle de pragas subterrâneas e iniciais da cultura, período de grande suscetibilidade às pragas. Os danos causados por essas pragas resultam em falhas na lavoura devido ao ataque às sementes após a semeadura, danos às raízes após a germinação e à parte aérea das plantas recém-emergidas.

5 - Monitoramento seguido de inseticida – O monitoramento é fundamental. A partir dele, toma-se a decisão de realizar ou não uma aplicação complementar de inseticida na lavoura.

6 - Rotação de culturas – A rotação de culturas consiste em alternar o plantio de diferentes espécies de culturas na mesma área agrícola. Com ela, o produtor melhora as propriedades físico-químicas do solo e reduz a população inicial de alguns insetos-praga da cultura.

Serviço

Sobre a Abrasem – Fundada em 1972, a Associação Brasileira de Sementes e Mudas representa os produtores de sementes e mudas no Brasil, com o objetivo de congregar e orientar as entidades correlatas e associadas, além de coordenar e gerenciar assuntos em âmbito nacional de interesse de suas associadas e da agricultura nacional. Ao todo, a Abrasem reúne 13 associações de produtores de sementes e mudas, 126 laboratórios, 332 unidades de beneficiamento, 1.200 unidades armazenadoras, além do segmento de pesquisa (obtentores). A entidade congrega 537 produtores associados, 42 mil agricultores, 4,4 mil técnicos e 16,6 mil vendedores, além de gerar 1,4 milhão de empregos diretos e indiretos. A entidade atua junto a membros das áreas de pesquisa, produção, multiplicação, beneficiamento, armazenamento e comercialização com o objetivo de obter uma representação mais forte e atuante do setor.