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Sidrolandia

"Aldeia está pequena para nós", diz cacique em fazenda ocupada em MS

Conforme Paulino Terena, cerca de 300 índios ocupam as duas fazendas nesta quarta.

G1 MS

09 de Outubro de 2013 - 16:00

Indígenas da etnia terena ocuparam duas fazendas em Miranda, a 203 km de Campo Grande, nesta quarta-feira (9). O cacique Edilberto Antônio, da aldeia Moreira, em que vivem os índios, afirmou que a ocupação está relacionada ao sofrimento da comunidade. “Nosso povo sofre muito. A aldeia está pequena para nós. Não temos estrutura e só queremos o que é nosso, as terras”, disse.

Os terena estão no local armados com arcos, flechas e pedaços de paus. Há mulheres, crianças, idosos e guerreiros no grupo. Eles pedem a presença de um grupo técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai) no local para o trabalho de demarcação da área, que faz parte da Terra Indígena Pillad Rebuá, identificada pelo órgão com 10,4 mil hectares..

“A vinda do grupo técnico para a fazenda vai ser benéfica tanto para os índios quanto para os produtores rurais porque o que eles querem é uma definição. Eles têm documentos de antepassados que provam que as terras pertencem aos índios. Se a Funai determinar que as terras são nossas, vamos lutar por elas. Se ela determinar que não são nossas, vamos deixar o local. Queremos uma definição”, disse o líder Paulino Terena.

Por meio da assessoria, a Funai, em Brasília, informou que a área em questão não possui relatório antropológico e confirmou que encontra-se em estudo de identificação e delimitação da terra, mas falta complementação ao levantamento como análises de natureza antropológica, ambiental e cartográfica . Segundo a Funai, providências para estas ações estão sendo adotadas.

Insatisfação

“Estamos cansados de esperar, vamos permanecer até termos uma resposta da Funai. Queremos as nossas terras, queremos a demarcação já”, disse Paulino.

Uma das áreas ocupadas é a chácara Boa Esperança, onde está instalada a empresa Trator Mil. A segunda propriedade, segundo Terena, não possui nome e é arrendada para criação de gado. Conforme ele, as terras são reivindicadas pelos índios desde 1950.

Terena ainda afirmou que esta é a primeira ocupação que os índios da aldeia Moreira fazem. Os indígenas dizem que vão agir de forma pacífica e permitirão que equipamentos e gado sejam retirados das propriedades por produtores rurais. Eles também afirmam que deixarão as áreas em caso de decisão judicial por meio de reintegração de posse.

De acordo com a liderança indígena, na aldeia Moreira vivem aproximadamente 2,2 mil índios terena em uma área de 94 hectares.

Ocupação

De acordo com o dono da chácara, Ernesto Melani, cerca de 50 índios chegaram ao local, onde estavam um caseiro com a esposa, que moram na fazenda com mais um funcionário. Os três foram retirados da fazenda pelos índios pacificamente por volta das 6h (de MS).

Melani disse ao G1 que sua propriedade, com 11 hectares, foi ocupada pela primeira vez. Ele afirmou que esteve na Polícia Civil de Miranda e registrou boletim de ocorrência, além de pedir a presença policial na área para dialogar com os indígenas.

Conforme Paulino Terena, cerca de 300 índios ocupam as duas fazendas nesta quarta.