Sidrolandia
Alto custo e migração encolhem rebanho e MS tem 55 mil bois a menos
O resultado é a migração das áreas de pastagem para a agricultura, conforme analista de mercado de pecuária de corte, Júlio Brissac
Campo Grande News
10 de Outubro de 2013 - 15:11
O cenário desfavorável da pecuária em Mato Grosso do Sul levou parte do produtor rural a abandonar a atividade no Estado e migrar para outros setores do agronegócio. Prova disso é a diminuição do rebanho bovino no Estado, que perdeu 55 mil cabeças de gado de 2011 para 2012, conforme pesquisa do IBGE divulgada hoje (10). O rebanho passou de 21,5 milhões de cabeças de gado em 2011 para 21,4 milhões no ano seguinte.
O motivo está no elevado custo de produção em meio à redução da margem de lucro do pecuarista. No Estado, os gastos aumentaram 117% de 2004 a 2012, segundo estudo do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A valorização da mão-de-obra no campo foi o que mais pesou na conta, com salários reajustados em mais de 70% no período. Insumos e suplementação mineral também apresentaram aumentos expressivos, de 141% e 95%, respectivamente. Já em 2013, o aumento dos custos foi de 4,5% somente no primeiro semestre.
Em setembro, a pecuária ganhou fôlego com a valorização da arroba do boi gordo de quase 8% de um mês para o outro. Hoje, a cotação está fechada em R$ 105. No entanto, o índice não acompanhou as sucessivas altas do custo de produção.
O resultado é a migração das áreas de pastagem para a agricultura, conforme analista de mercado de pecuária de corte, Júlio Brissac. Muitos pecuaristas investiram no sistema de consórcio lavoura-pecuária ou estão arrendando parte da propriedade para atividades que hoje se mostram mais rentáveis, como a soja, o eucalipto ou a cana-de-açúcar, elenca.
Outra realidade apontada pelo analista é o crescimento do abate de fêmeas, o que também contribui para a redução do estoque bovino devido à redução da capacidade reprodutiva do rebanho.
Este é um cenário que se vê em todos os estados produtores. A atividade é cada dia menos rentável para o pecuarista e a tendência é que o rebanho fique cada vez menor no Brasil, conclui o analista de mercado.
Ranking -Mato Grosso do Sul continua em 4º lugar no ranking nacional de maior rebanho bovino. O total do gado sul-mato-grossense representa 10,2% do rebanho nacional, estimado em 221,2 milhões de cabeças. O Brasil só perde para a Índia, que não cria gado para o comércio nem consumo, já que a vaca é sagrada.
Mato Grosso continua com o maior rebanho no País,c om 28,7 milhões de bovinos (13,6% do total), seguido por Minas Gerais (23,9 milhões) e Goiás (22 milhões).
No entanto, o Mato Grosso teve a maior perda entre os grandes produtores, com 524,9 mil cabeças a menos em 2012. Minas Gerais e Goiás ganharam, respectivamente,57,9 mil e 301,1 mil bovinos.
Municípios Corumbá, com 1,755 milhão de bovinos, tem o segundo maior rebanho bovino entre os 5,5 mil municípios brasileiros, só atrás de São Félix do Xingu (PA), 2,1 milhões de reses. O terceiro no ranking é Ribas do Rio Pardo, com 1,104 milhão de cabeças.
Outros quatro municípios sul-mato-grossense estão entre os 20 com os maiores rebanhos do País: Porto Murtinho (724,7 mil), Água Clara (668,2 mil) e Três Lagoas (642,6 mil).