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Sidrolandia

André diz que MS só quebra se o sucessor torrar dinheiro no boteco

O equilíbrio financeiro do Estado, que aponta como principal conquista em oito anos de gestão tem ares de verdadeira fixação

Campo Grande News

08 de Setembro de 2014 - 09:25

A três meses de encerrar o segundo mandato, o governador André Puccinelli (PMDB) diz que Mato Grosso do Sul só corre risco de crise financeira se cair em péssimas mãos a partir de 2015. “Leva seis meses para quebrar se o camarada torrar dinheiro ficar tomando cachaça no boteco, não arrecadar nada e ficar gastando à toa. Só assim que quebra. Quando eu peguei, estava bem pertinho do abismo”, afirma em entrevista exclusiva ao site.

O equilíbrio financeiro do Estado, que aponta como principal conquista em oito anos de gestão tem ares de verdadeira fixação. O tema domina boa parte da entrevista, com direito a muitos cálculos e explicações técnicas. De antemão, Puccinelli se mostra preocupado com as promessas dos candidatos sobre a questão tributária. Se a oposição enxerga o tema como um ponto fraco da gestão, ele rebate que não se sobrevive sem determinada fonte de receita.

“Não vote em nenhum que na televisão disser que vai diminuir o diesel de 17% para 12%, isso dá R$ 11 milhões a menos por mês. Não vote no cara que diz que vai aumentar o teto da micro e pequena empresa de R$ 1.800 para R$ 2.400, são R$ 8 milhões a menos por mês. O cara fala que vai diminuir a carga tributária, é tudo mentira. Eu nunca perdi voto por arrecadar”, salienta.

Para comparar o que era Mato Grosso do Sul em 2007, quando assumiu, e como o entrega para o sucessor, o governador recorre a uma cifra bilionária, que remete à dívida da União, responsável por drenar 15% da arrecadação do Estado. “R$ 6,8 bilhões era a dívida de Mato Grosso do Sul. Vamos ficar devendo R$ 7,9 bilhões”, diz.

Em seguida, parte para os cálculos para explicar como uma dívida maior em termos nominais, pode ser comemorada se o recorte é sobre o percentual.

“O camarada diz assim: vai entregar com 7,9, mas é maior do que 6,8. Isso representa 90% da divida em relação à receita. Vamos dizer, você ganhava mil reais e devia R$ 1.810. Agora, você arrecada R$ 3 mil e tá devendo R$ 2.700”, exemplifica.

Após diversas sugestões para tentar reduzir o endividamento do Estado com a União, ele admite que sai frustrado com as taxas de juros em vigor. “É uma frustração de todos os governadores. Eu aumento a receita, aumenta a quantidade que a gente passa lá para o governo federal . O mais grave de tudo é o juro disso. É juro de agiota, por isso a dívida cresce”, afirma Puccinelli.

De acordo com o governador, há um projeto no Congresso para mudar o indexador, que pode aumentar o fôlego financeiro do Estado para a próxima gestão. “Passaria de 12,5% para 9,5%, reduz de 20% a 24% dos juros. É menos ruim. Seja quem for [eleito], vai aproveitar”. Nos dois mandatos, a fila de precatório “andou” 17 anos. Os débitos vinham desde 1990.

Aquário de grife - Com estilo “tocador de obras”, Puccinelli afirma que ouviu a população para tirar do papel o Aquário do Pantanal, nome popular do Centro de Pesquisa e de Reabilitação da Ictiofauna Pantaneira, que é construído em Campo Grande. O empreendimento é atacado, inclusive com questionamentos sobre a utilidade. O custo total, incluindo obra física e equipamentos, será de R$ 155 milhões.

Segundo ele, em uma pesquisa sobre o que os campo-grandenses queriam na cidade, o Aquário do Pantanal ganhou com pequena margem sobre o campus da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). As duas obras estão em execução.

“Vocês vão ver as universidades que virão aqui. Vamos nos apropriar da grife pantanal, vai ser do Mato Grosso do Sul. Ao longo do tempo, com o reflexo condicionado, a memorização. O Estado do Mato Grosso do Sul é o Estado do Pantanal. Depois que o mundo souber que o maior aquário de água doce do mundo está aqui, vai ter gente como enxurrada”, diz.

Consulta sobre a lista de desejos também foi feita em Ponta Porã, que ganhou o Parque dos Ervais; Dourados, com o perimetral norte; Três Lagoas, cujo pedido foi retirada dos trilhos; e Corumbá, com a construção de 1.200 casas.

Mussolini – Os programas de transferência de renda, que foram cortados em 2007, voltaram em novos formatos, mas a decisão de oito anos atrás ainda produz efeitos, com críticas de não priorizar o social.

“No primeiro ano não fiz nada. Cacete no meu lombo é um Mussolini”, diz, relembrando o que ouviu ao suspender os programas diante do cenário financeiro. Hoje, afirma que são 100 mil famílias atendidas na política social.

O cálculo inclui 60 mil famílias do Vale Renda, quinze mil famílias indígenas e cofinanciamento com as prefeituras. Segundo ele, a gestão passada atendia 60 mil famílias. Puccinelli conta que, casualmente, viu a propaganda do ex-governador Zeca do PT na televisão, que é candidato a deputado federal.

“Fala do Segurança Alimentar. Comprava sacolão de gente de fora do Estado, salgava um pouquinho mais no arroz Tio João. Fiz o Vale Renda, o cara vai no banco, torna-se cliente, capilariza a economia local. Acontece que nunca fui para televisão dizer que tem Vale Renda. E no Vale Universidade, pago 90% da prestação. O Zeca pagava 70%. É isso contra isso”.