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Sidrolandia

Anjo da guarda” de Everton, Lucimare, estava no lugar certo, na hora certa

Após o parto, Lucimare ainda limpou todo o banheiro para evitar qualquer alarde entre os estudantes, e para que também pudesse ser usado durante o período da prova.

Flávio Paes/Região News

07 de Novembro de 2012 - 16:11

Para que a estudante Pâmela de Oliveira Lescano, 17 anos, no último domingo conseguisse ter seu filho, Everton, no banheiro da Escola Estadual Catarina de Abreu durante as provas do ENEM e se transformasse numa celebridade nacional instantânea, foi decisivo o trabalho da versão terrena do seu anjo da guarda, a técnica de enfermagem Lucimare Galhardo que trabalhava na fiscalização das provas e ajudou a estudante no trabalho de parto. 

De acordo com o médico Renato Lima o trabalho de Lucimare foi “fundamental”. Lucimare não estava lidando com uma situação inédita na sua vida. Afinal, ela trabalhou por oito anos no Hospital Elmíria Silvério Barbosa, de onde se demitiu após decidir trocar a profissão de técnica em enfermagem pela de professora na Escola Catarina de Abreu.

Lucimar estava no colégio quando por volta das 12 horas pediram para que fosse ao banheiro. Quando chegou ao local, se deparou com a porta dentro de uma das cabinas do banheiro onde Pâmela estava. Segundo ela, a estudante estava com a calça abaixada iniciando o parto. “A Pâmela foi muito guerreira”. A técnica de enfermagem disse que já realizou alguns partos, inclusive sozinha, mas este foi o primeiro totalmente no improviso. “Ela não gritou, foi o instinto materno”, elogia.

Lucimare diz que não teve medo e ficou tranquila no momento do parto, apesar do alvoroço dentro da escola. Enquanto isso, a prova do Enem continuava sendo aplicada. Um policial militar ficou dentro do banheiro para evitar que outras pessoas entrassem. Quando Everton nasceu, a técnica de enfermagem utilizou um barbante para grampear o cordão umbilical. Funcionários esterilizaram uma tesoura com fogo para cortar o cordão.

Um lençol foi cedido para que o bebê fosse envolvido. Foram 15 minutos até o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegar ao colégio. “A gente nunca sabe o que vai acontecer quando sai de casa. É uma benção de Deus, foi um presente ter participado. É um fato histórico na minha profissão”, diz Lucimare.

Após o parto, Lucimare ainda limpou todo o banheiro para evitar qualquer alarde entre os estudantes, e para que também pudesse ser usado durante o período da prova. O marido de Lucimare elogiou a atitude da esposa. Claudinei Reginaldo dos Santos, 42, pensionista, conta que está orgulhoso da mulher. “Ela estava no lugar certo e na hora certa”.  Ela acredita que o parto de Pamela foi uma benção de Deus.