Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Sábado, 20 de Abril de 2024

Sidrolandia

Assentados reforçam renda com soja para biodiesel e arrendamento dos lotes

Há agricultores familiares plantando ou arrendando parte das áreas dos seus lotes no Eldorado, Capão Bonito e Barra Nova, como alternativa para driblar dificuldades

Flávio Paes/Região News

05 de Janeiro de 2014 - 23:45

A perspectiva de uma super-safra de soja (o IBGE prevê a colheita de 486 mil toneladas), combinada com cotações rentáveis do grão, aponta um cenário de bons lucros não só para os grandes produtores, mas também (logicamente  numa menor escala) para assentados.

Muitos deles estão cultivando a oleaginosa para a produção de biodiesel ou arrendando parte dos seus lotes a fazendeiros com propriedades na vizinhança dos assentamentos, embora esta prática, não seja oficialmente aceita pelo INCRA. 

Há agricultores familiares plantando ou arrendando parte das áreas dos seus lotes nos Assentamentos  Eldorado, Capão Bonito e Barra Nova, como alternativa para driblar dificuldades como a falta de acesso ao crédito do Pronaf; o atraso na entrega do material para a construção das casas. Esta situação é enfrentada por Valmir Ralf Silva, com lote na região da Ilha no Eldorado, que está otimista com os resultados da colheita dos nove hectares em que cultivou soja.

Toda a produção foi vendida antecipadamente para uma empresa (a Granol) que produzirá biodiesel e garante uma remuneração adicional de R$ 2,00 por saca e subsídio para o frete na base de R$ 0,50 o quilômetro. Como o grão é de um, o Governo confere um selo social que garante ao comprador redução de impostos. 

Nesta safra (a quinta desde que recebeu o lote), com a saca de soja a R$ 70,00 Valmir espera um lucro de R$ 9.800,00. O lucro poderia ser maior, mas os custos da lavoura são altos (em torno de R$ 2,400 por hectare), porque não tem trator (para o preparo da terra), nem colhetadeira, além dos gastos com todos os insumos. 

Ele considera “um bom lucro”, tomando como referência que quando trabalhava de tratorista nas fazendas do prefeito Ari Basso, conseguia 200 sacas de bonificação por safra.  “Para ganhar isto, era preciso enfrentar uma jornada pesada durante o plantio e a colheita”, lembra.

O assentado faz uma previsão realista de produtividade (50 sacas por hectare). Se não houver nenhum contratempo climático, ele acredita que vai colher 450 sacas. Em outras safras, já chegou a colher 70 sacas. Além da soja, ele mantém 1 hectare de canteiros com  horta  irrigada. Chega a colher por semana 300 caixas de folhas (alface, rúcula, couve) que entrega e vende em Campo Grande. 

Com um financiamento de R$ 160 mil que vai buscar junto ao Banco do Brasil, pretende construir estufas (cada uma custa R$ 10 mil) e investir na produção de alface hidropônica que garante uma produção constante sem o risco de perdas por falta ou excesso de chuva.  

A poucos quilômetros dali, um vizinho de Valmir, Ademir Pedrosa, dono de um lote na região do Bafo no Eldorado, há cinco anos arrenda 9 dos 11 hectares para um fazendeiro com propriedade próxima, estender sua lavoura de soja. Como ainda não teve acesso ao Pronaf, ainda trabalha como pedreiro para complementar a renda da família. O dinheiro do arrendamento aplicou em  melhorias a casa e plantio de eucalipto.