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Sidrolandia

Audiência alerta para epidemia de dengue em 2016 e apresenta vacina

Cerca de 390 milhões de pessoas são infectadas por ano com o vírus da dengue, segundo dados da Organização Mundial de Saúde e por isso a doença é considerada caso de Saúde Pública.

Midiamax

12 de Novembro de 2015 - 08:39

Cerca de 390 milhões de pessoas são infectadas por ano com o vírus da dengue, segundo dados da Organização Mundial de Saúde e por isso a doença é considerada caso de Saúde Pública. Este foi um dos dados alarmantes apresentados na tarde desta quarta-feira (11/11) na audiência pública Estudos e Avanços no Controle da Epidemia da Dengue em Mato Grosso do Sul, proposta pela deputada e presidente da Comissão Permanente de Saúde da Assembleia Legislativa, Mara Caseiro (PTdoB).

“O crescimento da doença muito nos preocupa, pois sabemos que prevenir é melhor que remediar e queremos evitar mais mortes”, ressaltou Mara. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, 2015 já soma 31 mil notificações de dengue em todo o Estado e uma epidemia pode ocorrer no próximo ano. Ao todo 13 óbitos por dengue foram confirmados, sendo três em Dourados. Em 2014 foram nove mil casos e a última epidemia ocorreu em 2013, com 102 mil casos, segundo a Secretaria.

“É preciso mudar a cultura de responsabilizar apenas o Poder Público no combate da dengue. Não adianta saber como prevenir a proliferação do mosquito e não agir, pois é como ser hipertenso e reclamar pelo remédio sem agir cortando o sal. Uma epidemia só pode ser evitada se todos agirmos em conjunto”, alertou a superintendente estadual de Vigilância em Saúde, Ângela Cunha Castro Lopes.

A alta incidência de vetores foi constatada em 67 municípios de Mato Grosso do Sul e a Secretaria Estadual ainda alerta que uma mosquito fêmea infectada pelo vírus da dengue pode produzir mil ovos, sendo que eles resistem até 450 dias à espera de água para eclodir. Em 2013, Campo Grande atendeu cerca de 1.500 pacientes por dia nas Unidades Básicas de Saúde decorrentes da epidemia de dengue, segundo o secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca.

“Com estes atendimentos evitamos a ida de 48 mil pacientes para superlotar hospitais. Constatamos ainda que 38% dos pacientes de dengue eram oriundos do Centro da cidade, ou seja, não são os terrenos baldios que estão mal cuidados. Estamos correndo contra o tempo com as ações preventivas, com auxílio do Exército e autorizações do Tribunal de Justiça para obrigar as pessoas a colaborarem e abrirem as casas aos agentes de Saúde, para quando chegarmos nos período de chuvas de janeiro a abril a situação esteja controlada. Porém, uma epidemia é inevitável sem a ajuda da população”, argumentou Ivandro.

 Vacina A audiência também trouxe representantes da empresa Sanofi Pasteur, que desenvolveu a vacina contra a dengue após 20 anos de estudos e que aguarda liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a comercialização do produto em 2016.

“A vacina foi testada em 40 mil indivíduos voluntários, de nove meses a 60 anos de idade, em 15 países e constatou 65,6% de eficácia e 81% a menos de encaminhamentos para internações. Isso representa uma economia, visto que o doente deixa de ir trabalhar, gasta com transporte para procurar médico, gasta para se tratar e representa também menos superlotação em hospitais, consequentemente mais gastos públicos em Saúde”, resumiu a diretora médica da Sanofi Pasteur, Sheila Homsani. A empresa estima que os gastos com casos ambulatoriais somam R$ 1.2 bilhão por ano com dengue. O custo da vacina ainda não foi definido, mas foi prometido que ela será viabilizada tanto para a rede pública quanto para a rede privada e deve ser aplicada em três doses, com intervalos de seis meses entre cada uma.

Os pacientes voluntários que receberam as doses estão sendo acompanhados semanalmente até 2018 e ao todo 560 pessoas foram dedicadas à criação da vacina, que comprovou resultados para os quatro tipos de vírus da dengue existentes. A vacina é composta por estes quatro vírus atenuados combinados com a vacina da febre amarela. “Não descobrimos a solução total para doença, mas a contribuição. A dengue só deixará de existir quando todos conscientizarem que é necessário fazer sua parte no combate”, finalizou Sheila.

Saiba mais Segundo o Ministério da Saúde, a dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, ao picar o homem.  A primeira manifestação da dengue é a febre alta (39° a 40°C) de início abrupto que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e prurido cutâneo. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. O tratamento deve ser indicado por um médico.

O Aedes aegypti também é responsável pela transmissão de chikungunya, zika vírus e febre amarela. Estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ainda revelam que há um  vetor secundário do vírus do dengue, o Aedes albopictus, também transmissor das outras três doenças. A prevenção da proliferação do mosquito deve ser feita com: o descarte correto de lixos, em sacolas fechadas; evitar água parada em vasos de plantas, colocando areia; limpar a bandeja de ar condicionado; lacrar caixas d’água; remover sujeiras de calhas; lavar recipientes de águas de animais e trocar a água todos os dias; guardar pneus em locais cobertos, entre outros.