Sidrolandia
Cansados de esperar venda, ex-funcionários planejam invadir Usina Santa Olinda
A ocupação poderia atrapalhar as negociações com os grupos interessados em comprar a empresa de José Pessoa Bisneto.
Flávio Paes/Região News
05 de Fevereiro de 2014 - 08:00
Foto: Paula Lucia/Região News
Reunião no Sindicato dos trabalhadores rurais
Representantes de um grupo de 600 ex-funcionários da Usina Santa Olinda, fechada desde junho do ano passado, estiveram nesta terça-feira no Sindicato dos Trabalhadores Rurais e deixaram claro: os trabalhadores demitidos há sete meses e que até agora não receberam nenhum centavo dos salários atrasados e de rescisão contratual, estão cansados de esperar e como a maioria só tem mais um mês de seguro-desemprego para receber, estão dispostos a invadir o complexo industrial e permanecer nos barracos já erguidos lá dentro.
Uma das propostas é cobrar
do Governo Federal a desapropriação da área para ser transformada em
assentamento. Em outubro do ano passado eles ensaiaram montar acampamento
nos 6.200 hectares da área de lavoura de cana de açúcar da empresa, mas recuaram
diante do pedido da secretária Estadual de Produção, Tereza Cristina Correa da
Costa.
A ocupação poderia
atrapalhar as negociações com os grupos interessados em comprar a empresa de
José Pessoa Bisneto. A cana foi vendida e mesmo com o compromisso firmado com
o Ministério Público do Trabalho, de que a metade da renda obtida seria usada
para pagar nossos direitos, não recebemos nada. Não resta mais nada da lavoura
de cana com aproveitamento, pelo contrário, uma área de 270 hectares foi
arrendada para o plantio de soja, relata Artur Machado da Silva, um dos
líderes do grupo que esteve no Sindicato.
Depois de 13 anos como
coordenador de mecânica, Artur foi demitido ano passado. Só em salários
atrasados, férias e 13º salário atrasado, têm mais de R$ 46 mil para receber,
fora o FGTS e a multa rescisória de 40%. Estão sobrevivendo com os R$ 1.200,00
das parcelas do seguro desemprego, que terminam neste mês. Foi um baque
para quem tinha uma renda de R$ 6 mil. As contas estão em atraso, inclusive a
prestação do carro, conta.
A cada mês que a situação
não se resolve é cada vez maior a migração de Quebra Coco. As pessoas estão
indo embora, muitas delas deixaram para trás tudo o que elas construíram
na vida inteira. Ano passado, a escola tinha 380 alunos, agora, só se
matricularam 250, conta.
A presidente do Sindicato,
Rosa Marques e os advogados Pedro Mauro de Arruda e Fabiana Brito, aconselharam
os trabalhadores a não levar adiante o plano de invadir a usina. O Governo do
Estado esta empenhado em intermediar a venda da usina, que é a única
alternativa para tirar o Distrito de Quebra Coco do marasmo e garantir a eles o
emprego de volta, acredita a sindicalista.
Caso a negociação não dê
certo, invadir a propriedade, na opinião de dona Rosa, atrapalharia uma possível
desapropriação para reforma agrária.