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Sidrolandia

Cardeais conservadores desafiam papa sobre divorciados

Os cardeais escreveram uma carta para Franscisco em setembro com os questionamentos, mas afirmam que foram a público porque a carta não foi respondida.

VEJA

14 de Novembro de 2016 - 15:14

Quatro cardeais conservadores católicos fizeram um raro desafio público ao papa Francisco nesta segunda-feira ao acusar o pontífice de semear confusão a respeito de temas morais importantes. Os cardeais escreveram uma carta para Franscisco em setembro com os questionamentos, mas afirmam que foram a público porque a carta não foi respondida.

Estão em questão alguns dos ensinamentos da encíclica de 260 páginas “Amoris Laetitia” (A Alegria do Amor), documento que é um pilar da tentativa de Francisco de tornar a igreja de 1,2 bilhão de católicos mais inclusiva e menos condenatória. No documento, emitido em abril, ele pede que a igreja seja menos rígida e mais compassiva com quaisquer membros “imperfeitos”, como aqueles que se divorciaram e voltaram a se casar, dizendo que “ninguém pode ser condenado para sempre”.

A maioria dos críticos a Francisco se concentrou no que a carta papal disse sobre a reintegração plena à igreja de membros que se divorciam e voltam a se casar em cerimônias civis. “Nós, abaixo assinados, e também muitos bispos e sacerdotes, temos recebido inúmeros pedidos de fiéis sobre a interpretação correta a dar o Capítulo VIII da Exortação”, escreveram os cardeais Joachim Meisner, Walter Brandmüller (ambos alemães), Raymond Burke (americano), Carlo Caffarra (italiano) e na sua carta de 19 de setembro.

Pela lei da igreja, eles não podem receber a comunhão a menos que se abstenham de sexo com os novos parceiros, pois seu primeiro casamento ainda é válido aos olhos da igreja – dessa forma, considera-se que eles estão vivendo em um estado pecaminoso de adultério.

Na encíclica, o papa pareceu se aliar aos progressistas que propuseram um “fórum interno” no qual um padre ou bispo decide em cada caso, conjuntamente com o indivíduo, se ele ou ela pode ser reintegrado plenamente e receber a comunhão.

O pontífice já se desentendeu com conservadores que temem que ele esteja enfraquecendo os ditames católicos referentes a temas morais, como a homossexualidade e o divórcio, enquanto se concentra em problemas sociais como a mudança climática e a desigualdade econômica.