Sidrolandia
Catadores formam associação e obtém permissão para separar e vender lixo reciclável
Nos próximos dois meses eles terão de constituir e legalizar a associação que funcionará em regime de cooperativa.
Flávio Paes/Região News
09 de Setembro de 2013 - 09:43
Foto: Franciane Trindade/Região News
Catares montam associação para separar e classificar o lixo em Sidrolândia
Um grupo de 12 catadores se uniu numa associação e obteve da Prefeitura de Sidrolândia permissão de uso para separar e comercializar o lixo reciclável coletado na cidade e despejado no lixão. O prefeito Ari Basso assinou decreto na semana passada em que concede por 60 dias aos catadores esta oportunidade de trabalho, com perspectiva de renovação, caso a ideia se mostre viável.
Nos próximos dois meses eles terão de constituir e legalizar a associação que funcionará em regime de cooperativa. Esta é a segunda tentativa da administração municipal de dar uma destinação econômica ao lixo reciclável. Em junho a Prefeitura autorizou o microempreendedor, Derci Martinelli, a explorar o serviço, com aproveitamento de funcionários contratados para limpeza pública no início do ano e que não tiveram seus contratos renovados.
O projeto não deu o resultado financeiro esperado e Martinelli foi forçado a vender um veículo para acertar com os catadores que havia recrutado com promessa de pagar um salário mínimo por mês. Desta vez a estratégia foi diferente. A Prefeitura autorizou os próprios catadores a separar, classificar e vender o material garimpado em meio ao lixo orgânico, além de dar a eles o lixo seco, coletado na cidade por um prestador de serviço contratado pelo município.
Os trabalhadores compraram com seus próprios recursos os equipamentos de segurança e um deles, Valdecir Antônio Florêncio, que será o presidente da Associação, vai emprestar uma prensa necessária a montagem dos fardos. Tudo será por nossa conta, inclusive o custo do frete do caminhão que levará o material para empresa em Campo Grande, onde será feita a venda, relata Sandra Lescano.
Mesmo com as dificuldades iniciais, ela está otimista com as chances de bom rendimento neste formato associativista. Ex-funcionária da Prefeitura, onde ganhava R$ 700,00 para trabalhar na limpeza, Sandra acredita que conseguirá ganhar o dobro quando a associação estiver organizada.
Todos os custos serão rateados e as sobras divididas conforme a produtividade de cada um. Conseguimos arrumar a esteira. O pessoal já está com bota, máscara, luvas, revela. A orientação é que cada um recolha a Previdência Social como autônomo. No grupo há catadores como Weverton Furtado Vargas, que resolveu deixar o emprego na Seara, onde ganhava R$ 700,00, para garimpar o lixo da cidade em busca de papelão, vidro, garrafas pet e latinhas de refrigerante e cerveja.
O serviço é duro. O mau-cheiro é forte, mas a gente acostuma, pelo menos a gente tem a chance de ganhar um pouco mais, avalia. Integram a Associação dos Catadores, além de Sandra, Weveron e Valdeir Antônio, Cirlei de Fátima Matos, Rosana Furtado Vargas, Tcharles Dhions Custódio Alves, Rodrigo Lescano, João Manuel dos Santos Flores, Denise Caroline Pires, Vera Lúcia Teodoro, Roni Vieira Cardoso e Darca Alves Custódio.
Na administração passada o lixo reciclável era explorado pela Solucon, que fazia a coleta, embora não fosse objeto da licitação da qual saiu vencedora para executar esse serviço. Isto gerou um inquérito por parte do Ministério Público que considerou a medida irregular. Chegou-se a calcular em R$ 10 mil o valor de mercado do material.