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Sidrolandia

Cinco anos após sequestro, Justiça leva mansões de traficante a leilão

O imóvel chegou a ser usado para festas patrocinadas por parentes de Jacaré, quando já estava nas mãos da Justiça, em 2008.

Campo Grande News

24 de Outubro de 2015 - 08:53

Confiscados pela Justiça em 2010, sobrados de um condomínio que pertenceu ao traficante conhecido como João Jacaré vão a leilão na próxima quinta-feira (29), em Campo Grande. Um dos imóveis já foi vendido no primeiro certame. O conjunto deve render cerca de R$ 1,8 milhão, pois cada casa tem lance inicial de R$ 210 mil. Há outras três residências na cidade, avaliadas em cerca de R$ 1 milhão cada, que também serão colocados à venda, conforme o desenrolar do processo, segundo o juiz da 3ª Vara Federal, Odilon de Oliveira.

João Freitas de Carvalho é acusado de envolvimento no tráfico de cocaína da Bolívia para o Brasil, atuando como piloto, e de lavagem de dinheiro por meio dos bens, que incluem carros de luxo, jet ski e aeronave, já confiscados e vendidos. O acusado foi preso em 2003, mas fugiu depois de passar para o semiaberto e foi preso novamente, quando pilotava avião com maconha, na Argentina, em 2011. No entanto, não voltou para regime penitenciário brasileiro e pode estar até morto, segundo Odilon. “Há boatos de que ele já morreu assassinado ou em queda de avião, mas nada confirmado”, comentou.

Um dos bens que foram do traficante, avaliados em cerca de R$ 6 milhões no total, é uma casa de alto padrão no condomínio Nasa Park, em Campo Grande, que já foi leiloada. O imóvel chegou a ser usado para festas patrocinadas por parentes de Jacaré, quando já estava nas mãos da Justiça, em 2008. No fundo da piscina da casa, o traficante mandou colocar o desenho de um avião, o meio usado para ganhar dinheiro no mundo do crime.

Condomínio – Oito sobrados do residencial Gardênia, que fica na rua de mesmo nome, no Bairro Cidade Jardim, estão no leilão judicial que ocorre na próxima quinta-feira (29), às 9h, na Justiça Federal, no Parque dos Poderes. O condomínio fica próximo ao Parque das Nações Indígenas, região nobre da cidade.

Conforme a leiloeira, quem arrematar sobrado do residencial Gardênia deve dar sinal de 30% e a comissão da leiloeira, que é de 5% do valor total. O restante pode ser pago em 15 dias corridos ou parcelado em 12 vezes.

Os imóveis são administrados por uma empresa, contratada pela Justiça, que aluga e realiza os leilões. A compra de um desses bens não representa risco, de acordo com Odilon. “Quem compra não tem ônus nenhum e não tem como perder a casa. O leilão nunca é desfeito, porque o valor fica em lugar do bem. Se o acusado for absolvido no STF (Supremo Tribunal Federal), ele não recebe de volta o bem, ele recebe o dinheiro”, explica o juiz.

Temor - Morar na casa que pertenceu a um traficante não desperta medo nos interessados, pelo menos, não na Capital. Odilon conta que se desfazer de bens como esse é difícil ou até impossível, na região de fronteira. Quando isso ocorre, os prédios são cedidos para o poder público, como é o caso do quartel da Secretaria de Segurança Pública de Ponta Porã, cedido há mais de cinco anos.

“Já chegamos a vender dois imóveis em Ponta Porã, em que os compradores sofreram ameaça e foram despejados à bala. Mas tem um prazo para a pessoa contestar o leilão e teve caso em que mesmo depois desse prazo, eles conseguiram desfazer a compra e ter o dinheiro de volta”, conta Odilon, sem dar detalhes sobre os proprietários, que tiveram os bens sequestrados.