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Sidrolandia

Com 13 clínicos para os PSFs, Sidrolândia não adere ao programa federal “Mais Médicos

Hoje a cidade, segundo a secretária Ana Ascoli, está com assistência básica relativamente atendida, com 13 clínicos gerais

Flávio Paes/Região News

27 de Julho de 2013 - 09:30

A Prefeitura de Sidrolândia decidiu não aderir ao programa Mais Médicos para o Brasil que teve a primeira etapa da inscrição encerrada à meia noite da última quinta-feira. O foco do programa é atrair clínicos gerais, para ganhar R$ 10 mil pagos pelo Governo Federal, enquanto o município custearia alimentação e a moradia. O objetivo é preencher as vagas que eventualmente existirem nas equipes do Programa de Saúde da Famílias, responsáveis pela atenção básica.

A Secretaria Municipal de Saúde avaliou que ao invés de resolver, entrar no projeto poderia trazer um complicador adicional ao se estabelecer um tratamento diferenciando entre quem já está atuando na rede (contratado ou concursado) e aqueles que eventualmente aceitassem a proposta. 

Hoje a cidade, segundo a secretária Ana Ascoli, está com assistência básica relativamente atendida, com 13 clínicos gerais (quatro concursados e 9 contratados) que ganham salário de R$ 10 mil, o mesmo vencimento oferecido pelo Governo Federal. “Não teríamos como estender a eles o mesmo benefício concedido aos médicos de fora, ou seja, custear moradia e alimentação”, explica a secretária. Ela reconhece que este quadro atual de médicos ainda não permite disponibilizar consulta de segunda a sexta-feira, em todas as UBS (Unidades Básicas).

A médica do posto do Quebra Coco duas vezes por semana atende no Eldorado (sede). O distrito, em função do fechamento da Usina Santa Olinda, não teria condições de abrigar uma equipe de saúde da família já que tem 1.200 moradores, quando em média cada equipe de saúde da família deve atender 2.400 pessoas. 

 A secretária reconhece que o PSF do São Bento precisa do reforço de um segundo médico para atender a demanda da região que concentra praticamente metade da população urbana. A partir de agosto, a população do Eldorado que não tem a presença diária do médico, receberá o atendimento do Dr. Elcio.   

O grande desafio são as especialistas médicas, como cardiologia e ortopedia e atender a demanda represada das cirurgias eletivas. Com o reforço de um segundo especialista, hoje a Secretaria consegue disponibilizar 225 consultas ambulatoriais de ortopedia, mesmo assim, só há vagas para agendamento em outubro. Desde janeiro, a Secretaria recontratou todos os especialistas que haviam sido demitidos em outubro do ano passado, logo após a eleição: cirurgião geral, cardiologista, urologista. Há um oftalmologista concursado.

Mais médicos

Em Mato Grosso do Sul 45 municípios, incluindo Campo Grande, que equivalem a 57% do total de prefeituras do Estado, aderiram, ao programa Mais Médicos. O segundo mês de adesão terá início no dia 15 de agosto. Dourados, por exemplo, hoje com um quadro de 160 médicos que atuam na área de atenção básica solicitou 80 profissionais do programa. De acordo com o secretário de Saúde, Sebastião Nogueira, no município não falta médicos, mas sim profissionais que queiram trabalhar pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Haveria uma demanda por 217 médicos.

Ainda conforme o secretário, o salário oferecido é de R$ 1.920 por 20h semanais, acrescido de 100% de produtividade. “Se nós formos atendidos a demanda será suprida e o problema resolvido”, afirma.

Outro município que aderiu ao programa federal foi Chapadão do Sul, que solicitou 4 profissionais de saúde na área de ginecologia, clinica médica e pediatria. Mesmo com salários que variam de R$ 25 mil a R$ 30 mil, a cidade tem dificuldade em contratar profissionais na área de saúde.

A secretária de Saúde, Rosemary Barros, conta que hoje o município tem 11 médicos que atuam pelo SUS e há cinco meses procura pelo menos três profissionais para completar o quatro de funcionários.

“O salário é bom, mas o lugar distante dos grandes centros não favorece. A maioria dos médicos já está no mercado de trabalho e eles preferem morar nas cidades maiores, onde tem escola para os filhos e oportunidade de crescimento profissional”, diz.

O mesmo acontece em Paranhos, a 469 quilômetros de Campo Grande. Conforme o secretário de Saúde, Aldinar Ramos Dias, o município solicitou um médico ao programa para cobrir a vaga que está em aberto há pelo menos um ano.

Atualmente 4 médicos clínicos gerais atendem na atenção básica e os salários oferecidos são em torno de R$ 25 mil para quem trabalha em escala de plantão, 40h semanais e sábado e domingo faz plantão no único hospital do município. “Especialista aqui é um sonho distante”, diz Aldinar, acrescentando que pelo menos 12 pessoas são encaminhadas diariamente a Dourados para tratamento com especialista.

Os municípios que aderiram ao Programa foram: Amambai, Bandeirantes, Bodoquena, Bonito, Brasilândia, Campo Grande, Caracol, Chapadão do Sul, Corguinho, Coronel Sapucaia, Corumbá, Costa Rica, Coxim, Dois Irmãos do Buriti, Dourados, Figueirão, Glória de Dourados, Guia Lopes da Laguna, Iguatemi.

Também aderiram as cidades de Itaquiraí, Ivinhema, Japorã, Jaraguari, Jardim, Jateí, Ladário, Miranda, Mundo Novo, Nioaque, Paranaíba, Paranhos, Pedro Gomes, Ponta Porã, Porto Murtinho, Rio Brilhante, Rio Negro, Rio Verde de Mato Grosso, Rochedo, Santa Rita do Pardo, São Gabriel do Oeste, Selvíria, Sete Quedas, Sonora, Tacuru e Taquarussu.

No Brasil 3.511 municípios se inscreveram no Programa, o correspondente a 63% do total de prefeituras no país e a 92% das consideradas prioritárias. Ao todo, as cidades cadastradas solicitaram 15.460 médicos para atuar na atenção básica.

Polêmica – Logo depois de ser lançado, no dia 08 de julho, o programa recebeu inúmeras críticas por parte de médicos de todo o País. A maior reclamação está relacionada a vinda de médicos cubanos que, conforme o primeiro anúncio, não passariam pela prova de revalidação do diploma em terras tupiniquins. Depois de tamanha repercussão, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, garantiu que avaliação será aplicada.

Outro ponto questionado foi a exigência de que todos os estudantes de medicina, independente de a faculdade ser pública ou privada, terão que trabalhar de forma remunerada na rede pública de saúde por dois anos, antes de se formarem. Alguns profissionais também criticaram a bolsa ofertada pelo programa que prevê ajuda de custo de R$ 10 mil por mês, considerado um valor baixo para a profissão.