Sidrolandia
Corumbá pode estar vivendo período de pré-epidemia de dengue
A afirmação foi feita pela médica veterinária da Secretaria de Saúde, Viviane Ametlla.
Diário Online
03 de Janeiro de 2013 - 08:52
Com o aumento no índice de infestação predial do mosquito Aedes Aegypti (transmissor da dengue), Corumbá pode estar vivendo um período de pré-epidemia. A afirmação foi feita pela médica veterinária da Secretaria de Saúde, Viviane Ametlla. Ao contrário de dezembro de 2011, quando a cidade estava com uma incidência de 0,75 na semana epidemiológica 51, em 2012, a incidência foi de 4,67, seis vezes maior que o registrado no ano anterior. O índice foi registrado no período de 16 a 22 de dezembro.
"Até agora estamos mantendo um número de 2 a 3 notificações por semana, porém, o índice de infestação está alto, o que nos leva a crer que, daqui algum tempo, com mais mosquitos circulando, as notificações aumentem", comentou Ametlla ao lembrar a inserção de um novo sorotipo da doença, intitulado tipo IV.
Desde início do ano até a semana epidemiológica 51, a coordenadora diz que foram registradas cerca de 1.800 notificações, das quais, foram confirmados em torno de 400 casos. Ela comenta que esse número podia ser maior caso não fosse deflagrada a megaoperação de combate ao mosquito transmissor, que já recolheu grande quantidade de lixo que poderia se transformar em criadouros do mosquito em vários bairros da cidade.
Democrática
Viviane Ametlla afirmou que o grande problema ainda é a falta de colaboração da população. "Infelizmente, o maior número de focos está sendo encontrado dentro de residências. A gente lembra que a doença não distingue as pessoas, atinge toda classe social, ela é democrática", observou ao fazer um apelo para a limpeza de quintais e terrenos. A Prefeitura Municipal está fazendo essa limpeza em locais com acesso público e em terrenos baldios com a ajuda de militares do Exército, mas ela enfatiza a necessidade da ação do cidadão nessa mesma tarefa.
Sintomas Clássicos?
Com a presença da doença ano após ano, o diagnóstico da dengue, hoje, se tornou mais complicado, segundo afirmou o médico Émerson Ferreira Moreira. Ele explica que, independente dos sintomas, a melhor alternativa é sempre buscar atendimento médico.
"Na verdade, a gente não se apega mais àqueles sintomas clássicos de dengue, hoje é uma doença que tem várias formas de apresentação. O que a gente pede é que toda pessoa que tenha um quadro de febre, dor de cabeça, que procure o atendimento médico para que o profissional possa fazer o diagnóstico. Basta lembrar que apenas uma consulta não é suficiente para o próprio médico detectar a doença, são necessárias consultas contínuas, é necessário que a pessoa tenha a consciência do acompanhamento", explicou ao relatar situação que se tornou bastante corriqueira nos consultórios.
"Eu estou falando isso porque muitas vezes as pessoas vão ao Pronto-Socorro e perguntam: o que é que eu tenho?' e criou-se uma alcunha de virose e a pessoa sai muito decepcionada se perguntando que virose?'. Quando o médico quer dizer que uma pessoa tem virose, ele inclui uma gama de doenças virais que tem o mesmo sintoma: pode ser gripe, pode ser dengue, pode ser até febre amarela que é endêmica em nossa região, pode ser gastroenterite, pode ser várias coisas, então quando o médico diz que uma pessoa está com virose é porque não tem condições de determinar naquele momento qual doença que é", disse.
O médico ainda citou que vem percebendo em pacientes sintomas não muito conhecidos e que, em muitos casos, pode ser relacionado à dengue. Dois deles é vermelhidão e coceira intensa pelo corpo. "Tenho observado que as pessoas tem tido reações alérgicas, urticárias, aquele vermelhão no corpo, são sintomas bem aflorados e que pode ser dengue", diz ao comentar que, apesar do que o paciente apresenta como quadro clínico, a única forma de confirmação da doença é através de exame de sangue.
Automedicação, não!
O médico Émerson Moreira ainda lembrou que a automedicação é uma atitude bastante perigosa, já que nos casos de possível caso de dengue, certos medicamentos acabam piorando bastante o quadro do paciente.
"O mais importante é as pessoas evitarem a automedicação, principalmente, o uso de dicoflenaco, uso de ibuprofeno, que são de uso corrente da população, AAS Infantil, AAS adulto (ácido acetilsalicílico), e que, junto com um possível caso de dengue, acabam piorando a situação, podendo ser até fatal. As pessoas podem tomar dipirona, tylenol, mas se for lançar mão de outros medicamentos, devem procurar um médico e evitar essas medicações nesta época de verão", orientou.