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Sidrolandia

CPI da Saúde em MS visitou seis unidades de saúde da Capital nessa terça-feira

Após as visitas, os deputados decidiram que irão pedir uma série de documentos para a Secretaria Municipal de Saúde

Assessoria

23 de Julho de 2013 - 16:39

Os deputados estaduais, Amarildo Cruz (PT) e Junior Mochi, ambos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa, visitaram na manhã de hoje o Centro Regional de Saúde Nova Bahia (Dr. Guinter Hans), Unidade Básica de Saúde do Nova Bahia, a Unidade de Pronto Atendimento do Coronel Antonino (Dr. Walfrido Azambuja de Arruda), o Centro Regional de Saúde das Moreninhas III (Dr. Marcílio de Oliveira Lima), o Centro Regional de Saúde Aero Rancho (Dr. João Pereira da Rosa) e a Central de Rregulação do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência de Campo Grande (Samu). 

As visitas desta terça-feira fazem parte das ações de investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito da Saúde, que apura possíveis irregularidades nos repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) para 11 municípios de Mato Grosso do Sul. O primeiro local a ser visitado foi o Centro Regional de Saúde Nova Bahia (Dr. Guinter Hans). Os parlamentares chegaram à unidade às 6 horas da manhã e foram recebidos por funcionários do local.

Amarildo Cruz (PT) e Junior Mochi puderam conhecer toda a estrutura do Centro Regional de Saúde Nova Bahia (Dr. Guinter Hans). Lá, foram comunicados sobre a falta de pediatras durante o dia, pouca estrutura para atender pacientes psiquiátricos e da ausência do monitor respiratório. 

Funcionários relataram aos deputados que 12 clínicos gerais atendem a população nos três períodos do dia, mas que o pediatra só trabalha no local durante à noite. Já na Unidade Básica de Saúde do Nova Bahia, que fica no mesmo prédio do Centro Regional de Saúde Nova Bahia, os parlamentares constataram que o atendimento está sendo feito por apenas duas enfermeiras e somente no período diurno.

Depois os deputados Amarildo Cruz e Junior Mochi foram à Unidade de Pronto Atendimento do Coronel Antonino (Dr. Walfrido Azambuja de Arruda), onde encontraram uma realidade totalmente diferente. Lá, foram informados que o local conta diariamente com 7 clínicos gerais e cinco pediatras, que atendem mais de mil pessoas todos os dias.

Porém, conforme os funcionários da Unidade de Pronto Atendimento do Coronel Antonino, apesar do bom número de profissionais, o local precisaria de mais médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. A UPA possui equipamentos novos, que inclusive possibilitam a realização de exames de raio-x e de ultrassom. O único problema constatado nessa visita foi de que médicos deixam a unidade na sexta-feira à tarde para fazer curso preparatório para passar na residência médica.

Em seguida, os parlamentares foram ao Centro Regional de Saúde das Moreninhas III (Dr. Marcílio de Oliveira Lima), onde encontraram uma situação caótica, pois o prédio é bastante antigo e oferece poucas condições para o atendimento médico dos moradores da região. Foi constatado que os pediatras atendem apenas de segunda a quinta-feira e que o atendimento aos pacientes psiquiátricos está comprometido.

Também foi constatado pelos parlamentares que as pessoas são obrigadas a aguardar o atendimento na área externa da unidade, ficando desta forma expostas ao vento e as baixas temperaturas, como aconteceu na manhã de hoje. Além disso, os deputados foram informados pelos funcionários do Centro Regional de Saúde das Moreninhas III que o local não recebe investimentos porque as autoridades alegam que ao lado do prédio está sendo concluída a Unidade de Pronto Atendimento das Moreninhas.

Diante do exposto, Amarildo Cruz e Junior Mochi foram conhecer a estrutura da UPA das Moreninhas e ficaram surpresos com o que viram. O local é um grande prédio que inclusive poderia virar um hospital, mas que está completamente vazio e já em processo inicial de degradação. Os dois deputados decidiram, então, solicitar explicações à Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande sobre os motivos pelos quais a UPA ainda não está funcionando, uma vez que a obra já deveria ter sido entregue à população há pelo menos um ano.

Logo em seguida, os integrantes da CPI da Saúde em MS foram conhecer a Central de Regulação do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência de Campo Grande, pois havia denúncias de sucateamento de viaturas do Samu. Porém, ficou comprovado que a estrutura e as viaturas do Samu estão em ótimas condições.

O coordenador do Samu em Campo Grande, Luiz Antonio Moreira da Costa, afirmou aos deputados que hoje a frota na Capital é de 20 viaturas. “Sete deles ficam de reserva para substituir alguma que possa apresentar problema mecânico. Atendemos em médicas 200 pessoas por dia. O plantão diário conta com 7 médicos, cinco enfermeiros, 10 técnicos de enfermagem e 13 motoristas, explicou, ressaltando que o Samu de Campo Grande também atende nos municípios de Sidrolândia, Terenos e Ribas do Rio Pardo.

Por fim, os deputados foram conhecer o Centro Regional de Saúde Aero Rancho (Dr. João Pereira da Rosa). Funcionários relataram aos deputados que o local está com falta de colchões para atender pacientes e para o repouso dos profissionais que lá trabalham, além de problemas com janelas emperradas, buracos de aparelhos de ar-condicionado que não foram tampados, colchões estragados jogados no pátio e que deveriam ter sido recolhidos pela Prefeitura Municipal.

Todavia, um dos maiores problemas é a falta de equipamento desfibrilador --o aparelho da unidade estragou, foi mandado para conserto e até hoje não retornou. Atualmente, a unidade trabalha com um desfibrilador emprestado – e falta do aparelho de otoscópio. 

A unidade sofre também com a falta de pediatras. O serviço médico só é oferecido de quinta-feira a domingo, no período noturno. Os servidores também reclamam da comida fornecida pela empresa contratada pela Prefeitura Municipal. Eles alegam que para ter uma alimentação de qualidade precisam comprar marmita e pagar do seu próprio bolso.

Após as visitas, os deputados decidiram que irão pedir uma série de documentos para a Secretaria Municipal de Saúde, entre eles os que comprovam as escalas dos médicos nos postos de saúde, informações sobre equipamentos, sobre a falta de colchões e relacionados a UPA das Moreninhas.

Para o deputado Amarildo Cruz, presidente da CPI da Saúde em MS, as visitas de hoje foram bastante satisfatórias. “Nós conseguimos ouvir os funcionários das unidades de saúde e os usuários do sistema de saúde. Constatamos uma série de problemas que farão parte do nosso relatório. Queremos saber o que pode ser mudado para melhorar o atendimento à população. A CPI quer apontar algumas sugestões de mudanças para o nosso Estado”, comentou.

Segundo Amarildo Cruz, os problemas identificados hoje são praticamente os mesmos em todas as unidades de saúde visitadas. “A falta de pediatras ocorre em praticamente todas as unidades. Vamos propor mudanças na escala de trabalho para fazer uma melhor distribuição desses profissionais. Queremos mais médicos para atender a população”, finalizou.

Já o relator da CPI da Saúde em MS, Junior Mochi, disse que as visitas foram necessárias porque só assim os parlamentares têm condições de conhecer melhor o atendimento que está sendo oferecido nos postos de saúde. “É só desta maneira que é possível conhecer realidades diferentes dentro da mesma estrutura de saúde. Temos que elogiar o Samu e a UPA da Coronel Antonino, mas por outro lado temos que lamentar pelas condições do Centro Regional de Saúde das Moreninhas”, falou.

Em relação à obra da UPA das Moreninhas que está parada, Junior Mochi disse que quem sai perdendo com isso é a população. “Uma grande construção que está sem finalização. Vamos fazer esse questionamento à Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande. A obra está parada e hoje vimos pessoas precisando de ajuda que estão se sujeitando passar frio em frente à unidade de saúde para conseguir um atendimento médico”, pontuou. 

CPI da Saúde em MS

A CPI da Saúde em MS foi criada no dia 23 de maio deste ano e já colheu depoimentos da ex-secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobashi, do secretário municipal de Saúde de Campo Grande, Ivandro Fonseca, do presidente da Santa Casa da Capital, Wilson Teslenco, dos ex-diretores do Hospital Universitário, José Carlos Dorsa, e do Hospital Regional de Campo Grande, Ronaldo Perches Queiroz.

Também foram ouvidos pelos parlamentares os ex-integrantes da Junta Interventora da Santa Casa de Campo Grande, Antonio Lastória, Nilo Sérgio Laureano Leme e Issan Moussa, além de gestores e conselheiros municipais de saúde nas cidades de Dourados, Coxim e Aquidauana.

Os parlamentares querem saber como estão sendo feitos os repasses dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) para unidades hospitalares de Campo Grande, Corumbá, Paranaíba, Dourados, Três Lagoas, Jardim, Coxim, Aquidauana, Nova Andradina, Ponta Porã e Naviraí. A investigação apura os repasses e convênios feitos nesses municípios nos últimos cinco anos.

A CPI tem 120 dias para apurar as possíveis irregularidades, podendo ser prorrogada por mais dois meses. Para ajudar no trabalho de investigação, os deputados decidiram criar o e-mail [email protected] para que as pessoas possam denunciar irregularidades nas unidades hospitalares. Também foi criada a fan pag CPI da Saúde em MS (https://www.facebook.com/cpidasaudeemms).

As pessoas podem assistir as oitivas de Campo Grande ao vivo no link (http://www.al.ms.gov.br/Default.aspx?alias=www.al.ms.gov.br/tvassembleia). Além disso, no canal de comunicação os internautas podem conferir matérias sobre os trabalhos da Comissão e reprises das oitivas da CPI da Saúde em MS realizadas em todo o Estado.

As reuniões ordinárias acontecem todas as segundas-feiras, sempre às 14 horas, e também podem ser assistidas ao vivo pela Tv Assembleia, em Campo Grande pelo Canal 9, em Dourados pelo Canal 9, e em Naviraí pelo Canal 44. Todas as oitivas realizadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito podem ser assistidas, ainda, no Youtube, no canal cpidasaudeemms.

A CPI é composta pelos deputados Amarildo Cruz - presidente, Lauro Davi (PSB) - vice-presidente, Junior Mochi (PMDB) - relator, Mauricio Picarelli (PMDB) - vice-relator e Onevan de Matos (PSDB) – membro.