Sidrolandia
Criança sofre sem atendimento para doença raríssima na região de fronteira em MS
Ainda de acordo com a dermatologista, o tratamento é fundamental, para que o quadro não evolua para algo mais grave, como uma infecção.
Midiamax
04 de Setembro de 2013 - 13:25
Um menino de 4 anos, identificado apenas como Sérgio, está refém das consequências de uma doença dermatológica por conta da falta de atendimento médico. O caso acontece na Linha Internacional, entre o município de Coronel Sapucaia e Capitan Bado, no Paraguai.
A doença, conhecida popularmente como Fogo Selvagem, é chamada cientificamente de Pênfigo, e caracteriza-se por fazer surgir no corpo inteiro bolhas que se rompem e criam feridas em carne viva, que se não forem devidamente tratadas, evoluem para uma situação grave, como infecções que podem até mesmo levar a morte.
Sérgio vive em um barraco de lona, numa área isolada na fronteira, conhecida como Terra de Ninguém, próximo a MS-165, rodovia que liga Coronel Sapucaia a Paranhos, no quilômetro 4. O garoto mora com o pai e a mãe (ambos identificados apenas como Isidro, 25, e Noélia, 21), além do irmão, um bebê de cinco meses. Nenhum deles possui documentos de identificação.
É uma situação realmente degradante, que nos faz perguntar onde estão os direitos humanos que não estão ajudando pessoas em situações como essa. O menino chora o tempo todo, se coça muito por causa da doença, um sofrimento que dá agonia de ver, diz o Aristides Montania, diretor do Lar Cristo Redentor, que levou algumas doações de roupas e alimentos para a família após tomar conhecimento do caso.
Segundo Montania, a família (que teria origem em uma aldeia indígena do Paraguai) veio para o Brasil justamente em busca de atendimento para o filho, já que ele teria sido desenganado pelos médicos paraguaios. Eles vieram para tentar conseguir alguma ajuda aqui, mas não conseguiram e agora estão isolados, vivendo de doações, sem fonte de renda e sem atendimento médico para a criança, diz o diretor do Lar, que agora recolhe doações para tentar tirar a família do local, e também conseguir atendimento para o menino.
Estamos recolhendo doações, queremos conseguir uma casa para tirar eles de lá, porque não tem esgoto, não tem nada lá, é terrível a situação, ainda mais para aquela criança doente e para o bebê. Além disso, vamos ver se conseguimos atendimento para o menino em Campo Grande, não sei ainda, mas o importante é que as pessoas se solidarizem a nos ajudem a salvar aquela família, explicou Montania.
Segundo dermatologista, sem tratamento, quadro pode evoluir
Segundo a dermatologista Karla Sampaio, o Fogo Selvagem, ou Pênfigo, é uma doença genética bastante comum principalmente em Mato Grosso do Sul. Apesar de grave, pode ser controlada se for tratada adequadamente.
É endêmico no Brasil, e em Mato Grosso do Sul é comum. A doença é autoimune, ou seja, a pessoa desenvolve anticorpos que impedem a ligação de células da pele, e isso favorece a formação das bolhas, já que a pele fica vulnerável e se rompe formando as lesões. É uma doença geneticamente determinada, mas tem tratamento, explicou Karla.
Ainda de acordo com a dermatologista, o tratamento é fundamental, para que o quadro não evolua para algo mais grave, como uma infecção.
Requer cuidados, porque se não houver um acompanhamento adequado, pode evoluir para um quadro grave, e até mesmo a óbito. Mas é importante dizer que há o tratamento. Neste caso [do menino Sérgio] a criança deveria ser imediatamente internada para que seja diagnosticado exatamente o tipo da doença, e seja feito o tratamento para controle, finalizou Karla.
Doações
O Lar Cristo Redentor funciona há pelo menos seis anos atendendo pessoas carentes e necessitadas na região de Coronel Sapucaia, segundo informação do diretor da casa. Quem quiser ajudar com doações, pode fazer contato por meio dos telefones (67) 99529070 / 99494019 (falar com Aristides Montania).