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Sidrolandia

Dilma chega em vantagem ao 2º turno e Serra tem obstáculos para “virada

O segundo turno ocorreu graças à votação obtida por Marina Silva (PV), que conseguiu votos de 19% do eleitorado

R7

04 de Outubro de 2010 - 07:35

Após receber quase 47% dos votos e ficar em primeiro lugar na votação presidencial deste domingo (3), a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, enfrentará o segundo turno das eleições com a vantagem de ter conseguido se mostrar aos eleitores como continuadora do atual governo.

Já para o tucano, que tentará “virar” nas urnas o resultado no próximo dia 31, a “missão” é mais difícil do que ele pensa, avaliam analistas ouvidos sobre os cenários da segunda fase da disputa pelo Planalto.

Na votação deste domingo (3), Dilma obteve 14,5 milhões de votos a mais do que Serra, que teve pouco mais de 32% dos votos. O segundo turno ocorreu graças à votação obtida por Marina Silva (PV), que conseguiu votos de 19% do eleitorado.

Enquanto Serra deve encarar essa etapa da disputa como uma “segunda chance”, a campanha petista não deve sofrer grandes alterações em relação ao primeiro turno.

Isso porque, na avaliação dos especialistas, Dilma foi “feliz” ao se apresentar ao eleitor como a opção da “continuidade” do governo Lula, estratégia que deve ser mantida agora, como explica o cientista político Carlos Ranulfo, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

- A maior explicação [para o crescimento de Dilma] foi o fator governo. [...] A Dilma representa uma continuidade de governo Lula.

Apesar de ter crescido graças, em grande parte, à popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à boa avaliação do governo, Dilma conseguiu construir uma “imagem própria” ao longo da campanha, avalia cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos).

- O Lula teve um desempenho brilhante na medida em que conseguiu transferir para ela, em votos, sua popularidade. [...] Mas para chegar nesse nível, para conseguir se eleger no primeiro turno, ela teve um crescimento próprio. Ela se construiu nesse período, ela cresceu muito.

Desafios de Serra

Nesta etapa, a campanha de Serra deverá tentar superar a “sucessão de erros” obtida ao longo da campanha. A começar pela demora em escolher um vice, o que gerou um mal-estar com os demais partidos da coligação, lembra Maria do Socorro.

- Foram tantos erros. [...] Mas a escolha do vice foi crucial, porque quebrou dentro da própria campanha os apoios em torno da candidatura de Serra.

Sem conseguir convencer o ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB) para compor a chapa com Serra, a campanha acabou optando pelo deputado federal Indio da Costa (DEM-RJ), no final de junho. A demora na escolha, porém, gerou cobranças por parte de outros partidos coligados, como o PTB.

O desafio agora, diz a especialista da Ufscar, é conseguir voltar a motivar os aliados, já que, no primeiro turno, o próprio Roberto Jefferson (presidente do PTB,) declarou que votaria em Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).

Outra tarefa que o tucano precisa enfrentar é em relação às propostas. Para Celso Roma, do Cedec (Centro de Estudos da Cultura Contemporânea), a falta de um programa de governo – o tucano apresentou à Justiça Eleitoral apenas discursos – não contribuiu para exaltar suas qualidades como administrador.

- [Serra precisa fazer] Tudo que ele não fez no primeiro turno. Ser mais propositivo. Apresentar programa de governo com propostas concretas para resolver os problemas sociais e econômicos do país. [...] E reforçar a imagem dele de bom administrador.

Carlos Ranulfo diz que Serra precisa se apresentar como alguém da oposição, ao contrário do que fez até agora.

- Ele não foi coerente, ficou falando que não olhava para o passado, mas só falou do passado. Não defendeu o governo do Fernando Henrique Cardoso [ex-presidente, também do PSDB]. Ele não conseguiu se sair bem porque não conseguiu encarnar um projeto de oposição.

Mas talvez o maior desafio do tucano seja tentar conquistar o eleitorado de Marina, cujo crescimento na reta final impulsionou o segundo turno. Isso porque ainda não é possível avaliar se o eleitorado verde deve seguir o PSDB ou se deve migrar para a candidata do PT – partido de origem da ex-ministra do Meio Ambiente.

Os eleitores voltam para as urnas para escolher o próximo presidente da República no próximo dia 31.